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Resenha: Crave a Marca

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Título: Crave a Marca
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco Jovens Leitores
ISBN: 9788579803284
Ano: 2017
Páginas: 480
Compre: Aqui

Sinopse:

“Não há lugar para a honra na sobrevivência.”
Fãs de Star Wars e Divergente vão adorar a nova série de fantasia e ficção científica da escritora best-seller internacional Veronica Roth.
Em um planeta onde a violência e a vingança imperam, em uma galáxia onde alguns são afortunados, todos desenvolvem habilidades especiais – o dom-da-corrente – um poder único para moldar o futuro. Enquanto a maioria se beneficia desses dons, Akos e Cyra não. Seus dons-da-corrente os tornam vulneráveis ao controle dos outros.
Será que vão conseguir recuperar o controle de seus dons, de seus destinos e das próprias vidas, e ainda instaurar o equilíbrio de poder no mundo?
Cyra é irmã de um tirano brutal que governa o povo de Shotet. Os dons especiais da jovem causam dor, mas trazem poder – algo explorado por seu irmão, que a usa para torturar seus inimigos. Mas Cyra é muito mais do que uma arma na mão do irmão: ela tem uma resistência fora do comum, o raciocínio rápido e é mais esperta do que ele imagina. Akos vem de Thuvhe, a nação amante da paz, e a lealdade à sua família não tem limite.
Mesmo protegido por um dom especial incomum, Akos não evita que ele e seu irmão sejam capturados por soldados inimigos shotet. Akos se desespera e quer resgatar o irmão vivo, não importa a que custo. Quando Akos é empurrado para o mundo de Cyra, a inimizade entre seus países e famílias parece intransponível. Acreditando ser a única saída, Akos decide se unir a Cyra. Uma união que pode resultar na sobrevivência – ou na destruição de ambos…
Numa narrativa eletrizante, no viés de Star Wars e Divergente, Veronica Roth explora – com equilíbrio e pungência – a história de um jovem que faz uma aliança com o inimigo para escapar da opressão que governa sua vida. Juntos, partem em busca de seus únicos objetivos: para um, a redenção; para o outro, a vingança.

Resenha:

Estou sem palavras para este novo livro da Veronica Roth, não imaginava que iria amar tanto a história, pois não estava muito confiante se iria gostar, já que, da série Divergente, li somente o primeiro e não senti interesse pelos seguintes. Contudo, esta nova história da autora conquistou-me de um jeito inexplicável, tem tudo o que gosto em um livro. Quer saber o porquê? Confira abaixo.

No início, conhecemos um pouco a vida de Akos Kereseth, seus irmãos Eijeh e Cisi e pais, sendo sua mãe a oráculo do planeta Thvhe, uma tarefa nada fácil, pois mesmo quando se sabe sobre o futuro, nem sempre consegue alterá-lo, ainda mais quando a pessoa em questão possui uma fortuna. A família Kereseth possui mais de uma, o que faz com que muitas outras famílias sendo uma grande ameaça, sendo isso a causa da captura do jovem Akos pelos seus inimigos shotet.

Assim como conhecemos a vida do thuvhesitas, sabemos sobre o povo shotet através de Cyra Noavek, filha de um tirano cruel que só pensa em poder e nada mais, seu irmão Ryzek sofre a dura pressão de ser o próximo herdeiro e governante. Enquanto é ignorada pelo pai, aprende precocemente a lidar com seu dom-da-corrente – todos possuem um dom que corre em suas veias, para alguns é como uma dádiva para outros é como uma maldição e um fardo –,  o que para Cyra estaria mais próximo de um fardo; seu poder é angustiante e a forma como seu irmãos apropriam-se dele é deplorável.

Akos e Cyra se conhecem de uma forma nada comum e por serem de duas raças diferentes criam uma hostilidade imediata; aprenderam desde pequeno a odiarem-se e a ver o pior em cada um; as histórias que sabem sobre seu povo são completamente diferentes entre si, em algumas os shotet são os mocinhos em outros os thuvhesitas que são, então já conseguem imaginar a falta de confiança que existe entre os dois.


