Título:Em um bosque muito escuro
Autora:Ruth Ware
Editora:Rocco
ISBN:9788532530387
Ano:2016
Páginas:288
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Sinopse:
A britânica Ruth Ware alcançou as listas dos mais vendidos do The New York Times, USA Today e Los Angeles Times com este surpreendente romance de estreia que chega ao Brasil pela coleção de suspense Luz Negra. “Em um bosque muito escuro” é narrado por uma escritora reclusa que aceita o convite para a despedida de solteira de uma amiga de escola com a qual não tinha contato há anos. Quarenta e oito horas depois de chegar ao local da festa, uma casa de campo isolada, ela desperta numa cama de hospital, com a devastadora certeza de que alguém está morto. E mais do que tentar lembrar o que aconteceu no fatídico fim de semana, precisa descobrir o que fez. Com uma atmosfera inquietante em que segredos do passado são revelados aos poucos e as relações se constroem pelo entrelaçamento de admiração, carinho, inveja e ressentimentos, Ruth Ware entrega um thriller arrebatador, que não à toa a colocou entre os principais nomes do novo suspense feminino, como Sophie Hannah e Gillian Flynn. Em um bosque muito escuro será adaptado para o cinema por Reese Whiterspoon.
Resenha:
Em um Bosque Muito Escurofoi, com toda certeza, uma das leituras mais surpreendentes e uma das melhores desse último ano; fechei 2016 com chave de ouro, não sei como explicar a experiência de ler essa história, mas garanto que emoções não vão falta, e Ruth Ware acabou de ganhar uma fã. Quer saber por quê? Confira abaixo.
Leonora, ou simplesmente Nora, é uma escritora bastante solitária e antissocial, foi morar em Londres e manteve pouco contatos ao decorrer de sua vida. Por trabalhar dentro de casa, inventou uma rotina para não viver apenas em seu pequeno apartamento, então todos os dias tenta fazer algo diferente, além de correr com frequência. A corrida transformou-se em uma intensa necessidade, é como se livrar de seus problemas através da sensação de liberdade e pelo cansaço que tem logo depois.
Ao aceitar um convite de despedida de solteira de sua amiga que há muitos anos não tinha contato, ela sente uma sensação de que algo ruim vai acontecer e de que não devia participar dessa pequena reunião; para piorar a situação, o local da festa é em uma floresta e em uma Casa de Vidro bastante perturbadora, pois dá a sensação de que serão observados a todo momento.
Junto com sua amiga Nina, que também foi convidada, já que foram amigas de Faculdade, viajam para encontrar e comemorar a despedida de solteiro de Clare. Ao chegarem na casa, conhecem Flo, uma mulher bastante estranha e, se não fosse pelo peso, pareceria ser a cópia de Clare. A paixão e admiração da garota pela a amiga chegava a ser bizarro, tanto que foi ela quem organizou a despedida. Elas também conhecem Tom, um amigo de teatro de Clare, e Melanie.
O que parecia ser apenas um simples fim de semana de pura bebedeira, curtição e festança torna-se um pesadelo depois de Nora acorda no hospital com a absoluta sensação de que alguém morreu. Para agravar a situação, não consegue lembrar com detalhes o que de fato aconteceu na noite anterior, o que parece ser bastante importante para a delegada Lamarr, que aos poucos revela alguns fatos devastadores a Nora.
O livro já começa com esses mistérios: Quem morreu naquela noite? Como? E o que Nora fez? Fica uma grande tensão, pois a autora intercala os capítulos entre o que estava para acontecer na Casa de Vidro e o presente com Nora no hospital sem conseguir lembrar e saber o que aconteceu com os outros e o que de fato aconteceu na casa, isso sem tentar cair nos seus devaneios fantasiosos de escritora.
Tudo deveria ser resolvido quando Nora recuperasse suas lembranças da noite da festa, revelando o que aconteceu com os outros da casa, mas, ao decorrer da leitura, percebe-se que o passado da escritora é um grande mistério e que parece guardar a grande solução para acabar com esses suspenses e descobrir o motivo do assassinato que ocorreu na Casa de Vidro.
