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Resenha: Baratas

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Título: Baratas
Autor: Jo Nesbo
Editora: Record
ISBN: 8501108073
Ano: 2016
Páginas: 364
Compre: Aqui

Sinopse:

Harry Hole é enviado à Tailândia, onde um crime brutal põe sua vida em perigo... O detetive Harry Hole chega a abafada Bangcoc. Sua missão: evitar um escândalo. O embaixador norueguês foi encontrado morto em um hotel barato, e aparentemente a família dele está escondendo algo importante. Harry, além de preservar o sigilo das investigações, percorre bares, templos budistas e casas de ópio em busca das peças desse quebra-cabeça, mas aparentemente ninguém quer saber de fato o que aconteceu. Quando o detetive põe as mãos em um vídeo bombástico de circuito interno de TV, as coisas se complicam. O homem que lhe entrega a fita desaparece, e outro diplomata é apunhalado. O policial logo descobre que grandes políticos podem ter segredos aterradores, e, à medida que se aproxima da verdade, aumenta o risco de ele se tornar a próxima vítima.

Resenha anterior:

Resenha:

Resenha sem spoiler do livro anterior

Depois que li O Morcego, fiquei totalmente empolgada com a história e apaixonada pela escrita do Jo Nesbo e precisava ler todos os livros escritos por ele. Quando soube do lançamento do Baratas, corri para ler e o resultado não poderia ser melhor. Quer saber o porquê? Confira abaixo.

Harry Hole ganhou um novo caso e dos grandes, contra todas as probabilidades ele foi o escolhido, mesmo com condição em relação ao alcoolismo, porém, quando trata de trabalho, o norueguês não é de decepcionar. Tailândia é seu grande destino, devido a morte misteriosa do embaixador norueguês em um lugar nada comum para alguém da alta sociedade e correto com seus deveres.

Bangcoc é uma cidade extremamente quente e com um grande fluxo de tráfego, consequentemente, as pessoas enfrentam diariamente um engarrafamento de mais de uma chegando até quatro horas por dia. É claro que Hole não está acostumado e preparado para esse clima quente e enfrenta grandes dificuldades para poder se adaptar e conseguir concluir a promessa e grande objetivo que colocou em sua vida.

Ao chegar na delegacia de Surasak Road, a recepção é totalmente diferente da que recebeu em Sydney, e dessa vez sua parceira de investigações é a investigadora Liz Crumley, uma mulher completamente diferente de todas que já conheceu e logo percebe que ela é dura na queda. Esses dois prometem nos proporcionar diálogos divertidos e descontraídos; depois do Andrews em O Morcego, essa nova personagem consegue suprir essa saudade. Claro que a adorei desde do seu jeito de lidar com as situações até seu modo de agir e falar.

Essa nova equipe de Harry Hole tem uma grande sincronia e consegue, aos poucos, encontrar algumas pistas que antes não tinham reparado, mas a confusão logo começa quando as pontas não se ligam e não fazem sentido. Quem mataria o embaixador Molnes naquele lugar? Será que Atle Molnes estava metido com coisas ilegais e teve um acerto de contas? Assassinado para sua esposa poder ter a herança? Porque parecia que as pessoas que o conheciam pareciam esconder alguns segredos do detetive dificultando sua investigação?

Como se não bastasse ter que encontrar uma lógica e sentido nessa investigação, Harry tinha que lidar com as omissões e segredos das pessoas que não queriam colaborar e ainda tinha o problema mal resolvido do acontecimento com sua irmã. Eram muitas questões para serem respondidas e, enquanto Hole descobria novas pistas e possível motivo do assassinato, recebia uma nova tragédia ou era informado para ir devagar com as investigações e logo ficava evidente do motivo de o terem escolhido. Diante dessa situação, como era possível lidar com os obstáculos?


“A vergonha gera verdadeiros artistas da camuflagem”.