Infelizmente não existem muitas escolhas a Akos: para sobreviver, precisa servir a família Noavek e tentar proteger e salvar seu irmão mais velho. Sua única saída parece ser ter que se unir a Cyra; a partir dessa união a sobrevivência parece possível; porém, pode acontecer o pior, pois se a garota shotet for igual ao irmão tirano, será uma tarefa árdua, mas aos poucos o que antes era uma rivalidade começa a transformar-se em uma amizade.
“Homens como Ryzek Noavek não nascem; eram feitos. Mas não era possível voltar no tempo. Da mesma forma que ele tinha sido feito, precisava ser desfeito”.

Ryzek é um homem cruel e frio, sua história é contada aos poucos e talvez dê até para entender um pouco porque se tornou assim, mas a raiva e aversão que senti por ele foi só aumentando, é impossível gostar de uma pessoa que é tão horrível e covarde, um tirano que só visa seu próprio bem ultrapassando e derrubando quem estiver em seu caminho para conseguir poder. Ademais, não tem sensibilidade ou compaixão em usar como bem quiser o dom-da-corrente de sua própria irmã.

Akos e Cyra são jovens completamente diferente entre si, enquanto Akos teve uma infância feliz e alegre com sua família, a de Cyra foi de muitos esforços e lutas para conseguir receber a aprovação de seu pai, ganhando em troca cada vez mais a solidão. Com tantas diferenças e ressentimentos, parecia impossível tolerarem-se, mas, aos poucos, começam a deixar a hostilidade de lado e uma amizade começa a surgir. Ainda que confiança seja algo difícil para ambos, tentaram, pelo menos, ter algum tipo de relacionamento que fosse benéfico para os dois.

“Aquele era o problema de ter tanta convicção de que se é terrível –  a pessoa acha que os outros estão mentindo quando não concordam com você”.

Cyra Noavek, com toda certeza, foi a personagem que mais me cativou; ela é inteligente, corajosa, ardilosa, brutal e, mesmo que pareça impossível, é gentil, ainda que a fama e boatos que circulam pela galáxia digam o contrário. Desde o início percebi como era ser o segundo filho, sem amigos e solitária devido a força do seu dom que impedia de ter contato com outras pessoas; há seis estações que ficou muito reclusa em seu quarto e, depois da morte de sua mãe, tornou-se uma pessoa amargurada e que acreditava que só conseguia ver e ser o pior. É impossível não se apaixonar por seu humor deturpado, e sua língua afiada conseguia ser brutal e delicada ao mesmo tempo, seus diálogos com Akos normalmente eram carregados de ironias e alfinetadas, o que não deixava de ser engraçado e admirável entre eles.
“ – O dom de uma pessoa vem de quem ela é – disse Ryzek.–  E ela  é o que o passado fez dela. Pegue às lembranças de uma pessoa e tomará o que a faz ser quem ela é. Você pega seu dom. E por fim…”.
É fascinante o conceito sobre a fortunas, como o futuro é visto pelos oráculos e Assembleia; como são os outros planetas, sua história, povo e cultural; em perceber como a ganância, individualidade, preconceito e individualismo são fortes na trama e o desenvolvimento destes é trágico. Fiquei deslumbrada em como é criado o ambiente do romance, os conceitos, vestimentas, suprimentos, os dialetos e muitos outras expressões e relatos interessantes e exuberantes. Conseguia com muita facilidade imaginar o cenário retratado e ver nas telonas.


É impressionante como ameaças, ordens, fúria e, principalmente, o medo pode transformar e pronunciar alguém, Ryzek não parecia mais ser o irmão bondoso, atencioso e amável, não era mais aquele garoto com medo das crueldades e atrocidades que vislumbrava acontecer, o poder que seu pai exerceu sobre ele o mudou completamente.

