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Resenha: O Planeta dos Macacos

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Título: O Planeta dos Macacos
Autor: Pierre Boulle
ISBN: 9788576572138
Editora: Aleph
Ano: 2015
Páginas: 216
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Sinopse:

Em pouco tempo, os desbravadores do espaço descobrem a terrível verdade: nesse mundo, seus pares humanos não passam de bestas selvagens a serviço da espécie dominante... os macacos. Desde as primeiras páginas até o surpreendente final – ainda mais impactante que a famosa cena final do filme de 1968 –, O planeta dos macacos é um romance de tirar o fôlego, temperado com boa dose de sátira. Nele, Boulle revisita algumas das questões mais antigas da humanidade: O que define o homem? O que nos diferencia dos animais? Quem são os verdadeiros inimigos de nossa espécie? Publicado pela primeira vez em 1963, O planeta dos macacos, de Pierre Boulle, inspirou uma das mais bem-sucedidas franquias da história do cinema, tendo início no clássico de 1968, estrelado por Charlton Heston, passando por diversas sequências e chegando às adaptações cinematográficas mais recentes. Com milhões de exemplares vendidos ao redor do mundo, O planeta dos macacos é um dos maiores clássicos da ficção científica, imprescindível aos fãs de cultura pop.

Resenha:

Como eu já tinha assistido aos filmes da franquia O Planeta dos Macacos, eu já sabia, mais ou menos, o que esperar do enredo do livro. Porém, o que eu não imaginava era que a obra fosse me surpreender tanto e me ganhar com uma facilidade incrível. Motivo? O livro é diferente e muito melhor que os filmes!

Tudo começa quando um casal, ao fazer um passeio pelo espaço, encontra uma garrafa com um manuscrito dentro, boiando pelo cosmo. Curiosos, eles resolvem pegá-la e conferir o seu conteúdo. Porém, o texto lá escrito era quase inimaginável...


O manuscrito era redigido em primeira pessoa, por Ulysse, um jornalista, e narrava as aventuras dele e outros dois exploradores pelo espaço. Quando esse trio chega ao planeta Soror, eles ficam estupefatos com o seguinte fato: lá os humanos são meros animais com parca inteligência; quem comanda o planeta são os macacos. Os símios são altamente organizados; possuem ciência, moram em casas, tem sistemas políticos e se vestem como os humanos da Terra. Porém, o que ocorre em seguida ao descobrir sobre os macacos é que se torna ainda mais assustador...
“A exaltação propiciada por esse espetáculo é indescritível: uma estrela, ainda ontem um ponto brilhante em meio à miríade dos pontos anônimos do firmamento, destacou-se pouco a pouco do fundo negro, inscreveu-se no espaço com dimensão, aparecendo primeiro como uma noz resplandecente, depois se dilatou, ao mesmo tempo que a tonalidade acentuava-se para estabilizar num matriz alaranjado, integrando-se finalmente no cosmo com o mesmo diâmetro aparente do nosso familiar astro do dia. Um novo sol nascera para nós, um sol avermelhado, como o nosso em seu poente, cuja atração e calor já sentíamos” (p. 22).
O primeiro ponto que me chamou a atenção no livro foi a forma de escrita do autor. Diferente da ficção científica americana, com a qual estou acostumado, Boulle usa uma linguagem muito mais rica e trabalhada. As metáforas são bem mais abundantes e o autor esbanja nas descrições minuciosas que faz o leitor ver, com clareza, cada detalhe de onde o enredo transcorre. Não obstante, há outra grande diferença para as obras de ficção comuns: o número reduzido de diálogos até a metade da obra. Afinal, o narrador não consegue se comunir com os macacos de Soror, visto que não compreende a sua língua.

Outro aspecto muito interessante da obra, e também assustador, é a reflexão que ela causa. Afinal, em Soror, nós, os humanos, somos os animais irracionais. Nós somos usados para testes e temos partes arrancadas e manipuladas para o “bem da ciência”. Somos caçados como bichos, estripados e vistos como uma espécie burra e inútil. Isso faz com o que o leitor pense no caso de todos os animais que a ciência “mata” diariamente. Além disso, faz com que o leitor veja com outros olhos toda biodiversidade do planeta e que passe a entender que somos tão animais como todos os outros.


Porém, não só de críticas sobre o mundo se faz a obra. O autor soube escrever um livro inteligente e atrativo. A escrita é tão maravilhosa e agradável que é impossível desgarrar do exemplar. Eu li por horas seguidas sem perceber os minutos passarem. A cada página queria descobrir mais sobre esse novo mundo. E isso ocorre porque a obra é muito completa, pois nela encontra-se aventura, ficção científica, crítica social e até um romance bem interessante.
“Os macacos não são distribuídos em nações. O planeta inteiro é governado por um conselho de ministros, à frente do qual está um triunvirato, compreendendo um gorila, um orangotango e um chimpanzé. Ao lado desse governo, existe um Parlamento composto de três Câmaras: a dos gorilas, a dos orangotangos e a dos chimpanzés, cada uma dessas assembleias zelando pelo interesse de sua classe” (p. 103).
Se não bastasse todo o conteúdo da obra, que é genial, a editora Aleph ainda preparou uma edição incrível para os fãs. A capa está maravilhosa; a diagramação, linda e confortável e a tradução e revisão estão excelentes. Resumindo: temos o padrão de qualidade normal da editora, que é altíssimo.

Sendo assim, fica impossível não indicar o livro. Leiam, leiam, leiam! Tenho certeza que esse livro marcará vocês.


Adendo:Prepare-se para o final da obra. Ele é simplesmente... surpreendente, assustador e genial. Aliás, quem já leu, venha falar comigo. Preciso conversar com alguém sobre esse desfecho. rs



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