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Resenha: A Rebelde do Deserto

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Título: A Rebelde do Deserto
Autor: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
ISBN: 9788565765992
Ano: 2016
Páginas: 288
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Sinopse:


Primeiro livro de uma trilogia que combina mitologia árabe com faroeste para criar uma história fascinante — repleta de romance, aventura e magia.O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.Amani Al'Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

Resenha:


A Rebelde do Deserto foi um livro que, quando li a sinopse, fiquei louca para conhecer, mas como era muito compulsiva e comprei muitos livros, acabei esquecendo-me de ler este; entretanto, quando soube que sairia o segundo volume esse ano, corri para ler. A leitura, aliás, não poderia ter sido melhor. Quer saber o motivo? Confira abaixo.


Amani Al’Hiza é uma jovem que deseja fugir de seu destino, perdeu seus pais em um final trágico, seus tios são as piores pessoas, tornando sua vida insuportável; sua tia Farrah parece odiá-la, e sua filha Shira também. Desde quando se lembra, Amani treinou sua mira através de latas, garrafas e muitos outros alvos, tornando-se uma das melhores atiradoras do deserto. Por ter essa habilidade, acaba entrando para um concurso de tiro, a fim de conseguir um bom dinheiro e fugir para Izman e talvez ter uma vida melhor, longe da Vila da Poeira.

Por mais que eu soubesse que ela atirava bem, batia aquele medo de algo daria errado, além de perder. Vestida como um garoto, ninguém poderia desconfiar de quem ela poderia ser, a não ser a cor azul dos seus olhos que a denunciavam para aqueles que a conheciam. Enfrentando vários obstáculos difíceis, ela consegue ter seu destaque e conhece um forasteiro misterioso que parece não ter se intimidado com sua mira certeira.

O grande feito, que parecia ser algo que daria um pouco de sossego a garota, transformou-se em um grande problema obrigando-a fugir com o forasteiro em um buraqui. Parecia que finalmente seu tão sonhado desejo de liberdade tinha acabado de acontecer, agora seria fácil seguir em rumo a Izman, não é mesmo? Quem dera fosse verdade.

“– Você nunca quis algo com tanta força que se tornou mais que um simples desejo? Preciso sair desta cidade. Preciso disso tanto quanto preciso de ar”.
O homem misterioso chama-se Jin, e é procurado pelo Exército do sultão; para agravar a situação, ela também estaria sendo procurada, já que o acompanhava. Devido a essas adversidades, Amani acaba repensando sobre o que mais quer; talvez Izman não seja o caminho que deva percorrer, e seu coração está balançado e entra em uma briga com sua razão.

Todo livro tem aqueles personagens que a gente odeia, detesta ou tem pena, deste não foi diferente; não sei se fiquei com mais raiva da Shira ou Fazim. Há personagens que eu odeio, mas até aturo quando aparecem, mas com esses era impossível, dava vontade de estapeá-los, fora que são dois covardes e gananciosos.



Quando comecei a ler a história, gostei da nossa heroína automaticamente. Amani é uma atiradora eximia; combinada com sua língua afiada, instinto elevado e uma coragem que atravessa qualquer dificuldade, jamais poderia ser considerada fraca. Desde pequena aprendeu a ser independente e valente, poucas coisas a assustam, talvez apenas o desconhecido. Era isto que Jin era: um desconhecido. Enquanto o passado dela é revelado aos poucos, o de Jin continuava sendo um mistério.
“O deserto não tinha piedade, tampouco a merece. Ele deixava os fracos morrerem, quando não os matava de uma vez”.
Em meio a fugas e lutas, conhecemos o deserto que os personagens atravessam, e como é impressionante conhecê-lo. As descrições da autora fizeram-me imaginar um lugar mágico; os mitos e lendas que as areias carregam são fascinantes, as histórias sobre os monstros, os seres mágicos, e as criaturas mortais e imortais que andam pelo deserto como os andarilhos e carniças.

Conforme Amani tenta fugir para Izman, percebe que esse desejo não é tão importante como imaginava, as histórias que sua mãe contava talvez tenha sido tão marcantes e significativas em sua vida que acabaram cegando-a sobre o que significava tornar-se uma rebelde do deserto. Quanto mais tempo passava com Jin, mais refletia sobre suas escolhas e tornava-se alguém mais madura, corajosa e decidida. Seu caminho, inevitavelmente, cruza-se com o dos rebeldes e aquela ambição que a motivava a fugir talvez se transforme em algo muito maior.

