Título: O Morcego
Autor: Jo Nesbø
Editora: Record
ISBN: 9788501076113
Ano: 2016
Páginas: 350
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Sinopse:
Do submundo de Sydney às lendas aborígenes, Jo Nesbø conduz o leitor por uma trama violenta e eletrizante, no primeiro grande caso de Harry Hole. O corpo de uma jovem norueguesa é encontrado em um rochedo no fundo de um penhasco. O caso intriga a polícia: a vítima apresenta sinais de estrangulamento e suspeita-se de violência sexual, mas não há qualquer vestígio de DNA ou impressão digital do criminoso. Para colaborar com as investigações, a Divisão de Homicídios da Noruega envia o inspetor Harry Hole à cidade. Junto com o policial Andrew Kensington, Harry se depara com um caso mais complexo do que imagina: o que inicialmente parecia ser um crime isolado é apenas mais um em uma série de assassinatos cometidos por todo o país, sem qualquer relação aparente entre si. Um serial killer está à solta na cidade e, para Harry, a caçada começou.
Resenha:
Eu não tinha muita curiosidade de ler os livros do Jo Nesbo por não conhecer do que falava suas obras, mas depois que uma amiga falou tão bem do autor e sobre seus livros, precisava urgentemente ler. Parece que o destino quis que eu lesse O Morcego, primeiro caso do inspetor Harry Hole; acabei ficando apaixonada pela escrita do autor e agora quero ler todos os seus livros. Quer saber por quê? Confira abaixo.
O assassinato de uma jovem norueguesa em Sydney, trouxe o inspetor Harry Hole a essa cidade – que parece abrigar muitas lembranças que o detetive prefere esquecer – para ajudar nesse misterioso caso. Nesse caminho para a Divisão de Homicídios de Surry Hills, ele conhece seu futuro parceiro Andrew Kensington, um homem com um bom coração e extremamente divertido – vai ser impossível não rir com os diálogos trocados com ele.
Neil McCormack, chefe da Divisão de Surry Hills, deixa tudo claro para Harry: o inspetor vai ter que seguir tudo o que ele falar, não importando se concorda ou não; quem manda ali é ele e tem que obedecer suas próprias regras e métodos, mesmo que sejam diferentes da forma pela qual Harry costuma trabalhar. Recebendo essa bela recepção, é apresentado ao lugar e ao caso, que eles acham mais um entre outros assassinatos movidos por vingança, ciúmes ou outros motivos comuns.
Entretanto, Harry não vai digerir essa tão facilmente, ele sente que algo mais está envolvido, não sendo apenas mais um assassinato. Em busca do culpado, os integrantes da Divisão reúnem-se para discutirem o possível culpado e se há mais pistas; é então que Hole mostra porque foi àquele lugar, revelando alguns detalhes que não tinham percebido e mostrando que pode ser trabalho de um Serial Killer que tem trabalhado tão bem e meticulosamente que nunca gerou suspeitas.
Harry Hole juntamente com os outros policiais e investigadores acabam achando alguns padrões utilizados pelo Serial, e logo as pistas aproximam-se do possível culpado. Ao mesmo tempo, Harry parece lutar contra fantasmas do seu passado. Ademais, percebe uma mensagem que está exposta para ele e mesmo assim não consegue ler; intrigado com essa sensação de que algo está perto e ao mesmo tempo longe, começa a olhar e pensar minuciosamente sobre o que até agora já descobriram e a investigar junto com seu parceiro em busca de novas informações sobre a vítima.
“Acho que às pessoas sentem a necessidade de serem punidas quando não conseguem mais aceitar as próprias ações. De qualquer forma, isso era o que eu mais queria: ser punido, açoitado, torturado, humilhado”.
Enquanto é acompanhado de Andrew nas investigações, o norueguês conhece as histórias locais e sobre os aborígenes pelo seu parceiro, e uma amizade inexplicável começa a surgir. Kensington parece ser alguém tão humilde, de bom coração e acima de tudo leal, além de ter um passado nada agradável, esconde alguns segredos que o inspetor parece não entender, mas confia no jeito e modo de agir do amigo.
O assassinato da jovem norueguesa parece desencadear novas tragédias e revelar traições, o Serial é ardiloso e até ousado, parecendo brincar com os investigadores que tentam a todo custo encurralá-lo. A frustração começa a aparecer e o medo de que as informações sobre o pouco andamento da investigação possam vazar, já que a mídia detonaria o comando de McComack e ainda poderia afastar e amedrontar os turistas do local.
“Mas compartilhar segredo cria laços entre as pessoas – sussurrou Harry nos cabelos dela.– Nem sempre é isso que elas querem”.
