Título: Magônia
Autora: Maria Dahvana Headley
Editora: Record
ISBN: 9788501105882
Ano: 2016
Páginas: 308
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Sinopse:
Aza Ray nasceu com uma estranha doença incurável que faz com que o ato de respirar se torne mais difícil. Aos médicos só resta prescrever medicamentos fortes na esperança de mantê-la viva. Quando Aza vê um misterioso navio no céu, sua família acredita que são alucinações provocadas pelos efeitos do medicamento. Mas ela sabe que não está vendo coisas, escutou alguém chamar seu nome lá de cima, nas nuvens, onde existe uma terra mágica de navios voadores e onde Aza não é mais a frágil garota enferma. Em Magônia, ela não só pode respirar como cantar. Suas canções têm poderes transformadores e, através delas, Aza pode mudar o mundo abaixo das nuvens. Em uma brilhante e sensível estreia no gênero young adult, Maria Dahvana Headley constrói uma fantasia rica em nuances e cheia de simbolismo.
Resenha:
Resenha escrita pela Thaís Snape.
Não consigo parar de sorrir e ficar orgulhosa de Magônia, uma história completamente diferente de tudo que já li e que conseguiu deixar-me encantada e impressionada com o universo apresentado. Então, desculpe o transtorno, mas preciso falar da Aza Ray.
A Doença de Aza é um mistério; desde pequena viveu à sombra de estatísticas e expectativas de vida. Disseram que viveria até os quatro anos de idade, seis, dez e por fim dezesseis. Para os médicos, ela é um milagre e ao mesmo tempo virou nome de uma doença chamada Síndrome de Azaray. Dá para perceber na história que ela não gostou nem um pouco, odeia as lamentações que recebe e leva a vida ao máximo possível. Ela não conseguir respirar a impede de fazer algumas coisas, mas quando está com seu amigo Jason, ela já tem tudo que precisa para ser feliz e viver.
“ [...] O papo sobre morte e morrer, são coisas das quais tenho vontade de falar de verdade. Não estou deprimida. Só fodida. Sou assim desde que me lembro. Não há uma versão da minha vida que nãoseja fodida”.
Por ser engraçada, sagaz e extremamente inteligente, Jason Kerwin gostou de Aza desde pequeno e passou a admirá-la, nascendo assim uma amizade verdadeira e repleta de sentimentos conflituosos. Jason preocupa-se com a saúde de sua amiga mais do que a própria, faz tudo para deixá-la confortável, vê-la sorrir e viver com menos barreira, não a trata como uma coitada e com pena: ela não precisa disso. Ela quer ser tratada como alguém normal e brinca com seu estado de forma divertida e audaciosa. Esses dois tem muitas histórias pra contar. É uma amizade linda que possuem e quem tem uma igual ou parecida irá se identificar.
“O lance entre nós dois é que passamos todos os dias desde que nos conhecemos sabendo que ela iria morrer, e colocando aquela certeza de lado. Ninguém sabia o que havia de errado com ela, não de verdade, então, alguns anos antes, resolvi que seria o herói que descobriria aquilo.” – Jason Kerwin
Se o efeito da Síndrome de Azaray era deixar Aza mais fraca e com problemas para viver, o o que aconteceu foi totalmente o contrário, ao crescer, tornou-se uma garota forte, destemida, sensível e de uma sagacidade enorme. O medo de morrer não a afeta, afinal, todos morrem um dia, em contrapartida, seus familiares e amigos preocupam-se e tentam fazer de tudo para encontrar uma cura. Sua mãe luta diariamente para conseguir uma cura em seu laboratório, Jason faz de tudo para deixá-la confortável e feliz, sua irmã e pai tratam-na como alguém especial e forte.
Quando Az começa a ver navios no céu, dizem que estava apenas alucinando, mas ela sabe que não é verdade. Ouviu vozes chamarem seu nome, pássaros estranhos parecem ter uma conexão com ela. Ela acredita que o que viu é real e estão procurando-a, o único que parece acreditar em sua história é Jason, que mostra que existe um mundo além dos céus e que o que viu pode ser verdade. Assim a garota descobre Magônia.
“ Gosto do céu. Ele faz sentido para mim, de uma maneira que a vida não faz. Olhar para ele não me faz mal como você poderia achar, dada toda a mitologia de menina-moribunda-olhando-para-o-céu”.
A história desse outro universo é intrigante e fascinante, ficava ansiosa para saber como era de fato Magônia e o que aguardava a personagem para ser tão especial e importante em sua vida.
Parece que a doença venceu Aza Ray e ela deixou esse mundo… Para chegar em Magônia.
Parece que a doença venceu Aza Ray e ela deixou esse mundo… Para chegar em Magônia.
“Todos voando. Os navios estão voando, sim,sim, é exatamente isso que está acontecendo, e eles nem têm asa. Estão apenas… flutuando no meio do nada”.
Enquanto isso na terra dos afogados, a morte de Az causa uma melancolia e poesia em Jason, tão graciosa e tocante que consegui sentir sua dor, foi como se eu tivesse perdido alguém também, foi como perder algo que me completava e que eu não poderia conseguir suportar perdê-lo. Quando estava, por fim, quase aceitando a morte de sua amiga, um sinal aparece e as chamas da sua esperança reacendem fazendo-o procurá-la através de seus contatos e suas habilidades. Agora não deixaria de expor o que sentia e nem abandonaria sua companheira.
