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Resenha: A Guerra dos Mundos

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Título: A Guerra dos Mundos
Autor: H. G. Wells
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788556510099
Ano: 2016
Páginas: 296
Título: Aqui

Sinopse:

Eles vieram do espaço. Eles vieram de Marte. Com tripés biomecânicos gigantes, querem conquistar a Terra e manter os humanos como escravos. Nenhuma tecnologia terrestre parece ser capaz de conter a expansão do terror pelo planeta. É o começo da guerra mais importante da história. Como a humanidade poderá resistir à investida de um potencial bélico tão superior?
Publicado pela primeira vez em 1898, A guerra dos mundos aterrorizou e divertiu muitas gerações de leitores. Esta edição especial contém as ilustrações originais criadas em 1906 por Henrique Alvim Corrêa, brasileiro radicado na Bélgica. Conta também com um prefácio escrito por Braulio Tavares, uma introdução de Brian Aldiss, membro da H. G. Wells Society, e uma entrevista com H. G. Wells e o famoso cineasta Orson Welles responsável pelo sucesso radiofônico de A guerra dos mundos em 1938 , que fazem desta a edição definitiva para fãs de Wells.

Resenha:

A Guerra dos Mundosé um livro que marcou gerações e se mantém importante até a atualidade. Por ter sido pioneiro no assunto extraterrestre, acabou tornando-se a referência para quase tudo que veio depois, de Star Wars a outros filmes e livros mundialmente famosos. Apesar de ter uma estrutura muito mais simples do que os livros de ficção científica atuais, a obra continua mantendo o seu valor. Aliás, o leitor, para aproveitar o conteúdo do livro, não pode desbravar a obra anacronicamente. Caso ele espere encontrar os temas tratados de forma contemporânea e com o estilo de escrita atual, certamente se decepcionará.

O livro, narrado em primeira pessoa, como uma espécie de diário, relata a chega dos alienígenas em cápsulas. Uma a cada dia, essas cápsulas chegam à Terra e, depois de algum tempo, se abrem, para desembarque dos visitantes. Contudo, os marcianos não são amigáveis; com uma tecnologia bem superior à humana, eles começam uma luta desleal que resultará em muitas mortes e sangue derramado.


A premissa é simples, é verdade. Contudo, como já mencionado, o livro não pode ser lido anacronicamente. Quando se é um dos primeiros a desbravar um determinado gênero, tudo fica muito mais complexo. Para a época, o livro foi uma verdadeira revolução. Além disso, a obra também ganhava destaque, e ainda ganha, pela ambientação incrível. Para se ter ideia, Wells usou elementos da sua própria vida e vizinhança para compor a obra, abordando também os lugares onde morava e passeava, deixando tudo mais real e palpável.
“Ninguém teria acreditado, nos últimos anos do século XIX, que este mundo era atenta e minuciosamente observado por inteligências superiores à do homem e, no entanto, igualmente mortais; que, enquanto os homens se ocupavam de seus vários interesses, eram examinados e estudados, talvez com o mesmo zelo com que alguém munido de um microscópio examina as efêmeras criaturas que fervilham e se multiplicam numa gota d’água” (p. 45).
O fato de ser um livro narrado em primeira pessoa, em um relato bem pessoal, elimina consideravelmente as doses de ação e adrenalina que o livro poderia conter. Contudo, por outro lado, a obra ganha em profundidade, tanto da trama quanto do lado psicológico do protagonista e também dos personagens secundários. Aqui, ao invés de acompanharmos combates épicos pela sobrevivência, observamos uma luta mais individual, onde as preocupações e o assombro tomam o centro da trama.

Ademais, a obra contém uma série de críticas, umas mais sutis, outras nem tanto, sobre diversos temas, da religião à organização social. Aliás, o que é mais um avanço para a época, dado o ano em que o livro foi publicado originalmente. Nesse aspecto, mais uma vez Well provou-se estar muito à frente de seu tempo.


Quanto à parte física, a Suma de Letras preparou um trabalho do mesmo nível da obra. O livro conta com uma capa dura belíssima, além de uma diagramação primorosa. No interior, além de um bom trabalho gráfico, são encontradas ilustrações feitas em 1906, o que faz com que o leitor mergulhe ainda mais no universo criado pelo autor. A tradução está muito boa e, a revisão, quase perfeita, o que gera uma boa leitura.
“E a Coisa que então vi! Como descrevê-la? Um trípode monstruoso, mais alto do que muitas casas, alçando-se sobre os jovens pinheiros e esmagando-os em seu percurso; uma máquina ambulante de metal reluzente, avançando a largas passadas pela urze; cordas articuladas de aço pendiam das laterais, e o barulho estridente de sua passagem misturava-se ao estrondo de tempestade” (p. 112).
Em suma, A Guerra dos Mundoé um livro inteligente, bom e que merece destaque por ser um clássico. Apesar de, comparado ao que temos hoje, estar um patamar abaixo, deve ser olhado não com desconfiança, mas com precursor de todo um gênero.

Outras fotos:








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