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Resenha: Noites Negras de Natal

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Sinopse:
Um casal numa jornada sombria, um jovem isolado com os sobrinhos em um sítio macabro no interior de Minas, operários numa obra suspeita e uma mulher amaldiçoada. São esses os personagens que você vai encontrar em Noites Negras de Natal e outras histórias. Nessa coleção de 4 contos, as escritoras Karen Alvares e Melissa de Sá se lançam em histórias sobre o que tem no escuro da noite e atrás da porta. 4 contos de terror, dos quais 2 são especiais natalinos. Do que você tem medo no Natal?

Resenha:
Noites Negras de Natal é uma obra escrita por Karen Alvares e Melissa de Sá. O livro contém quatro contos, sendo dois de cada uma, de forma intercalada. O primeiro trabalho apresentado por Karen chama-se: O último Panetone de Natal.

Rafaela e Pablo são namorados. A garota perdeu os pais em um acidente de carro. Eles estavam na mesma estrada que ocorreu o acidente, pois ela queria passar pelo último local que seus pais estiveram. Dessa forma, tentaria superar o que aconteceu.
“Rafaela nunca foi uma namorada convencional. Por isso, Pablo queria dizer uma garota que gostasse de receber flores, que usasse saias ou que fosse delicada para comer – o padrão, segundo o que ele pensava. Nada disso. Ela sempre foi o oposto e, para falar a verdade, era isso que o encantava” (p.07).
O conto se passa na época do Natal, isso é evidente, pelo título. Seria o primeiro Natal que ela passaria sem os pais. Os pais de Pablo são separados. Sua mãe não comemora o Natal e seu pai celebra com as amantes, esses fatores fizeram com que ele não tivesse tanta afeto pela data.

Na viagem, os dois estavam praticamente perdidos, mas Pablo não queria admitir. Aliás, eles nem sequer sabiam onde queriam ir, além de passar pelo local do acidente. Ambos estão famintos e, então, notam uma pousada na estrada e eles param para fazer sua refeição. Esse é o ponto chamativo, angustiante e misterioso da obra. Tudo começa a acontecer e deixa o leitor preso ao desfecho. O que será que acontecerá? Leia o conto para descobrir!
“Levou a mão até a barriga e viu o sangue escorrendo de um jeito quase insano. Sua mão agora pingava sangue, havia carne dele mesmo debaixo das suas unhas, suas próprias tripas tão visíveis quanto o piso branco em que se apoiava” (p.14).
O segundo conto é escrito por Melissa, cujo o título é Lembranças Vermelhas. Ele também se passa em época de Natal. A história começa com Julian tendo que comer chili. O nome é bem feio, confesso, e a apresentação do prato não é nada convidativo. Leiam e saberão o porquê.

Julian é irmão de André. André é casado com uma escocesa chamada Marion. Ela tem dois filhos: Nicholas e Maureen. Porém, o pai das crianças não é André, mas seu ex marido, um norueguês. Abandonou-a assim que a primeira criança nasceu.
“Eu vou pegar a pickup – Julian odiava o modo como André insistia em dizer ‘pickup’ ao invés de simplesmente ‘carro’ como qualquer outro ser humano normal – para buscá-los. Vocês fiquem aqui e tomem conta do Natal.
Como se o Natal fosse fugir e deixá-los ali no sítio” (p.22).

Além de vários personagens descritos, um morto também é apresentado na história: Hermílio. André sempre dizia que ele havia morrido quando caiu de uma cerca, em sua casa, e quebrou o pescoço. Contudo, seu irmão tinha dúvidas disso. Julian sempre acreditava que Hermílio era um homem muito bom e morreu porque estava velho e acabou ficando doente, mas ele não tinha certeza e, sequer, tinha como descobrir.