Enquanto acompanhamos a saga do detetive com esse novo caso, conhecemos um pouco de Bangcoc, os bares, templos budistas, prostíbulos, a economia do lugar, porque as pessoas adoravam a cidade diante de tantas negatividades e do calor infernal. Enquanto lia essa parte, parecia até que eu estava no lugar porque o calor do Rio de Janeiro ajudou bastante a imaginar o sufoco dos personagens e estava ficando agoniada junto com eles.

Ao decorrer do enredo são comentadas algumas coisas sobre a vida do Hole, que só saberemos em outras histórias, e outras já sabia por causa do livro anterior que li, mas nada que vá prejudicar quem não leu nada da série desse detetive, são apenas fatos que criam ainda mais curiosidades ao redor de Harry e também de ler seus outros casos.

A luta e obstinação do detetive contra a bebida é intensa, chegava a ser palpável o esforço que ele fazia quando era oferecido bebida ou quando surgia o princípio de uma recaída, mas a promessa que fez é mais forte e importante e ficava admirada pela sua grande dedicação e força de vontade, fora os demônios do passado que o assombravam depois de tudo que já aconteceu em sua vida.

Assim como a Liz Crumley, que é uma personagem impressionada e carismática, a jovem Runa Molnes foi outra que gostei bastante pelo efeito que teve na vida do nosso norueguês. A relação de amizade e cumplicidade desses dois foi algo muito encantador e apaixonante de ler. A garota é única e também completamente louca, mas guarda um grande coração e um carinho e conexão com o detetive. Ah, que vontade de voltar as páginas para ler sobre esses dois.

Estava  com saudades do Harry Hole, e olha que tem quase um mês que li o primeiro caso dele; pode-se perceber que estou apaixonada por esse personagem, a cada nova história conheço-o melhor e fico mais encantada e cativada por ele, por ser um homem que, com todos os seus problemas, consegue ter uma grande empatia, um senso de justiça muito grande; sua forma de pensar e analisar os fatos, mesmo quando as pessoas afirmavam o óbvio segundo elas e para ele não era o suficiente. Além disso, ele pode demorar, mas consegue perceber quando está atrapalhando os planos de algo maior e não sendo solicitado.

“– A experiência nos ensina que é difícil ocultar a verdade, herr Torhus”.
Quando eu pensava que sabia quem era o suspeito começava a fazer sentidos algumas pistas deixada pelo assassino, era engada, mas Harry Hole é um homem que consegue perceber até nas coisas insignificantes algo importante e que pode ser até fundamental para encerrar um caso, principalmente porque o vilão dessa vez é mais ambicioso e ardiloso. Ele foi bastante meticuloso ao executar seus planos e é mais observador e perigoso, sendo assim um grande problema para o detetive. Aliás, ele pode estar correndo risco de vida por envolver demais em um caso, onde as não querem escândalo, apenas um culpado, independente de ser inocente ou não.

Mais uma vez Jo Nesbo criou um mistério tão bem elaborado e intrínseco que, quando eu pensava que finalmente tinham descoberto o motivo do assassinato e quem ele era, aparecia um novo mistério ou novas pistas que invalidaram as teorias criadas e o real motivo, era como as baratas, onde se via uma outras dez estavam escondidas e não há analogia e definição melhor para esse livro. As descobertas que os leitores terão dessa história os deixarão surpreendidos e de queixo caído e irão perceber os verdadeiros traços do autor.

Um adendo: para quem ficou com aversão ao livro por causa do título pode ler com toda tranquilidade do mundo, pois não tem nada ligado de fato com baratas, o título é mais uma analogia ao enredo do livro e quem for ler vai entender o porquê.

A Record fez um belo trabalho com esse livro, essa capa está bizarramente linda, a textura e alto relevo da barata na capa ficou sensacional! O trabalho da da Liliana Negrello e Christian Schwartz ficou impecável, a revisão e diagramação estão excelentes.

Se você gosta de um bom mistério com personagens profundos e bem elaborados não pode deixar de acompanhar a saga do detetive Harry Hole em seus casos brutais e surpreendentes.



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