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Resenha: O Mundo Perdido

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Título: O Mundo Perdido
Autor: Michael Crichton
Editora: Aleph
ISBN: 9788576573050
Ano: 2016
Páginas: 488
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Sinopse:

Seis anos se passaram desde os terríveis acontecimentos no Jurassic Park. Seis anos, desde que o sonho extraordinário, nos limites entre a ciência e a imaginação humana, acabou se tornando um trágico pesadelo. A Isla Nublar não era o único lugar usado por John Hammond em suas pesquisas genéticas de ponta. Agora, o matemático Ian Malcolm e uma equipe de cientistas – além de certos “pequenos clandestinos” – devem explorar outra ilha na Costa Rica, repleta dos mais perigosos dinossauros que já caminharam pela Terra.

Resenha anterior:

Resenha:

Resenha sem spoiler do livro anterior

Aparentemente, alguns dinossauros sobreviveram. Apesar do governo da Costa Rica tentar abafar o caso, algumas carcaças de animais mortos, que aparentemente seriam dinossauros, estão sendo encontradas pela ilha. Isso chama a atenção do Dr. Levine, principalmente porque ele acredita que exista um mundo perdido, um lugar onde criaturas do passado não foram extintas. Ademais, juntamente com o Dr. Malcom, ele pretende estudar a extinção. Então, acredita que encontrar esse suposto mundo perdido é uma ótima oportunidade.

Depois de muito rastrear e pesquisar, Levine consegue descobrir a ilha onde supostamente os animais viviam. Por seu jeito arrogante, teimoso e impulsivo, resolve ir sozinho, sem avisar Malcom. O resultado da aventura não poderia ser mais trágico: ele acaba preso na ilha, mesmo que não admita isso. Acaba sobrando para Malcom e outros pesquisadores resgatá-lo. Porém, o que eles nem imaginavam é que viveriam uma aventura quase mágica.


Partindo dessa premissa, Crichton mostra que as aventuras envolvendo dinossauros não precisam ter fim, mesmo que já não exista tanta coisa nova para mostrar. Aliás, O Mundo Perdido utiliza a mesma estrutura do livro anterior: dinossauros, ilha, genética, ação alucinante. O que faz esse livro diferente e, ao mesmo tempo, envolvente é a forma que elementos já conhecidos foram utilizados.
“O que faz pensar que os seres humanos são autoconscientes e lúcidos? Não existe evidência disso. Seres humanos nunca pensam por si mesmos, acho isso desconfortável demais. Em sua maioria, os membros de nossa espécie apenas repetem o que lhe dizem – e ficam aborrecidos se são expostos a algum ponto de vista diferente. A característica mais típica do ser humano não é a lucidez, e sim a conformidade, e o resultado típico é a guerrilha religiosa. Outros animais lutam por território ou comida; todavia, de forma única no reino animal, seres humanos lutam por suas ‘crenças’. A razão é que as crenças guiam o comportamento, o que tem importância evolucionária entre os seres humanos. Porém, em uma época em que nosso comportamento pode muito bem nos levar à extinção, não vejo nenhum motivo para presumir que tenhamos qualquer lucidez. Somos conformistas teimosos e autodestrutivos. Qualquer outra visão da nossa espécie é apenas um delírio autocongratulatório” (p. 26).
O primeiro elemento que ganha destaque aqui é a parte científica. Se em Jurassic Park esse aspecto era forte; nesse livro, ele é transbordante. Temos alguns parágrafos inteiramente dedicados à explicação científica. Esses momentos são mais lentos? Sim, são. Contudo, quem busca uma ficção científica de verdade tem que estar preparado para encontrar trechos científicos durante a obra. Esses elementos até poderiam estar melhor diluídos pelo livro, tornando a leitura mais “acessível”. Porém, esse lado de leitura conceitual, sendo quase um romance de tese, é o grande charme desse segundo volume.

Outro aspecto que dá um ar de novidade à obra é a presença de uma protagonista feminina forte: a doutora Sarah Harding. Diferente do que aconteceu na obra anterior, onde a personagem feminina era totalmente estereotipada, aqui temos uma mulher de verdade. Aliás, uma mulher forte, decidida, que constrói o seu próprio destino. É uma pesquisadora renomada e que não se intimida diante do machismo institucionalizado. Nesse aspecto, há uma evolução enorme.


Por fim, novamente temos uma reflexão sobre a ciência, a ética e a bioética. Novamente somos levados a pensar sobre testes animais, sobre as modificações que estamos fazendo na biosfera e, principalmente, como somos o motivo da extinção de alguns seres.
“De certa forma, entre animais mais elevados, a adequação adaptativa não mais se transmitia à geração seguinte pelo DNA – era transmitido por ensinamentos” (p. 402).
Por fim, para fechar a obra, temos uma parte física simplesmente sensacional. A capa da obra está belíssima e a diagramação não fica atrás: o livro contém diversos detalhes que o embelezam, sem perder a capacidade de proporcionar uma leitura agradável. Por fim, temos uma boa tradução e revisão.


Em suma, apesar de Crichton usar a mesma premissa da obra anterior, ele consegue criar um segundo livro com aspectos de originalidade, com personagens interessantes e, principalmente, com um embasamento científico forte. Sem dúvidas, uma boa opção para quem deseja conferir uma ficção científica contemporânea. 

Outras fotos:






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