A origem de nossa literatura é um ponto problemático, pois há diversos elementos que devem ser considerados, muitos deles que fogem do fazer literatura, como a área política, social e ideológica. Candido, em sua obra Formação da Literatura Brasileira, defende que a literatura em nossas terras começou, como sistema coeso, em 1750, com o surgimento das Academias dos Seletos e os primeiros trabalhos de Cláudio Manuel da Costa.
Esse posicionamento não é consenso, como muito bem aborda Haroldo de Campos, em seu livro O Sequestro do Barroco. Na referida obra, o autor mostra que autores excelentes, especialmente Gregório de Matos, ficaria fora da literatura brasileira, levando-se em consideração o pensamento anterior. Afinal, de acordo com Candido, o Barroco no Brasil foi apenas uma manifestação literária e não faz parte da literatura propriamente dita.
Outro autor proeminente, Alfredo Bosi, em seu História Concisa da Literatura Brasileira, prefere abordar a nossa literatura desde a “certidão de nascimento do Brasil”, a carta de Pero Vaz de Caminha. Apesar de deixar claro que esse é um texto português e não brasileiro.
Portanto, a origem da nossa literatura ainda é um tanto discutível, mas a sua importância não. A nossa literatura, seja como sistema, seja com manifestações literárias, teve papel decisivo na formação cultural do Brasil. Dada a importância, nesse mês, conheceremos um pouco mais dela, tanto os textos clássicos como os mais contemporâneos. Espero, assim, contribuir com a divulgação de um elemento tão importante para a coesão social.
Referências:
BOSI, Alfredo; História Concisa da Literatura Brasileira. 50. ed. São Paulo: Cultrix, 2015.
CAMPOS, Haroldo de; O Sequestro do Barroco na Formação da Literatura Brasileira: O Caso Gregório de Matos. São Paulo: Iluminuras, 2011.
CANDIDO, Antonio; Formação da Literatura Brasileira: Momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo. 1975. Vol. 1.
Alguns livros nacionais que merecem ser desbravados:
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