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Resenha: Lobo Mau

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Título:Lobo Mau
Autora:Nele Neuhaus
ISBN:9788564850866
Editora:Jangada
Ano:2014
Páginas:496
Compre:Aqui

Sinopse:

Uma adolescente é encontrada morta no rio Meno, nos arredores de Frankfurt. Sua identidade é um mistério. Aparentemente, ela é a terceira vítima de uma festinha regada a álcool que terminou tragicamente, mas a polícia descobre que a água nos pulmões da garota não é do rio, e que seu cadáver mutilado está ali há dias. Pia Kirchhoff e Oliver von Bodenstein, os detetives do best-seller Branca de Neve Tem que Morrer, agora trabalham para descobrir quem aprisionou, estuprou e brutalizou a jovem. Enquanto isso, mais crimes acontecem: a apresentadora de um programa de TV sensacionalista é espancada, estuprada e trancada no porta-malas de seu próprio carro e uma psiquiatra sofre uma morte terrível. A ligação entre os crimes é uma rede de violência e corrupção que atinge a elite da sociedade alemã e o próprio departamento de Pia. Mas talvez seja tarde demais para ela e Oliver descobrirem quem é o lobo mau.

Resenha:

O gênero policial é um dos meus favoritos, principalmente pela riqueza de elementos que o integra. Nele encontramos, geralmente, o pior do homem, além de suspense, muita lógica e, algumas vezes, uma crítica social forte. Porém, apesar de saber que poderia esperar tudo isso, não imaginava que Lobo Mau cumpriria todos esses requisitos e, o melhor, seria muito acima da média. Simplesmente foi um dos melhores achados desse gênero durante o ano.

O livro já começa com uma morte; um corpo é encontrado no rio Meno. Porém, o que poderia ser apenas uma fatalidade comum por afogamento se torna muito mais profundo. Em primeiro lugar, ninguém consegue reconhecer a vítima. Posteriormente, é averiguado que seu corpo está repleto de fraturas, demonstrando que ela havia sido torturada e, também, possivelmente abusada sexualmente.


Enquanto Pia e Oliver começam a se aprofundar sobre o caso, apesar de, cada vez mais, se encontrarem em um beco sem saída, outros crimes brutais acontecem. E, dessa vez, a vítima não é uma desconhecia, mas uma das mais famosas apresentadoras da TV alemã. Junte tudo isso com suspeitos que são mestres em fuga, crime organizado, indústria do sexo e uma gangue de motoqueiros. E o pior: aparentemente, há uma ligação entre tudo; a vida dos investigadores não será nada fácil.
“Depois de cair no fundo do poço, seu lugar era ali, na favela dos fracassados, às margens da metrópole, como um criminoso condenado a pertencer à classe inferior. Ninguém ia parar naquele lugar para passar as férias nem para admirar o horizonte cintilante de Frankfurt, símbolo da riqueza que se transformou em vidro e concreto do outro lado do rio” (p. 17).
O primeiro fato que me surpreendeu nessa obra foi o seu tamanho. Quem é fã de livros policiais sabe que, em geral, esses livros são finos, até porque é difícil manter o suspense e tantas variáveis sob controle. Quando vi o tamanho de Lobo Mau, questionei se a autora teria capacidade de criar um enredo tão intrincado para preencher tantas páginas. Felizmente, a resposta foi sim.

O segredo da autora para criar um livro tão bom foi desenvolver um submundo do crime rico, perverso, com diversos tentáculos e cheio de segredos. Isso permitiu que ela interligasse uma série de crimes sem parecer forçado ou irreal. Apesar de aparentemente distantes, todos eles possuem um embrião único e que chocará os leitores mais sensíveis.


Aliás, a autora merece os parabéns pela forma que tocou em assuntos tão complicados de uma maneira elegante. Vemos o pior lado da humanidade aflorar de uma forma brutal, mas isso ser tratado com tanta inteligência que se torna literatura da mais alta qualidade. Sem mencionar que a crítica social contida na obra, sobre diversas vertentes, é enorme e gera muitos questionamentos.
“Reinava um silêncio sepulcral, exceto pelo toque abafado do telefone na sala de vigilância. Os 24 homens e as cinco mulheres que estavam sentados e em pé diante de Pia não se moviam. Ninguém tossiu, pigarreou nem recuou a cadeira. No rosto do grupo, Pia leu o que ela mesma sentia: perplexidade, consternação e horror” (p. 110).
Outro ponto marcante no livro é o desenvolvimento dos personagens. Ao contrário de alguns autores do gênero que preferem personagens mais rasos, Nele Neuhaus aposta no aprofundamento de agentes da lei e vítimas dos crimes. As dores, os traumas e as inseguranças são trabalhados de forma tão interessante que o leitor se sente mais próximo dos personagens.

Acompanhando esse enredo maravilhoso, a editora Jangada apostou em uma capa mais sombria e que reflete bem uma das cenas da obra. Além disso, a diagramação está chamativa, confortável e bonita. Quanto à revisão e à diagramação, também não tenho reclamações; a editora realmente caprichou no papel que lhe coube.


O único ponto negativo é que essa obra acabou. Eu gostaria de ler muito mais sobre essa organização criminosa e conhecer as outras cabeças da Hidra; sem falar que o final aberto me matou. Fico realmente na torcida para que o livro tenha uma continuação. Mas, enquanto não sei se ela sairá, recomendo essa obra para vocês; foi um dos melhores livros policiais contemporâneos que já tive o prazer de ler.



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