Magônia é um lugar curioso, fantástico e mágico, um mundo que nunca pensei explorar e vivenciar de uma forma tão intensa e real; foi simplesmente impressionante e magistral embarcar nessa aventura. Foi como sonhar acordada em um mundo belo e reconfortante. Consegui sentir uma empatia com o desespero de Az ao descobrir que tudo o que viveu foi uma “mentira”, que abaixo dos céus não era mais seu lar, e quem ela amava não importava em Magônia, assim foi dito pela capitã Zal, dona da embarcação Amina Pennarum. Porém, uma revelação promete deixá-la boquiaberta e estática, não tendo tempo para pensar. Ela terá que aprender a receber ordens, a viver nesse novo universo e a amar os magonianos, afinal, ela é a escolhida; algo muito maior a espera, apesar de alguns não acreditarem que alguém da terra dos afogados por tantos anos possa ser tão importante. Dai, um magoniano, é um dos que desacredita na garota; aliás, seu desprezo pelos humanos é notável. Um destino aguardava por Aza e resta saber se ela conseguirá ficar com seu amigo Jason.
“Ainda não me encaixo. Meu coração está metade na Terra, metade nas nuvens. Ainda sou diferente de todo mundo. Ainda não existe um lugar ao qual pertenço”.
O livro divide-se em duas narrativas, uma com Ray em Magônia, tentando entender e aprender esse novo mundo estranho e, ao mesmo tempo familiar, e Jason, na terra, tentando localizá-la, saber onde será o destino do seu navio e o que eles buscavam.
E assim que vamos conhecendo mais dessa fantasia, ficamos curiosos para saber: o que, afinal, é o tão temido Sopro?Quem é Caru e qual sua história? Se as baleia-tempestades possuem outras habilidades, e o que mais os magonianos fazem? Como são divididos e comandados? Quais segredos eles escondem de Aza e por que sua voz e canções tem um poder tão especial para eles?
Fiquei bem dividida e aos poucos fui ficando fascinada pelos magonianos, Rostraes e as outras criaturas como o Morcego-vela e os Canwr e os outros tipos de pássaros que os habitantes dos céus não davam muita importância. Foi uma empatia que ia além de apenas sentir suas dores e sofrimentos; eu queria ajudá-los. Ao mesmo tempo, queria saber que poder transformador Az carregava e porque viveu por tantos anos entre os afogados e conseguiu sobreviver? Quais segredos ela carregava e não sabia?
“A habilidade de que todos falavam. Meu poder. O conheço agora. E nosso poder. Conheço ele também.É apavorante.É maravilhoso.”
Magônia tem uma eloquência e desperta uma epifania, uma sensação de querer aventurar-se, de descobrir-se, de possuir uma enorme liberdade, de você ser capaz de alcançar e fazer tudo, de ser quem você quiser. É sentir fé e o poder dentro de si ao embarcar no inesperado com Aza, viajar para além da imaginação e sentir-se invencível e com uma felicidade enorme.
Jason é engraçado, ardiloso, astucioso e absurdamente inteligente para sua idade, sua busca por sua amiga beirava quase uma obsessão se observada por terceiros. Sua certeza de que Az estava viva e que a prova que possuía era consistente só aumentava suas forças e confiança de que iria encontrá-la de qualquer forma.
Parece que o mundo está dividido entre o poder e ambição, inclusive entre os humanos que estão se destruindo, por pensar que podem mudar o mundo com ideias individualistas e egoístas. Aza começa a questionar-se sobre o que é realmente certo. Será a capitã Zal leal? Seu plano é realmente salvar o universo acima dos céus? Os magonianos são tão diferentes assim dos afogados? Parece que a fome vai ser o verdadeiro motivo de destruição e dor. Ray sabe disso, mas está confusa por tudo o que aconteceu até o momento; as últimas revelações estão mostrando o que ela realmente é e qual seu propósito para a capitã. Será tarde demais voltar atrás?
“Até mesmo pessoas que nunca viram um milagre podem acreditar em milagres, Aza. Mesmo pessoas que nunca viram a luz, pessoas que foram mantidas no escuro, pessoas que ficaram cegas. Mesmo essas pessoas podem imaginar coisas fantásticas. Acredito em você. Sua família também vai acreditar”.
A Galera arrasou mais uma vez, manteve essa capa linda demais que representa de uma forma graciosa e atraente a vida de Aza, o simbolismo presente é absurdamente cativante. A revisão ficou agradável; apesar de haver alguns erros de digitação que não atrapalham a leitura. A tradução da Alda Lima ficou incrível; consegui entender todos os termos e seus significados. Magôniaé um livro que todo leitor deveria ter em sua estante, além dessa capa e todo o trabalho que a Editora teve são motivos suficientes para adquiri-lo, estou muito apaixonada por essa história e devo agradecer a pessoa da Galera que acreditou no potencial desse romance. Espero que a editora traga a continuação chamada Aerie que será lançada em Outubro no exterior. Estou tão feliz de saber que teremos mais um pouco desse sonho transformado em um mundo chamado Magônia.
Se você é fã de fantasia, não pode perder essa história. Magônia espera por você para desbravá-la e encontrar um universo que promete encantá-lo e fazê-lo mergulhar em uma explosão de sentimentos e emoções. Embarque nessa viagem junto com Aza e os magonianos!