Título: A Nona Vida de Louis Drax
Autora: Liz Jensen
Editora: Record
ISBN: 9788501106933
Ano: 2016
Páginas: 238
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Sinopse:
Livro que inspirou o filme estrelado por Jamie Dornan e Aaron Paul.
Louis Drax não é um menino comum. Prestes a completar 9 anos, dotado de uma imaginação mórbida, Louis todo ano sofre algo terrível e misterioso que ameaça tirar sua vida. Sua mãe vive em pânico constante. Seu psicólogo se vê perplexo diante desse fenômeno. O garoto está sempre entre a vida e a morte.
Em um piquenique com a família, Louis acaba caindo de um penhasco. Dado como morto, volta milagrosamente à vida, mas entra em coma profundo. Sua única chance de recuperação é o Dr. Pascal Dannachet.
O caso do menino se torna um desafio para o médico, e ele logo se vê envolvido pelas intrigantes circunstâncias de seu acidente. Será que a queda foi mesmo acidental? Apenas Louis detém a resposta, mas ele não pode se comunicar. Ou pode?
Resenha:
Louis Drax é um garoto incomum. Muito inteligente, é verdade, mas a sua visão de mundo e a sua imaginação, em alguns momentos, beiram ao mórbido. Além disso, sofre de um mal não identificado: é propenso a sofrer acidentes, dos mais simples aos que o levam à beira da morte. Aparentemente, não há o que fazer. A mãe vive desesperada e ansiosa, em busca de defender o seu filho. O pai aconselha que o menino precisa de acompanhamento psicológico. Quando isso acontece, até mesmo esse profissional fica abismado com a situação e com o garoto.
Diante de alguns problemas e a sensação diária de desastre, a família resolve sair para um piquenique, buscado relaxar. Entretanto, tudo dá errado. Louis Drax sofre o pior de seus acidentes: cai de um penhasco e morre. Porém, como Louis não é um garoto normal, ele volta a viver. Seria erro médico, indicado uma morte inexistente? Seria um milagre? Há muito o que discutir. Ainda mais é preciso ser identificado: será que Louis sofreu realmente um acidente?
Partindo dessa premissa, Liz Jensen cria uma trama incomum e bem inteligente, o que atiça a curiosidade do leitor e prende a sua atenção. Porém, apesar da boa trama, o grande mérito do presente trabalho são os personagens; eles reais e convencem o leitor, transpassando através das páginas uma gama enorme de sentimentos e sensações, fazendo com que não apenas o suspense prenda quem lê.
“– Em alguns lugares do mundo dizem que os gatos têm nove vidas – disse mamãe –, porque a alma deles se prende ao corpo e não se solta. Se você fosse um gato, Louis, a esta altura já teria gastado oito das suas vidas. Uma para cada ano. Não podemos continuar assim” (p. 11).
Dentre tais personagens, dois são os grandes destaques: Louis Drax e o Dr. Pascal. Este é um médico especialista em coma e que ficará responsável pela criança. O doutor passa por um período familiar difícil, o que faz com que se foque ainda mais no trabalho. Com alguns sentimentos pulsantes, durante toda a trama se mostrará um personagem complexo e bem construído. Louis, por sua vez, apesar da pouca idade, é um dos personagens mais sagazes que já conheci. Sua imaginação fértil é um misto de inteligência e loucura, o que faz com que sua construção seja também complexa, porém ainda mais profunda do que a de Pascal.
Contudo, se a autora consegue mostrar grande talento pela trama construída e pelos personagens, o desenvolvimento da obra mostra alguns pecados. O primeiro é a lentidão excessiva na primeira parte do livro. Essa introdução é de um marasmo absurdo, onde pouco ou nada acontece. É essencial no desenvolvimento dos personagens, é claro. Porém, ainda assim, poderia ter sido construído de uma maneira mais envolvente. O segundo ponto que incomoda um pouco são algumas decisões um tanto óbvias e previsíveis tomadas dentro do desenvolvimento do livro. Apesar destes, entretanto, a obra ainda se salva e mostra qualidade.
Quanto à parte física, por sua vez, não há o que reclamar. A capa ficou muito bem construída, apresentando bem a complexidade e o suspense que podemos esperar. A diagramação é simples, mas cumpre seu objetivo. Como temos também uma boa tradução e revisão, a leitura flui rapidamente.
“Todos se tornam religiosos numa situação de crise, apelando para um Deus com quem desejam tentar um último pacto desesperado” (p. 25).