Sinopse:
Portugal, 1673. Duas mulheres celtas e um bebê recém-nascido enfrentam a perseguição da Igreja contra hereges pagãos. Obrigadas a deixar sua aldeia, ajudadas por um jovem cristão, partem em busca de um lugar onde possam cultuar seus deuses livremente. Em meio a sua fuga descobrem que a Grande Mãe tem uma missão para eles e que os levará a lugares inesperados e a uma desconhecida Terra Nova.
Resenha:
Paganus é uma história que se passa no século XVII, um momento forte da inquisição de Portugal. Logo, a obra registra um bom ensinamento sobre história e a cultura dos pagãos e dos católicos. A descrição usada sobre a escravidão, a moda de ambas as culturas e da época em si, o estilo das casas, foram tudo bem construído e observado pela autora de forma grandiosa.
Simone inicia sua obra contando sobre Mário Couto, homem rico e poderoso, casado com Eugênia. Após a perda de sua esposa, ele nunca mais foi o mesmo. Frio, distante e grosseiro, mesmo sendo servo de Deus.
Diogo e Douglas são gêmeos, filho de Mário e de Eugênia. Diogo é mais carinhoso e dedicado à atenção, tanto com a família quanto aos seus empregados. Douglas é mais frio e indiferente, não pensa em relacionar-se bem e vê as mulheres como um objeto a ser pago e adquirido a hora que quiser.
Convocado a ser caçador de hereges, Mário Couto sai de sua casa à procura de pessoas que adoram outros deuses. Dom Couto parte com seus filhos em busca de encontrar bruxas e pagãos. Adentram numa aldeia a fim de destruí-la, caso as pessoas não aceitem a Jesus como salvador de suas almas.
“A missão da Igreja é levar a todos a Verdade, converter, arrebanhar... mas há muitos resistentes. Pessoas que deram às costas a Deus e à Verdade da Igreja, que negam Cristo, que adoram outros deuses, cultuam o demônio... Esses hereges precisam de alguém que os convença.”
Contando, dessa forma, para quem não é apreciador de histórias de períodos mais antigos, parece que não tem muita emoção. Pelo contrário, quando você inicia o livro a vontade que tem de devorá-lo é imensa. A autora trata tudo com muito carinho, os detalhes são bem feitos, a descrição de tudo faz com que o cenário seja criado em nossa mente. É uma daquelas leituras que tiram nosso sono e aguçam nosso desejo de chegar às últimas linhas.
“Com o coração despedaçado, Diogo seguiu o pai rumo a uma vila no meio do nada, rumo a um futuro nebuloso.”
Numa certa aldeia vive Adele e está grávida de Alan, seu marido. Adele vive com sua mãe, Gleide - poderosa sacerdotista da Grande Mãe. A tensão começa a aumentar quando a contração chega e é hora do bebê vir ao mundo. O bebê é uma promessa, uma grande esperança a todos os adoradores da Grande Mãe. Os olhos percorrem as páginas numa facilidade que você só quer saber o que acontecerá em cada detalhe, em cada ação.
Mário Couto, Douglas e Diogo chegam a aldeia onde Adele está prestes a ter um filho. Como tudo acontecerá? A história tem a capacidade de nos surpreender do início ao fim. E o que me deixa mais agoniada é saber que tem continuação e que eu ainda não li. Simone tem um mistério para narrar que só as magias de Gleide podem explicar.
“O pai o fitou por um momento. Não conseguia compreender Diogo. Como era possível que Deus tivesse lhe dado dois filhos tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo? Sua mulher falecida costumava dizer que os filhos eram os dois lados da mesma moeda.”
Em meio a tanto suspense, sofrimento e adrenalina, Simone ainda nos brinda com o amor em duas pitadas surpreendentes. A narrativa é impressionante. Simone usa a linguagem da época, com diálogos bem feitos e te fascina. A autora usou de muita pesquisa para trabalhar nesse livro, é tudo muito perfeito ao período narrado. As fogueiras da inquisição; a destruição das casas, das pessoas e daquilo que era considerado, por eles, o seu valor; as bruxas usadas e mortas, como se fossem descartáveis. Simone misturou tudo e saiu essa obra maravilhosa.
Dedicatória toda especial da autora. Atente-se ao detalhe da letra linda dela. |
Outro detalhe importante para lembrar é a capa, bem chamativa e bem feita. A editora foi muito atenta aos detalhes. Não há erros ortográficos, o que existe foram deslizes na falta de pontos, em alguns momentos, o que não dá nem para perceber. A divisão dos capítulos é diferenciada, a autora teve a dedicação de colocar fotos, tornando tudo muito chamativo e carinhoso. A obra é mais do que recomendada e, com certeza, quero ler a continuação dessa série.
Adquira o livro com a autora e tenha o seu exemplar autografado.
Autor: Simone O. Marques
Título: Paganus
Editora: Modo
ISBN: 9788565588362
Ano: 2012
Páginas: 343