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Resenha: Herdeiro do Jedi

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Título:Herdeiro do Jedi
Autor:Kevin Hearne
Editora: Aleph
ISBN: 9788576572978
Ano: 2016
Páginas: 320
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Sinopse:

A Guerra Civil Galáctica segue após a destruição da Estrela da Morte e Luke Skywalker se esforça para aprender mais sobre a Força sem a ajuda de Obi-Wan Kenobi – ou de fato sem nenhuma ajuda. Mas as poucas memórias que ele tem das instruções de Obi-Wan apontam a direção para um maior controle da Força, e ele é encorajado para perseguir isso por um novo amigo na Aliança. Quando Luke, R2-D2 e seu novo aliado recebem a missão de liberarem uma pessoa do Império e entregando-a em um planeta seguro onde ela pode ajudar a Aliança, a jornada deles pela galáxia é cheia de perigos – e oportunidades para Luke descobrir os mistérios da Força.

Resenha:

Quem já assistiu aos filmes Uma nova esperançae O Império contra-ataca percebe, sem muita dificuldade, um “furo” entre as obras cinematográficas. Há um leve amadurecimento de Luke, tanto psicologicamente quanto na Força, de um filme para o outro. A pergunta que os fãs sempre se fazem é: como aconteceu? Claro que universo expandido responde a essa pergunta. Contudo, chega o momento termos a resposta definitiva. Essa resposta está em Herdeiro do Jedi.

Após a destruição da Estrela da Morte, Luke passa a ser visto como um herói. Porém, ele sabe que não conseguiu tal ato heroico sozinho. Apesar de ser bom piloto e bom atirador, ele está ciente que seu feito foi graças à Força. Então, ele não se sente totalmente confortável com as honras que recebe e, principalmente, deseja fortalecer ainda mais seu lado Jedi. Contudo, como aprender a controlar a Força se não há quem o ensine?


Dentro desse cenário de insegurança e desejo de crescer do herói, uma missão cai em seus braços. Através dela, Luke deveria salvar alguém que o Império mantinha em suas duras garras. Contudo, não se tratava de uma pessoa qualquer, mas de uma givin – uma espécie que possui alto conhecimento matemático – que é uma slicer – hacker. Porém, pela grande importância que a givin tem para o império, ela estará bem guardada. Sabendo disso, Luke tem ciência que não poderá fazer o resgate sozinho. Para tal tentativa, ele contará com a ajuda de R2-D2 e de Nakari, uma atiradora de elite.
“Eu sei que a Força é real. Pude senti-la” (p. 18).
Partindo dessa premissa, Kevin Hearne cria uma boa explicação para o que acontece entre os episódios IV e V. Contudo, o seu grande diferencial das demais obras do cânone é: narração em primeira pessoa. Neste livro, é Luke quem narra os acontecimentos. Ou seja, estaremos em sua cabeça, entendendo seus anseios e dúvidas. Desta forma, o crescimento psicológico do personagem fica mais nítido, mas vívido para o leitor.

Outro ponto positivo da obra é o surgimento de duas fortes personagens femininas: Nakari e Drusil – a slicer given. Elas são personagens inteligentes e que quebram estereótipos femininos amplamente defendidos na literatura. Nakari, apesar de muito jovem, é forte, experimentada e uma guerreira nata. Ela possui um bom senso de estratégia e é uma atiradora eficaz. Drusil, por sua vez, é a personagem mais inteligente do livro. Com uma matemática intrínseca, ela consegue calcular instantaneamente estatísticas de chance de sucesso, mesmo com dezenas de variáveis. Ademais, é destemida e possui um forte senso de justiça.


Por fim, vale também destacar a forma ágil do desenvolvimento do livro. Apesar de criar personagens profundos, o autor sabe acelerar bem a obra. Isso se deve a narrativa fácil, descomplicada e direta. Ademais, As diversas batalhas e momentos de ação deixam o enredo alucinante, fazendo com que a leitura seja rápida.
“Eu nunca teria pensado em emoções sombrias como sedutoras, com um objetivo de conscientemente corromper alguém. Para mim, eram emoções desencadeadas por eventos que se faziam sentir intensamente e depois desapareciam, e não estados naturais do ser. Mas Obi-Wan provavelmente sabia do que estava falando e achei que era melhor não me arriscar a ignorar o aviso do exemplo de Vader” (p. 54).
Contudo, falta, em Herdeiro do Jedi, um pouco de equilíbrio. Por Star Wars ser claramente a luta de Império x Rebelião, Jedi x Sith, se o enredo não for bem trabalhado, muitas vezes caímos no puro maniqueísmo. Neste livro, em especial, faltou um personagem que fosse além daquele “totalmente bom” ou “totalmente ruim”. Faltou alguém dúbio, um que fosse mais humano, mais palpável. Mesmo que Luke tenha seus momentos de incerteza, ele ainda é idealizado demais. Falta um pouco de Darth Vader nele para que ele seja mais humano.

Quanto à parte física, não há o que reclamar. A capa é simplesmente primorosa, com um jogo de cores quase inigualável. Ela é, de longe, a mais bonita das capas brasileiras de Star Wars. A diagramação, por sua vez, também não deixa a desejar. Temos um trabalho bonito, confortável e que propicia uma boa leitura. Ademais, a revisão e tradução foram bem feitas.


Em suma, Herdeiro do Jedié um bom livro e cumpre a que se propõe.  Entende-se, através da obra, o processo de amadurecimento de Luke, tanto na Força quanto psicologicamente. Além disso, a inserção de personagens femininas não estereotipadas e a narração em primeira pessoa são bons motivos para desbravar a obra. Recomendo!
“Não se trata de generalizações moralistas. Quando você é traído, nunca é por alguém parecido com Vader. A traição sempre vem envolta em um manto amigável. Foi uma das primeiras coisas que aprendi no Senado” (p. 72). 


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