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Resenha: Noturnos

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Título:Noturnos
Autor:John Connolly
Editora:Bertrand Brasil
ISBN:9788528616811
Ano:2016
Páginas:294
Compre:Aqui

Sinopse:

Crianças acreditam que monstros são reais. Adultos tentam convencê-las do contrário — ou de que, no final, eles sempre serão derrotados. Nesta que é sua primeira coletânea de contos, John Connolly escreve sobre os mundos infantil e adulto em confronto em dezesseis histórias absolutamente assombrosas, com ecos de alguns dos mestres do horror — M.R. James, Ray Bradbury, Stephen King —, mas sem abrir mão da voz única e inconfundível que o consagrou em O Livro das Coisas Perdidas. Amores perdidos, crianças desaparecidas, demônios predatórios e fantasmas vingativos são apenas alguns dos ingredientes que compõem esta imperdível antologia.

Resenha:

Resenha escrita pela Thaís Snape.

Depois de ler Psicose, estava eletrizada e sem saber o que fazer da minha vida, mas como vida de leitor não é fácil, parti para mais uma leitura rezando que fosse tão boa quanto a anterior ou que aliviasse um pouco a tensão que estava sentindo e o livro Noturnos, do John Connolly, cumpriu esse papel com muita facilidade. Ficou curioso? Confira abaixo.

Nas primeiras páginas fiquei um pouco desanimada com a leitura e deixei para lê-lo por último, e parece que foi obra do destino porque depois de Psicose, Noturnos era exatamente o livro que precisava. Não tinha muitas expectativas com os contos, mas quando comecei a ler o conto A Balada do Caubói Canceroso, fiquei extasiada e completamente fascinada pela história: com toda certeza foi o melhor conto de toda antologia. Ao terminar essa história, fiquei um pouco traumatizada e sem fôlego, tive que parar um pouco para digerir o que tinha acabado de ler; não era possível que o autor tivesse escrito o que li e ao mesmo tempo parecia tão real que li os outros contos em poucas horas. 

A Balada do Caubói Canceroso fala sobre uma pequena cidade cujo os habitantes estavam morrendo horrivelmente infectados por um estranho forasteiro. O que parecia ser uma simples história, ao longo da leitura estava deixando-me apreensiva e angustiada com a crueldade que a presença do estranho visitante estava fazendo com os habitantes de Easton. Sério, foi um conto que desencadeou principalmente raiva, apreensão, nojo e muita tensão.


São dezesseis contos no total e nem pareceu que li isso tudo, porque cada conto tinha sua singularidade, alguns mais assustadores ou mais chocantes ou até mais assombrosos. Em Noturnos, você encontrará criaturas cruéis, crianças que entenderam o porquê de palhaços darem medo, demônios justiceiros, fantasmas vingativos e monstros horripilantes. 

Outro conto que gostei foi O Ritual dos Ossos. Esse teve um final “feliz” em comparação com os outros, mas o nível de aflição que causou foi enorme. Um garoto pobre passou para estudar no colégio Montague que tem os melhores alunos com as famílias mais ricas da Grã-Bretanha, então Jenkins sentiu-se sortudo por ter conseguido essa chance dentre vários outros garotos da classe baixa, mas ao decorrer de sua estadia, percebeu que o sucesso daquele lugar provinha de outros métodos nada saudáveis. O que mais intrigou-me foi a forma que terminou a história, não acreditava que podia ter acabado daquela maneira. Acho que esse conto merecia uma continuação ou até um livro, porque eu preciso saber se a promessa do diretor Lovecraft foi cumprida e como foi.

A Sala da Caldeira foi uma leitura que, mesmo eu sabendo o final, não queria imaginar o fim do personagem. Achei genial a forma como o autor escreveu sobre os demônios justiceiros e o toque de terror e suspense equilibrados com maestria. Com toda certeza, seria o segundo melhor conto pelo modo como fiquei estarrecida depois da leitura e empolgada para ler as outras histórias.


Como são muitos contos e não posso falar de todos sem deixar a resenha cansativa, vou destacar outro conto que gostei e ficou entre meus favoritos: Crianças às vezes se perdem. Foi uma história abrasadora pelo simples fato de falar de algo que até então eu não tinha problemas, que eram os palhaços. Entretanto, a maneira com que o autor descreveu essas pessoas deixou-me um pouco intrigada, além de imaginá-los como seres assustadores, solitários e infelizes com o que fazem. Eu não esperava mesmo por aquele final, foi bastante surpreendente e até inteligente pelo jeito que Connolly interpretou essas pessoas. 

No geral, achei a obra inteligente, instigante e eletrizante. Não consegui largar o livro até terminá-lo. Só consegui dormir bem pelo cansaço mesmo, senão ficaria pensando sobre tudo que li até adormecer. São por esses livros que eu não tenho muitas expectativas e que no final surpreendem-me que continuo a apostar em Antologias e gêneros que não costumo ler. Vai que no final encontro uma história e personagens incríveis que valeram todas as horas que levei lendo? Então pessoal, apostem no desconhecido.

Se foram tantos elogios aos contos, devo parabenizar também a Bertrand Brasil pela confecção do livro que está simplesmente espetacular! Esse roxo junto com os detalhes em relevo deixaram a obra com ar assombroso e misterioso; ademais, a diagramação está excelente, com a revisão ótima, e a tradução do Ronaldo Passarinho primorosa.



Se você gosta de contos eletrizantes e recheados de suspense, não pode deixar de ler essa antologia que promete mexer com você de uma forma inimaginável.

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