A sensação de quealguém mentia fez com que eu desconfiasse cada vez mais das ações e jeito dos personagens. Uma hora desconfiava do Tom, outra da Flo e assim em diante; os movimentos suspeitos eram muitos até para um leitor mais atento. Cada personagem parecia carregar uma personalidade suspeita para o caso. Clare sabia como ser boa e cruel quando quisesse, Flo parecia ser seu cachorrinho e não tinha filtro para o que quer que esta mandasse ela fazer ou insinuar a fazer, Tom parecia ser bastante intimidador e curioso com o passado de Clare e Nora, Nina era muito sarcástica e audaciosa, Melanie era muito na dela e aparentemente parecia desinteressada pela despedida, e por fim Nora, que poderia ser até a culpada, já que às vezes o cérebro apaga lembranças que podem trazer grandes problemas a pessoa como um modo de defesa. Todos eram suspeitos, mas quem era o culpado?
Percebe-se que o assassinato é só a ponta do iceberg dos mistérios, pois se Nora não consegue lembrar muito bem do que aconteceu, imagine a confusão e desespero que foi para tentar vasculhar suas memórias e reviver lembranças e sentimentos até então esquecidos por ela. Lamarr não parecia querer ajudá-la e, ao mesmo tempo, não seria muito maleável.
As perguntas que pairam a todo momento: O que foi que aconteceu? Quem morreu e por quê? São essas questões que fazem o mistério e a tensão ficarem intensos ao ponto de eu não conseguir largar o livro por nada. O que poderia ter acontecido de tão grave que Nora não conseguia se lembrar? E porque seu passado pode ser a chave para esse mistério?
A presença da delegada Lamarr causa muita aflição, desespero e angústia, principalmente quando ela aparece com provas irrefutáveis e o cerco contra Nora começa a se sem ao menos ter a oportunidade de se defender. Eu estava sentindo na pele o que a personagem sentia e ficava confusa e desesperada para saber o que aconteceu e como seria o desfecho da história; estava totalmente vidrada com tudo.
A escrita da Ware é alucinante e bastante ágil, conduzindo um enredo tão forte e viciante que não dava tréguas para eu poder respirar; o coração acelerava na medida que chegava ao momento da grande revelação, que foi um grande tapa na cara, pois, por mais que tivesse reparado em algumas pistas que tinham a ver com o caso, não chegavam a ser o principal. A autora faz um jogo com o leitor fazendo-o crer que está no caminho certo dos suspeitos e que poderá acertar no final, mas é uma grande ilusão. Acabei terminando o livro quase sem ar e bastante impressionada com a intensidade em que tudo aconteceu e desenvolveu-se para chegar até o final. Foi uma verdadeira montanha russa de emoções que levaram a um desfecho ainda mais enlouquecedor e abrasador.
Terminei o livro em horas, fui dormir de madrugada, porque não consegui – e eu tentei – largar a obra. Conforme avançava na história, os capítulos ficavam mais intensos e com desfechos que eram impossíveis de ser deixados para o dia seguinte. Fazia muito tempo que um livro não tirava meu sono e sossego. Nunca imaginaria que essa história me faria ficar acordada até 3h da manhã e, ainda por cima, deixou-me embasbacada e demorei a dormir com tudo que tinha lido.
A Rocco está de parabéns com o trabalho que tiveram com esse livro; gostei da textura da capa, mas não gostei muito da própria capa. A tradução da Alyda Sauer ficou impecável, a revisão está excelente e a diagramação ficou perfeita e bastante confortável.
Se você gosta de thrillers daqueles que tiram seu sono com um enredo enlouquecedor e sedutor, não pode deixar de ler essa história que envolve muitos mistérios, tramas sombrias, traição e ressentimentos que o farão ler até o fim para saber se Leonora Shaw é inocente ou culpada.