Ana, irmã caçula de Julian e André, está indo passar o Natal com eles. Porém, o excesso de chuva deixa-a presa na estrada. André e Marion vão buscá-la, enquanto Julian toma conta das crianças. É esse o ponto chave para deixar o leitor curioso para saber o que acontecerá.
“Sua pele vermelha ressaltando seus olhos maus. Sua galhada descascada cheia de sangue. Sua boca aberta, os dentes afiados e malignos pingando saliva” (p.27).
O segundo conto de Karen e o terceiro escrito na obra chama-se Setor B12. Imaginei que todas as obras teriam o Natal como tema, mas estava enganada. Setor B12 é uma mistura de loucura, mistério e criatividade.

Beto está desempregado há nove meses. Ele mora de aluguel, porém, o dono o imóvel lhe ofereceu duas opções: ou ele paga o aluguel ou será despejado com sua mulher e sua filha. Beto sempre procurara emprego, contudo, ele era negro, o que tornava tudo muito complicado. Quando ele pedia uma vaga de trabalho em algum local, sempre era menosprezado de forma preconceituosa. 


Um determinado dia, ele estava em uma fila para conseguir um emprego. Havia várias pessoas querendo uma vaga, um deles era O velho. Ele estava amedrontando todos dizendo que aquela obra era mal assombrada. Alguns acreditaram e saíram da fila, entretanto, Beto permaneceu e conseguiu o seu emprego, depois de tantos meses sem trabalhar. O que ninguém sabia era que aquelas palavras de O velho poderiam ser verdadeiras. E se fossem?
“E enquanto Beto o observava, ele foi mudando; a pele enrugada e branca como papel, cheia de verrugas e pintas de velho, foi derretendo, derretendo que nem ferro na fornalha. A cor da pele estava escurecendo, transformando-se em cinza, então o velho parecia um monte disforme de massa de cal e cimento, algo que poderia desmontar no chão ali mesmo. Aqueles olhos amarelos encaravam Beto como fendas” (p.39).
O último conto é de Melissa. A morte do Cisne, para mim, foi um conto que não me cativou muito. Achei a história maçante e fraca, esperava mais por um desfecho do livro. Todavia, sei que muitos irão gostar da história, pois ela é bem diferente e, quem assistiu Cisne Negro e gostou, certamente, irá se identificar com essa história.

Para mim, a história é composta de metáforas. Enquanto estamos lendo a obra, pensamos que, a todo o momento, estamos lendo sobre uma pessoa apaixonada por outra. Claro que o título do conto revela o mistério, porém, não deixamos de pensar isso.
“Toda vez que ele pegava um cisne, me levava junto. Ele queria que eu visse. Que eu visse o sangue, a morte, os apelos por piedade, a humilhação. Então ele jogava o corpo no lago. E nós cisnes chorávamos a morte” (p.45).

Achei a história bem triste e me deparei como algumas coisas que são tão absurdas e muitos não notam. Embora não tenha sido o meu conto preferido, a forma abordada pela autora ao descrever é bem emocionante.
“Eu tinha certeza, veja bem como é o amor, eu tinha certeza que você quebraria o feitiço. Que eu seria livre para voar. Como no seu sonho. Eu confiei em você e no seu amor. Mas agora o que tenho é sangue” (p.47).
A obra é um conjunto de diferentes contos. Fiquei indecisa em escolher o meu preferido. Já tinha visto a resenha do meu noivo sobre a obra da Karen e tinha gostado bastante de sua forma de escrever. A escrita da Melissa eu não conhecia e fiquei surpresa.

O livro é bem construído no suspense; é tudo muito misterioso e intrigante. Contudo, alguns finais, pensei que poderiam ter mais conteúdos e ser mais reveladores, a exemplo do primeiro. Embora ele tenha sido um dos que mais gostei, fiquei me perguntando o motivo que levou àquele desfecho. Acredito que poderia ter trabalhado isso e ter deixado o leitor mais satisfeito. Estou até agora imaginando vários porquês.

Notei alguns erros na obra, mas nada que desmerecesse ou dificultasse o entendimento do leitor. Aos apaixonados por histórias de suspense e, até mesmo, de terror, irão gostar bastante deste livro.

Titulo: Noites Negras de Natal
Autoras: Karen Alvares e Melissa de Sá 
Editora: Independente
Ano: 2012
Páginas: 64

http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/05/resultado-do-top-comentarista-de-abril.html

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