Fiquei tão acostumada com o enredo sendo narrado pela Cyra que quando Akos narrava sentia aquela necessidade enorme de ler pela visão dela, talvez por ser em primeira pessoa, enquanto do Kereseth era em terceira, mas eu gostava bastante de como a jovem enxergava as pessoas e os mundos que a cercam, é olhar tão singular e significativo que faz tudo ser encantador e fascinante.
“–  Encontre outra razão para continuar –  aconselhei. – Não precisa ser boa ou nobre. Precisa apenas ser uma razão”.
Quando as revelações enfim começavam a aparecer, foi de tirar o fôlego, o clímax é bastante intenso, pois as suspeitas que eu tinha haviam ficado por tanto tempo esquecidas depois de tudo o que já tinha acontecido: as novas descobertas, como eram as fortunas e quem eram seus donos; fui levada com muita facilidade pelos acontecimentos. Em que momento a manipulação consegue ter seu fim e o fardo e martírio começam a ser um peso nos ombros?  E ainda assim a pessoa consegue desenvolver a empatia e conseguir olhar com bondade e pureza para o mundo como sempre conseguiu, mas sem conseguir ou poder admitir?


As cenas de lutas são fenomenais e faziam minha adrenalina subir, minha angústia e ansiedade – que não é normal – aumentarem, conseguia com muita simplicidade imaginá-las e ficar abismada e apreensiva com os desfechos. Sem contar que os acontecimentos são tão bem arquitetados que, quando eu pensava que podia parar de ler, não conseguia e devorava mais páginas que viravam capítulos e percebia que tinha lido mais de trezentas páginas em horas. Terminei o livro embasbacada com as reviravoltas que nunca imaginava que iria acontecer e cheia de teorias do que pode acontecer no próximo livro, porque há muitas as revelações.

É inquestionável que a Veronica tem uma escrita tão envolvente e inebriante, que faz com que eu perca a noção do tempo e até torcia para ler muitas páginas em poucas horas para poder ler mais, porque a sede pela leitura era enorme. De longe, Crave a Marcaé o melhor livro escrito pela autora. Mesmo que eu só tenha lido Divergente, percebo que é o melhor, pois estou ansiosa demais pela continuação que será também o último da série; não vou ficar chateada se a Roth fizer o próximo com mais de quinhentas páginas para compensar a saudade que ficarei dos personagens.
“Corações frágeis fazem valer a pena viver neste universo”.
O livro fala principalmente sobre preconceito e racismo com uma sutileza que talvez poucas pessoas vão notar, percebi que algumas pessoas acharam o livro racista, mas se lerem ou perceberem com mais atenção, verão que é exatamente essa a crítica da autora, o preconceito que encontramos nessa história é o que vivemos, são os julgamentos que fazemos inconscientemente e muitas vezes sem fundamentos, é não gostar de uma pessoa porque ela não segue ou aceita o que você quer, é não ter empatia e amor pelo próximo. Akos e Cyra mostram que a amizade e amor podem superar todas essas barreiras, ao aprenderem a amar cada defeito e enxergar o outro como nunca conseguiram antes, é sacrificar-se por um ideal que não é o seu, mas que é o bem para todos, e é lutar por pessoas e não apenas pelas raças, cores, ideias e benefícios próprios. Espero que vocês consigam perceber essas nuances e ficaram tocados por essa história.


São muitos elogios que tenho a fazer a esse livro; eu praticamente dormi e acordei lendo essa história, foi uma das melhores leituras que fiz esse ano, por enquanto. São tantas palavras que quero para descrever esse romance e, mesmo assim, sinto que faltam muitas outras, também não vou querer encher vocês para tornar essa resenha cansativa, eu só recomendo apenas um conselho: leiam antes de julgar qualquer coisa e isso vale para esse livro.
“– Honra – falei, bufando.–  Não há lugar para honra na sobrevivência”.

A Rocco dessa vez surpreendeu-me com a rapidez que o livro chegou para nós e só podemos agradecer pela confiança! A capa é esplendorosa e esse título tem um significado tão forte que ainda estou impactada; a tradução do Petê Rissatti ficou impecável, a revisão é excelente e a diagramação bastante confortável e adequada ao livro.

Se você gosta de histórias que lhe levam a pensar sobre a sociedade que vive e a ler os verdadeiros significados nas entrelinhas, ficará maravilhado com esse livro.





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