Título:A Guardiã de Histórias
Autora:V. E. Schwab
Editora:Bertrand Brasil
ISBN:9788528620566
Ano:2016
Páginas:322
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Sinopse:
Imagine um lugar onde, como livros, os mortos repousam em prateleiras. Cada corpo tem uma história para contar, uma vida disposta em imagens que apenas os Bibliotecários podem ler. Aqui, os mortos são chamados de Histórias, e o vasto domínio em que eles descansam é o Arquivo. Mackenzie Bishop é uma implacável Guardiã, cuja tarefa é impedir Histórias geralmente violentas de acordar e fugir do Arquivo. Naqueles domínios, os mortos jamais devem ser perturbados, mas alguém parece estar, deliberadamente, alterando Histórias e apagando seus trechos essenciais. A menos que Mac consiga juntar as peças restantes, o próprio Arquivo sofrerá as consequências.
Resenha:
Resenha escrita pela Thaís Snape
Conheci o livro por indicação da linda Shirley que trabalha no Marketing da Record e que já havia me recomendado outros títulos lindos. Eu estou simplesmente apaixonada e tocada por essa história e tentarei expressar nesta singela resenha o que achei.
Mackenzie Bishop sofreu uma grande perda em sua vida: a morte do seu irmão Ben. Após um ano de sua morte, ela e seus pais tentam ter uma rotina normal como antes, mas a verdade está estampada nos olhares e atitudes que tomam.
Tudo muda quando sua mãe resolve mudar de casa com o pretexto de que faria bem a eles e que seria uma aventura. Como Mackenzie é uma Guardiã de Histórias, ela é sensível a toques pois consegue perceber o que as pessoas estão sentindo e ainda consegue ver o passado através de objetos e rastros de lembranças deixadas nos lugares, assim ela consegue caçar as Histórias nos Estreitos. Porém uma delas guarda um grande mistério que a intriga e começa a mergulhar em um grande enigma que abalará sua vida.
Logo nas primeiras páginas me senti próxima e encantada com a estória que é narrada pela Mackenzie. Estava prevendo que iria amar o livro e que superaria minhas expectativas.
A mãe da Mac está com o espírito de mudanças, sempre variando entre profissões, no seu estilo de rotina e agora de casa; ao passo que seu pai fica concentrado em seus livros e trabalho, ao mesmo tempo tenta apoiar sua esposa em suas opções, mas Mac não consegue entender como eles conseguem esconder o sofrimento em máscaras de felicidades. A morte de Ben ainda é constante e recente que está começando ainda a ser superada e isso a amedronta porque tem medo de perder como era seu irmão, o modo que ele se comportava, se arrumava e a encantava. Eu acabei sentindo a dor da personagem e fiquei conectada, parecia que eu fazia parte dessa família.
“Deixamos lembranças nas coisas que amamos e guardamos, coisas que usamos a ponto de as deixarmos gastas.”
Mackenzie está se adaptando a sua nova casa e tentando se aproximar mais de seus pais, mas ser Guardiã não é uma tarefa fácil pois ela precisa mentir para aqueles que amam e evita o máximo possível de contato com as pessoas devido aos seus poderes. Sua mãe irá montar a Cafeteria Bishop e para conhecer mais os vizinhos do prédio, ela e Mac vão entregar bolinhos nos apartamentos e em um dos sete andares ela esbarra com Wesley, um garoto que usa delineador e veste-se de uma forma nada comum e depois desse encontro outros acontecem e surge uma inesperada amizade entre eles.
O que eu gostei na personagem é que sua narrativa é tão profunda e empática que fica impossível não sentir, imaginar e entrar na vida da nossa heroína. Kenzie é tão humana como nós, ela poderia ser eu, você ou qualquer um. A forma como descreve seus sentimentos, demonstra suas fraquezas e forças. É impressionante como ficava absorta em sua trajetória para resolver os mistérios e ia descobrindo uma intrínseca teia de mistérios e só sabia apenas a ponta do iceberg. De forma bela, intercala entre o presente e fragmentos de seu passado com seu avô Da, o responsável por torná-la Guardiã. A maioria dos capítulos tem essas lembranças tão lindas e importantes que mostra como ela conseguiu aprender a ser uma Guardiã e como ele foi importante em sua pouca vida, mesmo após quatro anos, ele ainda é presente em suas ações, quando lembra-se dos conselhos e aprendizados que teve.
Mesmo Da estando morto, a forma como ele é lembrado fraternal e carinhosamente, fez com que eu quisesse tê-lo como avô; não sei o que é ter um, mas com toda certeza queria que ele fosse como Da. A morte dos dois são constantemente relembradas de um jeito triste e ao mesmo tempo cativante e apaixonante. Você acaba sentindo a dor e a saudade que a personagem sente.
É uma narração bastante intensa. Mac é uma personagem muito introspectiva, não porque quer, mas por ser consequência de ser uma Guardiã. Você precisa despir-se e escolher ser outra pessoa no exterior.