“– Você é este país, Amani. –ele disse, mais baixo agora.– Mais viva  do que qualquer coisa deveria  ser neste lugar. Toda feita de fogo e pólvora, com um dedo sempre no gatilho”.
Mentiras e segredos são revelados e posso dizer que fiquei bastante surpresa, pois algumas verdades são óbvias para nós, mas para a personagem não. No entanto, são poucas as que são visíveis, as mais chocantes e de nos deixar boquiabertos são tanto uma surpresa para Amani quanto para nós e acontecem em um momento que a nossa heroína estava completamente despreparada e vulnerável.

Entre tantos personagens, ficou impossível gostar apenas de um, cada um conquistou-me de um jeito diferente: Bahi por ser hilário, e só de falar dele torna-se inevitável sorrir, ainda mais quando lembro dos seus discursos cômicos e espirituosos; Shazad, que tem um jeito muito parecido com a Amani, além disso, proporcionou alguns diálogos divertidos com Bahi, e suas ameaças normalmente transformava o ambiente ou conversas divertidas, acho que foi a segunda personagem que mais gostei; Delila, que é aquela personagem que ganha a gente por ser muito nova e fofa; e Hala pela sinceridade ácida.



Além do deserto, o livro aprofunda-se bastante sobre como a mulher era vista na sociedade; poucos eram os lugares que as valorizavam e tratam-nas como igual. Em sua maioria, como na Vila da Poeira, o machismo é bastante presente; nascer mulher já poderia ser considerado um motivo de vergonha e por isso deveria submeter-se aos caprichos e desejos dos homens. Amani não poderia ter voz, poder e nem autonomia sobre o próprio corpo e escolhas; se fosse pedida em casamento, não poderia recusar, e se fosse estuprada ou abusada, seria uma pessoa odiada e apedrejada. Acho que será um pouco difícil para as leitoras lerem e não sentir a empatia pelo o que Amani e as outras mulheres passavam.

As crenças da rebelião são inspiradoras e intensas, principalmente porque buscam mudar seu país e livrá-lo do domínio e autoridade de um homem impiedoso e ganancioso, que só pensa em controlar e não em seus súditos e protegidos. É com este dever de justiça e de tornar o mundo melhor para as pessoas que Amani descobre ter um grande potencial e possui um poder que até então desconhecia, mas que sempre esteve presente em seu ser.

Não esperava que fosse gostar tanto da história e que a leria em tão poucas horas, só parava para beber água ou comer quando o corpo estava quase implorando, pois quando tentava fazer algo, sempre pensava “só mais um capítulo e farei tal coisa” e quando percebia já tinha se passado mais de três capítulos. Quando uma história nos envolve com tanto ardor e paixão fica difícil largá-la, principalmente por causa dos seus tantos personagens carismáticos, ambientes impressionantes, lendas e mitos extraordinários, magia, ação e muitos outros pontos positivos, fora que a escrita da Alwyn Hamilton é envolvente e encantadora. Já estou ansiosa para ler A Traidora do Trono, porque esse título já me deixou arrepiada.

Adoro quando o autor faz um agradecimento e conta como foi o processo para escrever o livro e no final agradece quem deu a oportunidade de conhecer sua escrita e história, sempre acabo sentindo-me abraçada pelo autor e conseguindo sentir sua felicidade por ter escrito um livro.

Tenho que elogiar demais essa capa que está incrivelmente linda, os detalhes em dourado contrastando com esse azul ficou espetacular, ainda bem que a Seguinte escolheu a capa original e estão de parabéns por este trabalho. A tradução do Eric Novello ficou excepcional, a revisão está excelente e a diagramação caprichada.

Magia, lendas, criaturas imortais e muita história são o pano de fundo de uma jornada de autodescoberta de uma jovem que deseja apenas fugir da violência e crueldade do seu povo, mas que acaba descobrindo que essa fuga seria o começo de um longo caminho, extraordinário e perigoso. Não deixe de acompanhar as façanhas da rebelde do deserto.





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