Título: Na Teia do Morcego
Autor: Jorge Miguel Marinho
Editora: Gaivota
ISBN: 9788564816299
Ano: 2012
Páginas: 256
ISBN: 9788564816299
Ano: 2012
Páginas: 256
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Sinopse:
Se o herói desta inquietante narrativa é ou não o mesmo Batman das histórias em quadrinhos, este é o grande desafio para o leitor. Será que o conhecido Cavaleiro das Trevas se mudou para o centro de São Paulo e, por razões íntimas, não pretende retornar a Gotham City?
Resenha:
Se o Batman estivesse na sua cidade, isso seria bom ou não? Essa é a pergunta que alguns moradores da Consolação – São Paulo – começam a se fazer desde que um estranho mascarado começa a aparecer na cidade. Suas ações são suspeitas e confusas, o que causa estranhamento. As atividades criminosas diminuem, de certa forma, mas alguns comércios também perdem clientes. Pior, algumas pessoas acusam o Batman – seja ele o verdadeiro ou o falso – de cometer delitos.
Juntamente com o mistério do herói ou do louco que se veste de morcego, também temos a investigação da morte de Abigail. Após trabalhos, a polícia descobre que a queda que originou o óbito foi providenciada por alguém. Ou seja, temos um homicídio. O estranho problema é que na vizinhança, onde todos são moradores de bem, muitos parecem ter motivos para terem cometido o assassinado. A pergunta é: qual deles foi?
Quando um dos vizinhos suspeitos começa a investigar o ocorrido, coisas estranhas passam a acontecer. Os indícios parecem indicar para vários suspeitos. Pior, a história com o Batman fica ainda mais complexa. A pergunta é: será que o leitor vai conseguir unir essa teia de acontecimentos e tirar uma conclusão?
“Que história é essa de assassino, meu amigo? Logo você, o homem mais íntegro e delicado que já conheci? Decididamente a sua obsessão pelo halterofilismo, esporte de gente bruta e estúpida, começa a revelar sérios prejuízos emocionais” (p. 43).
Partindo dessa premissa, Jorge Miguel Marinho cria uma obra inteligente e muito diferenciada. Um assassinato em São Paulo pode até ser comum na literatura; contudo, um onde o Batman esteja envolvido não é. O que, no princípio, parece uma loucura, no fim mostra-se a melhor forma de inovar dentro de uma trama aparentemente comum.
O autor também merece destaque pelo experimentalismo literário e estético que ele empreende na obra. Quanto ao primeiro, temos uma gama enorme de gêneros literários para compor a obra. Acompanhamos ligações, cartas, e-mail, bilhetes, notícias jornalísticas e outros. A partir dessa multiplicidade de estruturas, os pontos são interligados, dando maior dinamicidade à leitura e sentido ao enredo.
Em relação ao plano estético, há a tentativa de recriar os ambientes onde os gêneros literários são desenvolvidos. Para isso, a obra conta com folhas coloridas, páginas que simulam jornais, cartas que parecem escritas manualmente e muito mais. Isso deixa a leitura muito mais rica e envolvente.
“[Gazeta Meridional, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010] Batman reaparece na Consolação – Psicopata provoca festim diabólico durante a madrugada” (p. 32).
O livro também conta com um tom bem ameno, divertido, deixando toda a narrativa bem próxima da realidade. Marinho se preocupa ao máximo de passar verossimilhança em sua narrativa. Afinal, já que seu livro é destinado para leitores mais jovens, não há nada melhor do que mostrar que a literatura pode trabalhar problemas reais sem ser algo chato, e ainda partindo de algo voltado para a fantasia.
Quanto à parte física, eu só tenho elogios e não são poucos. A capa é chamativa e muito bonita. A diagramação é a mais bela que já encontrei em obras literárias; sem dúvidas, um espetáculo à parte. A revisão também está excelente, deixando a leitura ainda mais tranquila.
Desta forma, resta-me indicar Na Teia do Morcego. A obra de Jorge Miguel Marinho é inovadora e envolvente. Ademais, mesmo sendo uma trama juvenil, consegue prender leitores adultos com muita facilidade. Sem dúvidas, obra recomendada.
“Batman, um clarão nas trevas é a nota que nós estamos recebendo nesse instante da reportagem de São Paulo para o Jornal do País. O Cidadão Tristeza, que já se transformou em assunto nacional, voltou a chamar a atenção da opinião pública brasileira. Nos últimos dias, os jornais, as revistas, o rádio e a televisão perguntam: Quem é essa figura que se faz passar pelo super-herói das histórias em quadrinhos” (p. 212).