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Resenha: Branca de Neve tem que morrer

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Título: Branca de Neve tem que morrer
Autora: Nele Neuhaus
ISBN: 9788564850149
Editora: Jangada
Ano: 2012
Páginas: 472
Compre: Aqui

Sinopse:

Thriller revelação do ano na Alemanha com mais de 1 milhão de exemplares vendidos. Numa noite chuvosa de novembro, Rita Cramer é empurrada de uma passarela e cai em cima de um carro em movimento. Pia e Bodenstein, da delegacia de homicídios, têm um suspeito: Manfred Wagner. Onze anos antes, a filha de Manfred desaparecera, sem deixar pistas, e um processo baseado em provas circunstanciais condenou Tobias, filho de Rita Cramer, a dez anos de prisão. Logo após cumprir a pena, Tobias retorna à sua cidade natal e, repentinamente, outra garota desaparece. Os acontecimentos do passado parecem repetir-se de maneira funesta. Pia e Bodenstein se deparam com um muro de silêncio. As investigações transformam-se numa corrida contra o tempo, iniciando uma verdadeira caça às bruxas.

Resenha:

Como já tinha lido o livro Lobo Mau (resenha), que também é da autora, já sabia mais ou menos o que esperar da obra e, felizmente, não me decepcionei. Embora, na minha concepção, haja alguns problemas, a leitura foi muito envolvente e também gratificante.

Tobias é um rapaz bonito, inteligente e com um futuro brilhante, porém, em uma noite banhada a ciúme e bebidas alcoólicas, ele vê tudo se perder. Duas garotas morrem e, apesar de os corpos não terem sido encontrados, ele é condenado por assassinato. Motivo: ele alegava não se lembrar de nada, tinha os motivos que poderiam motivar o crime e estava no lugar. Ele era culpado? Só lendo para saber.


Dez anos após os crimes, Tobias sai da cadeia e volta para a sua cidade. Porém, a comunidade o queria longe. Xingamentos, ameaças e até surras são usados como incentivo para que ele deixe o lugar. Ele, persistente, não faz. Porém, as consequências de sua volta não param por aí: a mãe dele é empurrada de uma passarela e fica entre a vida e a morte. Pior: tudo indica que há uma relação com o caso do assassinato das garotas.
“Às vezes ele sentia falta da sua risada, e ficava triste. Naturalmente, sabia que ela estava morta. No entanto, acho mais simples agir como se não soubesse. Nunca perdera totalmente a esperança de rever seu sorriso” (p. 8).
Os investigadores Bodenstein e Kirchhoff são designados para o caso e começam a perceber que existem mais mistérios do que imaginavam naquela pacata cidade. Aliás, boa parte dos moradores não são o que parecem. Investigando os muitos pontos soltos, os investigadores começaram a perceber que uma enorme conspiração pode estar armada.

Partindo da premissa acima, Nele cria uma obra densa, bem escrita e muito intensa. Os personagens são bem construídos e aprofundados psicologicamente, o que os tornam muito mais reais. Ela consegue deixar bem claro, mesmo com uma narração em terceira pessoa, como cada um deles pensa e deixa claro o porquê deles agirem de determinada forma.


Aliás, dentre a enorme gama de personagens criados, os que mais se destacam são os investigadores Bodenstein e Kirchhoff e o eterno suspeito Tobias. O motivo pelo destaque é: a autora trabalhou muito bem os dramas psicológicos e familiares dos três, o que os deixam mais próximos do leitor. Conhecemos bem suas dores e angústias, o que torna a obra muito mais do que um “caça bandidos”.
“– Cumpri minha pena e estou de volta. – Encarou os presentes um a um, que, consternados, baixaram os olhos. – Quer vocês gostem, quer não” (p. 42).
Aliás, grande parte do aprofundamento se dá por causa da escrita da autora. Nele preza por uma narração mais longa, mostrando detalhadamente os ambientes e os pensamentos dos personagens. Se isso, por um lado, deixa a leitura um pouco mais lenta, por outro, todo o enredo se torna melhor amarrado e mais profundo. Além disso, como a autora organiza seus capítulos por dia, conseguimos ter uma visão melhor de todo processo da investigação.

Contudo, nem tudo são flores. Como disse no começo, o livro também apresenta problemas. O primeiro deles é que o exemplar que eu recebi tem páginas faltando; 16, para ser exato. Pelo que pesquisei, não é um problema de todos os livros, mas de apenas alguns e eu fui um dos sorteados. O segundo problema é em relação ao fim da obra. Enquanto a autora manteve uma narração totalmente cadenciada durante toda a obra, no fim ela acaba correndo demais. Por um lado isso é bom, visto que o leitor fica afoito para descobrir toda a verdade. Entretanto, por outro, o fim era exatamente o momento onde tudo deveria ser explicado melhor.


Além do bom enredo, o livro também chama a atenção pela parte física. A capa é muito bonita e representa bem a premissa da obra. Excetuando o problema acima mencionado, a diagramação está boa, com um espaçamento confortável e com letras grandes, possibilitando uma boa leitura. Além disso, também não tenho do que reclamar da revisão e tradução.
“O caso estava exigindo tanto dele que não lhe sobrava tempo para refletir sobre sua própria desgraça. Nesse sentido, ficava feliz. Fazia anos que Bodenstein se confrontava quase diariamente com os abismos humanos e, pela primeira vez, reconhece semelhanças em si mesmo, para as quais, no passado, ele fechara os olhos” (p. 346).
Diante de todos esses aspectos, indico, com certeza, o livro Branca de Neve tem que morrer para todos os amantes da literatura policial. Embora com falhas, o livro cumpre o objetivo de ser envolvente até o fim, fazendo com o que leitor devore cada página.



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