Título: A Livraria Mágica de Paris
Autora: Nina George
Editora: Record
ISBN: 9788501107619
Ano: 2016
Páginas: 308
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Sinopse:
Uma história emocionante de amor, de perda, e do poder dos livros. O livreiro parisiense Jean Perdu sabe exatamente que livro cada cliente deve ler para amenizar os sofrimentos da alma. Em seu barco-livraria, ele vende romances como se fossem remédios. Infelizmente, o único sofrimento que não consegue curar é o seu: a desilusão amorosa que o atormenta há 21 anos, desde que a bela Manon partiu enquanto ele dormia. Tudo o que ela deixou foi uma carta — que Perdu não teve coragem de ler. Até um determinado verão — o verão que muda tudo e que leva Monsieur Perdu a abandonar a casa na estreita rue Montagnard e a embarcar numa jornada que o levará ao coração da Provence e de volta ao mundo dos vivos. Sucesso de público e crítica, repleto de momentos deliciosos e salpicado com uma boa dose de aventura, “A livraria mágica de Paris” é uma carta de amor aos livros — perfeito para quem acredita no poder que as histórias têm de influenciar nossas vidas.
Resenha:
A Livraria Mágica de Parisé outro livro que queria muito desde que soube do seu lançamento no Mochilão da Record; já estava apaixonada pela sinopse e a capa e, quando finalmente consegui lê-lo, foi uma felicidade imensa ao perceber a grande história que possui e como se tornou significativa para mim. Quer saber como? Confira abaixo.
Monsier Perdu sempre teve uma conexão forte com os livros – não é à toa que tem um barco chamado Farmácia Literária onde vende seus livros – e conseguia identificar o que cada cliente realmente precisava, cada pessoa parecia ter a alma transparente e os livros eram como seus remédios que acalmavam o que essas pessoas estavam sentindo ou eram as palavras certas que precisavam. Ele nunca errou o problema de cada um e curou todos os problemas deles. Contudo, apenas uma pessoa ele nunca conseguiu identificar a cura: ele mesmo.
“Memórias são como lobos. Não se pode encarcerá-las e esperar que deixem você em paz”.
Desde que Manon o deixou, Jean se perdeu e tornou-se um homem introspectivo, amargurado, monótono e não viu mais beleza na vida. Há 21 anos deixou de enxergar a vida como era; com cinquenta, continua um homem reservado, taciturno e um enigma para si mesmo. A partida de sua amada foi mais dolorosa do que imaginou, a carta deixada por ela nunca foi lida pelo medo do que poderia estar escrito; até que é forçado abri-la e o que acontece é inesperado.
“– Amado será aquele que amar… Mais uma verdade que foi completamente esquecida. Já percebeu que a maioria das pessoas prefere ser amada e faz de tudo para isso? Fazem dieta, ganham rios de dinheiro, usam lingerie vermelha… se amassem com tanto fervor, aleluia, o mundo seria tão belo e livre de cintas de compressão”.
Monsier Perdu decide então navegar com sua Farmácia Literária para o interior da França com a presença de um jovem escritor que está com um bloqueio criativo desde que seu livro se tornou um sucesso. Dois homens completamente diferentes embarcam nessa viagem e o que parecia uma busca para a cura também se torna procura de si mesmo e, inesperadamente, uma grande amizade começa a surgir entre os homens.
Como é possível, já nas primeiras duas páginas, sentir-se conectada por um personagem? Perdu conquistou-me imediatamente e, ao acompanhar sua viagem, descobria aos poucos o porquê de ter gostado dele e de ficar apegada e apaixonada por sua jornada e sua história emocionante.
O desenvolvimento da relação de Max e Perdu é envolvente e carismática; o livreiro percebe que o jovem ainda tem muito pela frente e identifica alguns traços dele mesmo, enxerga um incrível potencial no garoto e um sentimento que não esperava ter, um senso de proteção e um amor que até então não demonstrava por ninguém, nem mesmo aos seus pais divorciados que mantinham uma ótima relação com ele. Vinte e um anos é a idade que Jean perdeu até encontrar seu caminho e tentar se redimir e fazer as pazes com a perda que teve, além de tentar encerrar essa história e continuar a viver.
