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Resenha: Até eu te possuir

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Título: Até eu te possuir
Autora: Soraya Abuchaim
Editora: Ella
ISBN: 9788584050703
Ano: 2016
Páginas: 284
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Sinopse:

Johanna Dorne é uma mulher que perdeu todas as pessoas que amou. As tragédias de sua vida começaram com um acontecimento marcante quando ela tinha 13 anos.
Três décadas depois, ela se transformou em uma mulher solitária, confusa e inclinada à autocomiseração, que não consegue manter contato social com ninguém. Até conhecer Michel Brum, um homem charmoso e misterioso que a resgata de sua vida patética, devolvendo-lhe a felicidade há tanto tempo perdida. Só que Michel acaba mostrando que não é tão perfeito assim, e um segredo mortal jogará Johanna novamente em um abismo.

Resenha:

Johanna é uma mulher solitária. Com o passar dos anos, foi perdendo uma a uma as pessoas que amava. Por isso, de certa forma, ela se sente amaldiçoada, como se a morte acompanhasse as pessoas que ela nutre algum carinho. Exatamente por isso, se mantém fechada, reclusa, evitando qualquer contado mais profundo, mais íntimo. Porém, tudo muda quando ela conhece Michel.

Com a entrada dele em sua vida, Johanna parece redescobrir a felicidade, o amor e o sentido da existência. Principalmente porque Michel é um príncipe quase encantando. Até que... Sempre havia um até que na via de Johanna. O seu companheiro começa a se mostrar totalmente diferente de antes. O ciúme era latente; a dominação, constante. O sonho que parecia vívido vai murchando mais rápido que a protagonista imaginou.


Essa é a premissa de Até eu te possuir; um arco narrativo simples, mas muito poderoso, principalmente por causa da estratégia de desenvolvimento escolhida pela Soraya. Com a alternância entre presente e passado, a autora vai nos fazendo entender melhor como tudo aconteceu na vida da protagonista e como os elementos traumáticos vão se encaixando. O que era para ser um romance acaba ganhando, hora ou outra, ares de suspense, o que é ótimo.
“Meu sangue gela e sinto as pernas virando gelatina. O que Michel está tramando? Por que está me fazendo prisioneira em meu próprio lar?” (p. 212).
Outra estratégia muito bem utilizada foi a narrativa em primeira pessoa. O fato da Johanna ser muito reclusa faz com que esse aspecto seja muito interessante, visto que somos levados a entrar em seus pensamentos, entender seus anseios e até as suas inseguranças. Essa narrativa permite, inclusive, nos fazer compreender melhor certos aspectos do relacionamento que parecem tão hediondos vistos por fora. A dependência que se estabelece, quando olhada por dentro, ganha outros ares.

Também é um fator determinante para que a obra se destaque a abordagem sobre os relacionamentos abusivos. Estes, existentes aos montes em nossa sociedade, são muito bem retratados na obra, fazendo que o livro ganhe até um aspecto de conscientização. Além disso, faz com que o leitor diminua seus julgamentos em relação às pessoas que são presas a esse tipo de envolvimento sentimental.


Outro ponto que agrada no livro é a escrita da autora, que consegue ser leve e densa ao mesmo tempo, demonstrando a profundidade de um bom romance e mantendo o ar mais soturno digno de um suspense. Isso faz com que o leitor fique preso à obra do começo ao fim.
“Chego mais uma vez à conclusão de que entendo perfeitamente uma mulher que sofre abusos e continua na mesma vida sofrida: não dá para desligar do seu algoz, é impossível, como um imã atraído pelo polo oposto. O fato de pensar nisso de novo me assusta” (p. 228).
O único ponto que estraga um pouco a experiência com a obra é a sinopse que revela demais. Se nela não fosse entregue, de cara, o aparecimento de Michel e seu papel no arco narrativo, talvez o mistério fosse mais profundo, e a experiência com a obra mais intensa. Contudo, esse é um detalhe pequeno diante do bom conteúdo da obra.

Para deixar o texto ainda mais completo, o livro conta com uma boa parte física. A capa é bonita e consegue transmitir bem a solidão e o lado mais sombrio retratado no livro. A diagramação, por sua vez, é bonita e muito confortável; a revisão, por sua vez, foi bem feita. Ou seja, tudo contribui para que tenhamos uma boa leitura.


Em suma, Até eu te possuiré uma obra muito boa, que trata de um assunto denso, e que possui excelentes personagens. Sem dúvida, uma obra nacional que merece ser conferida.




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