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Resenha: Golpe de Estado

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Título: Golpe de Estado
Autores: Palmério Dória e Mylton Severiano
ISBN: 9788581302706
Editora: Geração
Ano: 2015
Páginas: 266
Compre: Aqui

Sinopse:

A DITADURA DE 1964 ACABOU? O QUE NOS FICOU DAQUELES ANOS NEGROS? Este livro empolgante, que se lê de um fôlego, nos revela que a ditadura de 1964 estende seus tentáculos aos dias de hoje, quando parte da população, insuflada pela mídia, bate panelas e desfila nas ruas com palavras de ordem bem parecidas, disfarçadas pelo necessário combate à corrupção. A ditadura militar foi instaurada pela elite civil que usou os militares para impor sua vontade, e o preço que pagamos hoje é a educação sucateada, a violência policial crescente e as marchas reacionárias e desnorteadas, que protestam contra a volta de um sistema injusto e excludente. AS MARCAS DE 1964 NO PAÍS DE 51 ANOS DEPOIS. Você vai ler aqui, meio século depois do golpe militar, depoimentos reveladores (e comoventes) de quem viveu aquele tempo e reflete sobre os atos atrozes e sua herança, ainda capaz de dificultar a possibilidade de o Brasil – um dos maiores e mais ricos países do planeta – tornar-se autônomo e desenvolvido. DOIS JORNALISTAS QUE ESTIVERAM LÁ E EM MOMENTOS POSTERIORES DA MAIOR IMPORTÂNCIA… escreveram este relato contundente que, em 32 capítulos, condensa a memória assustadora e vívida de um período cujas sombras continuam a se estender sobre nós.

Resenha:

A ditadura militar, iniciada em 1964, acabou? A resposta lógica é sim; a realidade nos mostra isso. Vivemos em um regime democrático que ainda engatinha, mas que é democrático. Podemos votar, escolher os líderes, planejar o futuro com liberdade. Ou será que não é bem assim? Golpe de Estado propõe-se a mostrar como o espírito da ditadura ainda está vivo dentro do Brasil, impregnado em suas mais diversas instituições.

Partindo da ditadura militar, Palmério Dória e Mylton Severiano mostram mudanças ocorridas na sociedade e que se internalizaram, sendo mantidas até hoje. Não há um aprofundamento sobre todos os assuntos e mudanças no livro, há a apresentação, debate e é dado o caminho para quem quiser continuar a pesquisar tal vertente. É possível dizer que Golpe de Estadoé um livro abrangente e que visa trazer o primeiro contato do público com o estudo do período militar.


Dentre os diversos assuntos tratados na obra, os que mais chamaram a minha atenção e que serão trazidos para a presente resenha são: influência no jornalismo, educação, segurança pública e futebol. Porém, ressalto que estes não são todos os assuntos tratados, apenas alguns. Além disso, para ter uma visão mais completa sobre os tais, é necessário que se leia a obra.
“O Brasil também vive em estado de golpe permanente, hoje mantido pelos Grandes Irmãos da Mídia, o Judiciário e o Parlamento, em alucinada aprovação de pautas que nos devolvem em passo acelerado ao século XVIII. Como em outros tempos, esses poderes têm usado atos dessa natureza para dar marcha à ré na História” (p. 20).
Começando pelo jornalismo, a partir do regime militar, houve uma segmentação das áreas jornalísticas. Ou seja, passou a se ter a área de esporte, a de economia, a de política e etc. O objetivo era simples: diminuir os custos, evitar a comunição entre setores e, principalmente, evitar que subversivos se juntassem. Isso permanece até hoje, em maior ou menor escala, já que a redução de custos e o desejo de evitar rebeliões são interessantes ao capitalismo. Além disso, a censura acaba por fechar os pequenos jornais e incentiva a criação de grandes mídias, o que ajuda na manipulação de massa. O resultado é o que vemos hoje: grandes centros de mídias, como a Globo, que dominam a TV, o jornalismo impresso, editoras literárias, rádio e etc.

Por parte da educação, os autores nos apresentam o sucateamento das escolas, faculdades e centros educacionais. Como sou professor, isso já não era novidade para mim, mas é sempre interessante revisitar o assunto. O regime militar, apesar de aumentar o acesso à educação, diminui a verba aplicada. Ou seja: construíram-se escolas e faculdades, mas diminuíram o dinheiro investido. Aliás, houve momentos que foram banidos até o investimento mínimo na educação previsto na Constituição. O resultado está na cara de todos, basta olhar para os relatórios anuais divulgados pelo MEC. Além disso, o sistema de créditos, implantados na universidade, diminuiu a autonomia dos mestres e gerou enorme deficiência no ensino superior. Sistema esse que permanece até hoje.


Nas políticas públicas, o Brasil viveu a era da chibata. Tudo era reprimido com força, baseado na suposta necessidade de garantir a segurança nacional. A partir daí originou-se a consagração de lemas como “polícia boa é a que bate e mata” e “bandido bom é bandido morto”. Além disso, para que o sistema funcionasse, os militares criaram um inimigo nacional: os comunistas, os que comem criancinhas e que querem tomar a sua propriedade. Nem preciso dizer que esse pensamento foi perpetuado.
“Se dependesse de Roberto Marinho, filho e herdeiro de Irineu Marinho, que fundou O Globo, não sobraria sequer um neurônio de inteligência brasileira. A ditadura retribuiria transformando as Organizações Globo no mais poderoso conglomerado de informações e entretenimento do país” (p. 29).
Não para por aí; nem mesmo o futebol, chamado de paixão nacional, escapou ileso da ditadura. No período houve forte centralização, militares como técnicos da seleção nacional e valorização da força física. Menor ou menor, os efeitos são perceptíveis até hoje. Basta olhar para a CBF.

Outros assuntos, além dos acima mencionados, são tratados, com maior ou menor intensidade, como já dito, o que traz um enriquecimento informacional e histórico para o leitor. Porém, como sempre afirmo aqui no blog, o livro não pode e não deve ser levado como verdade absoluta. Contudo, ele é, sem dúvidas, um bom início para quem quer iniciar no assunto ou procurar um norte para seguir pesquisa.


Golpe de Estado, diante desses aspectos, é mais do que indicado para todos. Afinal, conhecer um pouco mais sobre a história do seu próprio país e entender as influências dela no seu cotidiano é essencial para se tornar um cidadão esclarecido.




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