“Não podemos decidir amar. Não podemos fazer ninguém nos amar. Não há receita. Há apenas o amor. E nós estamos a sua mercê. Não podemos fazer nada”.
No meio da viagem encontram Salvo Cuneo, um cozinheiro italiano que procura uma barqueira misteriosa que roubou seu coração. Esse novo integrante da embarcação é um personagem apaixonante; a forma como ele cozinha, como é seu coração... é um pouco difícil descrevê-lo, pois só lendo para saber. Só saibam que é aquele tipo de personagem que a gente quer abraçar e não largar mais e carregá-lo para sempre com a gente. Outro personagem que não revelarei quem é também me conquistou; achei fantástico o papel que desempenha na trama.
MonsierPerdu acaba se redescobrindo nessa viagem, experimenta sensações há tanto tempo esquecidas e outras que nem sabia que as possuía. Ele acaba percebendo o quanto perdeu nesses vinte e um anos. As maravilhas que encontra pelos rios da França, as paisagens que nunca quis explorar são encantadoras e reconfortantes; cada cidade parece transformá-lo aos poucos, principalmente Sanary-sur- Mer e Bonnieux.
“Geralmente não somos nós que moldamos as palavras, mas as palavras que nos moldam”.
Aliás, tratando-se desses lugares, as descrições feitas pela autora foram tão realistas e afetuosas que pareciam mesmo que eu viajei para o interior da França; faltou só poder ter sentido os cheiros das comidas e dos ambientes. Fora isso, ainda consigo lembrar com facilidade dos lugares descritos, que eram lindos e aconchegantes. Depois pesquisei na internet como eram esses lugares e eram do jeito que imaginei.
Esse romance é diferente de tudo que li, da sua história à maturidade que ela tem, já que os nossos personagens já são adultos e os problemas e a trama são mais evoluídos; até Max amadurece durante a viagem. Cada personagem tem seus problemas e suas dúvidas, a idade que eles possuem não é muito comum de se encontrar nos livros; suas preocupações e objetivos são outros. Foi prazeroso e radiante ler sobre suas experiências e como lidam com suas vidas. Acho que esse livro foi o que mais marquei as frases e cenas que gostei; gastei meu post-it de uma cor só todo.
“– Os livros podem fazer muitas coisas, mas não tudo. Às coisas mais importantes a gente deve viver. Não ler. Preciso… vivenciar meu livro”.
A Livraria Mágica de Parisé uma história sobre como uma viagem pode ser transformadora. Monsier Perdu aprende a se amar e, quem sabe, talvez até amar novamente. Mesmo depois de vinte e um anos ainda está vivo e não pode abater-se, ainda tem muita para viver e conhecer, é um velho jovem. Tem uma nova chance de existir e perpetuar-se, de curar-se e redescobrir-se, sua idade não o limita a fazer nada, menos ainda de seguir seu coração e seus instintos. Uma jornada divertida e tocante sobre como a vida pode ser surpreendente independente de sua idade e de quem você é.
Terminei o livro sentindo que deixei um pouco da minha essência nele e que me sentia mais eu mesma, parecia que, na viagem de Perdu, eu me achava também; ao mesmo tempo, sentia um vazio por ter finalizado essa história tão intensa, profundamente forte e tocante. Uma história tão madura com lindas lições, e talvez chances para aqueles que precisam das palavras desse romance. Monsier Perdu é um personagem tão encantador e cativante que fará o leitor sentir-se melhor, como se a vida fosse diferente e mais intensa depois de ler sua jornada. Após ler, seu olhar sobre o mundo e as coisas terá mudado.
O trabalho que a Editora Record teve com o livro é realmente lindo; a capa ficou tão bela e harmônica com a história, a tradução de Petê Rissatti ficou primorosa, a revisão e diagramação excelentes e o mapa que tem nas abas do livro está realmente maravilhoso. Também tenho que destacar o pessoal do marketing que fez uma excelente divulgação.
Se você gosta de histórias sobre viagens, amadurecimento e personagens cativantes com histórias incríveis, não pode deixar de conhecer a jornada de Perdu pelo interior da França.