“– Não vou conseguir sem você, Da.– Vai sim. Você precisa.– E se eu estragar tudo?– Ah, você vai. Vai estragar tudo, vai cometer erros, vai quebrar coisas. Algumas, vai conseguir consertar, e outras serão perdidas. Isso tudo é fato. Mas só há uma coisa que você pode fazer por mim.– O que é?– Continuar viva por tempo bastante para estragar tudo de novo.”
Intrigante, essa é a palavra que define o desenvolvimento da estória. Desde de como o mundo é divido em O Exterior, que é o mundo em que vivemos, Os Estreitos que são onde as Histórias que acordam ficam vagando e tentando encontrar uma saída e o Arquivo que é onde ficam os “corpos” dessas Histórias. Pode parecer um pouco confuso no início, mas toda pessoa que morre, seu passado, lembranças, sua História, ficam armazenas em gavetas no Arquivo, como uma Biblioteca que guarda livros, sendo que nesse contexto ela guarda Histórias – com H maiúsculo – que não são só o passado, são marcas, impressões, uma vida deixada por essas pessoas.
Todo Guardiã carrega dois itens importantes: uma folha de papel e uma chave. A folha de papel é onde recebem os nomes e idades das Histórias que acordaram e a chave é para abrir portas, isso mesmo, portas que levam às três divisões e ao Retorno – lugar onde retorna as Histórias para seus caixões e voltam a dormir. E em uma dessas caçadas, Kenzie encontra Owen Chris Clarke, uma História que não estava registrada em sua folha e isso a intriga, ainda mais quando ela descobre que esta tem relação direta com um assassinato que aconteceu há mais de cinquenta anos e que ninguém, aparentemente, sabe nada do que aconteceu.
Wes é um personagem divertido, charmoso e como ele diz “tem uma beleza estonteante” que não dá para resistir. Quando ele aparecia, já sabia que daria boas risadas. Assim como Mac, ele tem seus problemas familiares e os enfrenta da melhor forma possível. Era engraçado ler como ele conseguia mexer com a Mackenzie e isso a irritava e a divertia ao mesmo tempo; e esses dois ainda tem muita história e aventura para contar. Além dele, temos Owen que é oposto de Wes, ele é bastante sombrio, misterioso e enigmático, o que mexe bastante com a nossa heroína. Roland é outro personagem que chamou minha atenção: ele é bibliotecário e é quem mais ajuda Mackenzie, além disso, tem um papel fundamental na vida dela. Cada personagem tem sua personalidade que forma um enredo bastante agradável.
“Porque Da me mandou sempre confiar nos meus instintos. O estômago avisa quando a gente está com fome, ele dizia, e quando estamos doentes, e quando estamos certos ou errados. Vem de dentro. E algo lá dentro me diz que há um motivo para Owen estar aqui agora.”
A autora soube muito bem como explorar o enredo, intercalando entre o passado e o presente, entre obrigações e escolhas. Não apenas criou personagens cativantes, mas uma história rica em detalhes. É fascinante como se tornam os Guardiões, A Equipe, Os Bibliotecários e como foi construída todo esse cenário criativo. Achei bastante diferente a ideia do livro. Não focou em romance pelo contrário, o livro todo roda em torno da descoberta do enigma que a história possui e quando eu pensava que tinha descoberto sobre tudo, acontece uma reviravolta que eu nunca imaginaria. Nossa, como me senti bastante trouxa e impressionada; a Vitoria conseguiu me enganar direitinho. Pois quando os mistérios e perigos começam a se fundir, e o jogo de “Quem é o assassino?” fica mais intenso e Mac não pode confiar em ninguém além de Roland, que está a par de “quase” tudo que ela está fazendo.
O final foi reconfortante e eu enlouqueci quando estava chegando nas últimas páginas, pois o ápice dos mistérios finalmente tinha chegado. Quando fechei o livro, me senti inspirada, reconfortava, admirada e apaixonada. Eu não consegui deixar de pensar na história porque foi extremamente linda!!! E fiquei muito feliz e eufórica ao saber que a continuação sairá ainda esse ano.
A diagramação está perfeita, com letras grandes e confortáveis, com folha de pólen – que eu amo e minha vista agradece –, o que acaba proporcionando uma leitura prazerosa, pois a escrita é leve, ágil e extremamente voraz. Eu juro que tentei segurar o ritmo, mas não consegui e o li de uma vez e foi um dos melhores livros que li esse ano. Encontrei alguns erros de digitação, mas nada que prejudique o texto. E o que falar dessa capa? Achei tão bonita e graciosa, passa toda a essência que o livro tem.
Eu indico demais essa obra, se você gosta de histórias leves e rápidas, você irá gostar. Se você gosta de histórias cativantes, provavelmente irá amar como eu e indicará para todo mundo.
Prepare-se para torna-se um Guardião.