Título: Bruto
Autor: Thedy Corrêa
Edição: 2
Editora: Belas Letras
ISBN: 9788581743301
Ano: 2016
Páginas: 152
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Sinopse:
Imagine-se manuseando os cadernos de Thedy Corrêa e deixe-se levar por textos publicados tal qual surgiram: palavras simples, no estado Bruto, sem retoques. Poemas, divagações em horas de insônia e anotações de viagens se misturam com histórias sobre como surgiram as canções do Nenhum de Nós, banda da qual Thedy é vocalista e um dos fundadores. A edição deste livro também foi concebida para ser lida como se fossem anotações de rascunho no estado bruto, tanto pela capa como pelas costuras aparentes.
Resenha:
Poesia é um gênero complexo de se debater, pois além da parte técnica, há muito do sentimento que esta arte imprime. Um texto te toca ou não toca, sem meio termo, sem ficar em cima do muro. Texto mais ou menos tocante é como beijo morno; não fede e nem cheira, não excita. Infelizmente, Bruto, para mim, foi morno, um livro com um ou outro trecho legal, mas nada além disso. Os motivos? Conto abaixo.
Bruto, como o próprio nome diz, tem a ideia de trazer a arte poética em estado bruto, sem acertos, puro sentimento e calor do momento. Uma medida corajosa e admirável; os deuses sabem o quanto falta coragem na poesia moderna. Porém, quando um texto vai só pelo sentimento, se ele não toca o leitor, não resta nada. Em muitos momentos, esse é o sentimento diante do livro: um vazio; zero sentimento, zero técnica.
As ideias de Thedy são boas, mas talvez seja necessário o autor aprender um pouco mais, amadurecer um pouco mais – amadurecimento é necessário para todos nós, sem exceção. Talvez falte a ele escrever como quem cata feijão¹, como eternizou em versos João Cabral de Melo Neto. Faltou mergulhar mais fundo, para que o leitor possa mergulhar junto. Convencer o leitor a ficar submergido requer técnica e trabalho, além de muito sentimento.
Apesar disso, há bom trechos, boas passagens e algumas ficam marcadas. O amor é uma constante na obra, mas também há espaço para outros sentimentos. Por serem sinceros, podem fazem com o leitor se identifique. E aí está o trunfo da poesia: se o leitor se sentir preso, talvez todo o resto seja irrelevante e essa obra se torne o livro da vida. Sendo assim, vale mais que cada um descubra por si só se Bruto, mesmo que não lapidado, é um diamante ou cassiterita.
Quanto à parte física, porém, restam apenas elogios. A editora Belas Letras preparou um projeto gráfico bonito e com um ar bruto, combinando perfeitamente com a obra. A capa é, na verdade, uma caixinha onde o livro fica guardado, dando um lindo aspecto ao trabalho. O miolo, por sua vez, tem uma boa diagramação e um ótimo aspecto visual, com as bordas com costuras à mostra. O livro também não possui erros gramaticais aparentes, o que ajuda no desenvolvimento da leitura.
Em suma, Bruto foi um livro que não me ganhou e nem me tocou, mas que tem potencial para fazer isso com outros leitores, principalmente se estes forem novos desbravadores no ramo da poesia. Pelo sim, pelo não, indico que todos deem seus mergulhos na obra; você pode acabar gostando.
Outras fotos: