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Resenha: De volta a Blackbrick

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Título: De volta a Blackbrick
Autora: Sarah Moore Fitzgerald
Editora: Galera
ISBN: 9788501105837
Ano: 2016
Páginas: 240
Compre: Aqui

Sinopse:

Quando o avô de Cosmo, que sofre de Alzheimer, lhe dá uma chave e pede para que ele abra os portões da mansão de Blackbrick, Cosmo acha que ele pirou de vez. Mas ao abrir o portão ele descobre que abriu, na verdade, uma porta para o passado. E lá, encontra seu avô aos dezesseis anos. Ao participar da vida dele enquanto jovem, Cosmo acha que consegue alterar as memórias do avô no presente, e quem sabe mudar o decorrer da história. Um livro emocionante e sensível sobre o que é lembrar de alguém.

Resenha:

Resenha escrita por Thaís Snape.

Esse ano fiquei um longo tempo sem ler e confesso que desanimei um pouco, mas depois de várias tentativas de achar livros que conseguissem me prender, o ritmo de leitura está voltando ao normal ao encontrar livros maravilhosos e em sua maioria com mensagens lindas. E De volta a Blackbrick encaixa-se nesse caso: uma história tocante e irresistivelmente fofa. Quer saber como? Confira abaixo.

Cosmo é um menino determinado, fofo e teimoso; quando quer algo. não desiste facilmente. Possui aquela pura inocência que só crianças têm. Apesar de ser bastante rebelde, sua vontade e amor em querer ajudar seu avô ameniza um pouco essa rebeldia. Afinal, foi abandonado pela mãe, depois da morte do seu irmão Brian, e tem vivido desde então com seus avós, e recebe raramente a visitas de seu tio Ted; esses são motivos plausíveis para deixá-lo com um ressentimento e mágoa por esses parentes que se afastaram sem se importarem por seus sentimentos.
“Não podemos passar o tempo todo preocupados. Às vezes, temos que tirar uma folga das preocupações”.
A relação que Cosmo tem com seu avô Kevin é encantadora, aprendeu a ser um bom cavalariço e cavaleiro. Aprendeu os cuidados que deve ter com seu cavalo John, assim criavam uma rotina de cuidar dele e aprender outras lições. Mas, infelizmente esses momentos começaram a desaparecer quando o Alzheimer estava dominando Kevin a ponto de não se lembrar mais quem eram sua esposa e neto.


Determinado a ajudá-lo, Cosmo pesquisa métodos de cura na internet e começa a praticá-los. No início estava dando resultados, porém, com a chegada da assistente social, Dra.Sally, suas esperanças são colocadas à prova, pois ele corre o risco de perder seu avô para casa de repouso se ele não passar no próximo teste que ela aplicará muito em breve. Além disso, foi resolvido que enquanto isso Cosmo teria que morar com seu tio Ted. Imaginem como o menino sentiu-se arrasado e extremamente abalado. Ao se despedir de Kevin, porém, ele tem uma surpresa: em um surto de reminiscência, seu avô designa uma missão a Cosmo que pode ajudá-lo a recuperar suas memórias.
“ As pessoas atravessam fases, e muitas delas chegam do outro lado perfeitamente bem. Não acho que deva diminuir alguém só por ocasionalmente ficar confuso e ter que ser guiado até o banheiro.”

Sendo assim, o garoto recebeu uma chave e um nome: Blackbrick. Sem saber o que aquilo realmente significava, prometeu a seu avô que acharia o lugar, mas no fundo achava que era outra maluquice dele. E eis que Blackbrick existe e ao transpor os portões do lugar encontra com surpresa: seu avô com dezesseis anos. Suas esperanças, então, começam a aumentar com o pensamento de que realmente pode recuperar as memórias de Kevin.

Por ser ansioso, muitas vezes Cosmo teve atitudes precipitadas e que quase estragaram seus planos, mas no fim mostraram ser importantes. Mexer com o tempo é algo complexo demais, e todo cuidado é pouco, já que qualquer deslize poderia fazer Cosmo nunca existir. Atento a esses detalhes, o menino começa a criar uma amizade com Kevin e percebe muitos detalhes de sua vida que ele não conhecia, por exemplo: como ele conheceu sua avó, Deedee, como perdeu um dedo e como foi sua adolescência.


Blackbrick é um lugar religioso, e com pessoas da década de 40, ou seja, muitos costumes e pensamentos são diferentes e desconhecidos para Cosmo. O lugar é regido e governado por George Corporamore, um homem amargurado que perdeu seu filho Crispim muito cedo e ao decorrer da leitura mostra-se um ser mais desprezível do que pensei, um homem que acha que possui mais poder do que realmente tem e sua filha Cordélia, uma menina de onze anos, é alguém tão insuportável e mimada que dava raiva dos dois.

Nosso pequeno herói luta com persistência e perseverança para recuperar ao máximo informações que possam fazer seu avô do presente relembrar essas memórias. Com isso, fui percebendo várias características do jovem: é engraçado e muito gentil, o tipo de criança que você adoraria ter como irmão mais novo.
“ Não é tragedia que faz do mundo um lugar estressante – é a possibilidade da tragédia, e acho que era isso que me atormentava. Estar constantemente com medo de perder aquilo de que eu mais necessitava era exaustivo”.

Algo inesperado acontece, Kevin está apaixonado por Maggie e não Deedee. E confesso que ri em vários momentos quando Cosmo tentava com todo cuidado e ansiedade mostrar a seu avô que aquela garota não era para ele. No entanto, ao decorrer do tempo, Cosmo começa a gostar do jeito de Maggie, de seus traços, modo de falar e sua amabilidade com as pessoas ao seu redor e percebe que talvez não possa interferir na relação do casal apaixonado, mas algo inesperado e ruim acontece com a garota – diria até previsível – e sua afeição por ela e por Kevin torna-se grande ao ponto de não querer mais interferir no destino e querer quebrar a promessa que fez ao seu avô.


“ Não que cada uma das pessoas que você já encontrou na vida tenha a obrigação de reconhecê-lo. Desejar isso seria egoísmo. Mas há uma ou duas pessoas em nossa vida que deveriam sempre saber quem somos. É provável que a gente nunca entenda a importância disso até uma delas começar a nos esquecer”.

Parece que ficar no passado estava sendo bastante influenciador na vida de Cosmo, estava esquecendo seu real objetivo e descumprindo uma promessa ao mesmo tempo. Estava sendo bastante feliz ao lado de Maggie e Kevin; eles criaram uma verdadeira amizade e marcantes laços. Ensinou eles a ler, ajudou com as tarefas de Kevin em arrumar e cuidar de Blackbrick e a levar café à insuportável Cordélia, que com o tempo mostrará ser apenas uma criança que quer ter atenção e nos surpreenderá de um jeito emocionante no final.

Cosmo vai amadurecendo aos poucos e percebendo que, mesmo com tudo o que está acontecendo no presente, sente saudades e que os momentos ruins só mostram a força e amor que ele sente pela sua família, a falta e sofrimento que sua mãe faz e que ele nunca admitiu, o quanto foi duro com seu avô em alguns momentos, a quão estúpida e dolorosa foi a morte de seu irmãozinho. Viver no passado com a versão do seu avô é muito bom e contagiante, mas aquela realidade não é a que ele quer e alguém muito importante em sua vida está o esperando do outro lado do portão. 
“ Não sentimos a falta das pessoas com a mesma intensidade o tempo inteiro. Podemos passar dias, até semanas, sem pensar nelas, até que de repente, algo nos faz lembrar e é como se tivéssemos levado um tiro de tristeza no meio do rosto”.


Acabei ficando dividida junto com o personagem, o passado e presente são importantes para Cosmo. Sem aquelas memórias, ele não entenderia muitas coisas, como o amor e o valor de uma amizade, a ser forte e corajoso. Apesar de nunca ter tido um avô, parecia que eu tive um ao perceber e até sentir os sentimentos e carinho do garoto com Kevin, é emocionante só de lembrar os vários momentos que percebi isso.

De volta a Blackbrické um livro que terminei com facilidade e rapidamente, é uma história prazerosa de ler. Em uma tarde você finaliza o livro, porém, as reflexões e mensagens que ele passa deixam uma marca em nós. Ao escrever essa resenha, acabei tendo novas emoções e percepções da história. A autora tem uma narrativa tão cativante que ficou impossível não adorar os personagens e o enredo, parecia ser mais uma história previsível, mas que no fundo conseguiria arrancar suspiros e algumas lágrimas do leitor.

Adorei ler várias citações referentes a Doctor Who; sério, é muito legal ver autores escrevendo sobre essa série tão amada. Ri em vários momentos com o Cosmo se autointitulando um Senhor do Tempo.

Sensível, original e sublime, Sarah transformou uma simples premissa em algo tocante e inspirador. Falar do Alzheimer é complicado e um pouco triste, é uma doença que faz aqueles que amamos nos esquecer aos poucos e que é incurável, então o que  resta é lembrar das boas memórias, continuar amando essa pessoa e proporcionar os melhores momentos para essa pessoa.


“ Ninguém que já nos amou um dia parte inteiramente, e que aventura e descobertas nos aguardam em lugares inesperados, talvez principalmente durante os momentos de tristeza e dificuldade na vida.”

A Galera está de parabéns, fez uma capa linda e com toda a essência do livro, a diagramação está ótima, proporcionando uma leitura rápida e aconchegante. A tradução da Glenda D’Oliveira ficou impecável e condizente com a nossa linguagem. Ficou linda essa edição e principalmente essa capa que remete aos principais elementos do livro. 

Uma história original sobre amizade, memórias, amor, amizade e recheadas de lições. Se você gosta de livros assim, esse livro é para você.

Embarque nessa aventura e conheça BlackBrick.




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