Descobrindo novas histórias e uma delas sendo utilizadas como plano de fundo pelo autor, Harry percebe como o preconceito ainda é frequente em um lugar que as pessoas consideram sinônimo de liberdade. Os aborígenes foram e ainda são os principais afetados, além, claro, de outras tribos de negros. As histórias contadas por Andrew parecem envolver um tom mais pessoal e um passado muito mais misterioso, fazendo Harry crer que algo estava errado com o amigo e que ele precisava descobrir, pois podia ser tarde demais.
“Mas sabe qual é a verdade? A verdade é que ninguém vive de verdade, e é por isso que ninguém se importa com ela. A verdade que criamos para nós mesmos é apenas a soma dos interesses de alguém, ponderada de acordo com o poder que essa pessoa tem.”
Os rastros do criminoso aos poucos ficam mais evidentes; simultaneamente, uma intrínseca teia de mistérios e questões desvenda-se, envolvendo muito mais que o assassinato em si, mas um verdadeiro quebra-cabeça que parece ser resolvido por apenas Hole. Pequenos detalhes, conversas, dicas, depoimentos e minúcias incomuns que até então não pareciam revelar qualquer pista se mostram mais promissoras e importantes para rastrear e capturar o homem por trás de toda essa crueldade.
O passado é algo tão passageiro para alguns e tão marcantes e dolorosos para outros; para Harry é a segunda opção e o presente é uma oportunidade de redenção, de redimir-se de acontecimentos e episódios passados que poderiam transformá-lo em alguém totalmente diferente do que é atualmente. Ao decorrer da leitura, sabemos um pouco mais de sua história e seus relacionamentos, deixando-nos mais conectados com o inspetor e suas memórias.
“– Tudo o que a gente faz deixa rastros, não é mesmo? Nosso passado fica estampado em nossa cara para aqueles que conseguem ver”.
Como em todo livro, acabamos gostando de vários personagens, e já deu para perceber que Andrew foi um deles. A característica mais marcante dele é seu bom humor e como esconde alguém tão valioso para as pessoas que o cercam, com toda certeza é alguém marcante, que quando entra na sua vida é pra ficar e foi o que aconteceu com Harry Hole que não era lá de ter muitos amigos. Outro destaque foi Otto, que parece carregar as mesmas características, acho que a única diferença é por ser mais atrevido e audacioso e por provocar o inspetor fazendo o leitor dar algumas boas risadas.
“Que pensamentos haviam passado por sua cabeça, Harry não sabia. A alma humana é grande floresta escura, e todas as decisões são tomadas na solidão”.
Harry Hole enfrentará inúmeras dificuldades e sofrerá algumas frustrações na medida que seus suspeitos não se encaixam com as novas pistas e com seus álibis, mas a caçada final está próxima e, para conseguir capturar o assassino, precisará enfrentar primeiramente a si mesmo e os fantasmas do seu passado que parecem querer derrubá-lo. O tempo está esgotando-se, é preciso coragem e afinco para vencer esse criminoso cruel e mordaz.
Como falei no início, nunca tinha lido nada do autor e não tinha curiosidade, e confesso que estou completamente arrependida. Estou apaixonada por sua escrita e pela série do Inspetor Harry Hole, preciso urgentemente ler seus outros livros; fiquei lendo as sinopses de seus outros livros e surtando para poder ler imediatamente. Jo Nesbo tem uma escrita bastante objetiva – não possui nenhuma enrolação – e uma narrativa que consegue levar o leitor facilmente para um desfecho imprevisível, conseguindo juntar, ao mesmo tempo, mistério, suspense e uma boa dose de humor a seu enredo, ficando impossível largar a história. As metáforas e analogias criadas ao decorrer da história deixam-na fascinante e os pontos altos da história são avassaladores, foram muitos acontecimentos que não esperava e deixavam-me boquiaberta. Farei o possível para poder ler o mais rápido possível as histórias criadas por esse autor.
Como sempre, a Record arrasa nas capas e no trabalho feito com seus livros. A capa de O Morcego ficou tão misteriosa e singular. Confesso que gostei demais da capa; talvez pela foto pareça normal ou simples, mas o alto relevo localizado foi seu diferencial. A tradução do Gustavo Mesquita ficou excelente e a revisão ficou boa; encontrei poucos erros.
Se você gosta de uma história com bastante suspense e que explora bastante seus personagens e o ambiente e ainda deixa um desafio, não apenas ao Harry Hole, mas para o leitor de descobrir quem é o verdadeiro assassino, certamente irá gostar da obra. Então, você está pronto para embarcar nessa investigação?