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Entrevista: Eduardo Kasse

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Hoje iremos conhecer o Eduardo Kasse, autor da série Tempos de Sangue, publicada pela Editora Draco, e organizador de algumas antologias. Confira, abaixo, a entrevista completa:
1. Olá, Eduardo. Primeiramente, agradeço a disponibilidade para conversar com o blog. É uma honra tê-lo conosco.
Seus livros estão sempre presentes no Desbravador de Mundos, porém, tenho certeza que há sempre algo mais para falar. Conte aos leitores um pouco sobre o seu trabalho, gênero dos livros, público-alvo e etc.
Agradeço muito pelo convite e pelo espaço. Nós, autores, precisamos estar sempre junto do público: nos eventos, nas redes sociais ou mesmo em papos como esse, portanto, cada oportunidade vale ouro.
Para quem já conhece me conhece, fica o meu e aí, como você está?
Para quem ainda não ouviu falar de Eduardo Kasse, sou escritor de fantasia histórica medieval, autor da Série Tempos de Sangue, e apaixonado por cães.
Meus livros têm como base o realismo, o uso de ambientação histórica (lugares, fatos e algumas personalidades) e a simbiose entre o nosso mundo e o fantástico. É um trabalho para quem curte mitologias, batalhas e descrições sem freios e amenidades.

2. Vampiros, após algumas publicações altamente comerciais, mas de qualidade duvidosa, acabaram caindo no desgosto de muitos leitores. O que você faz para superar essa barreira?
Nosso mundo é imenso. Nossa sociedade global tem bilhões de pessoas. Mesmo se pensarmos só no Brasil, temos milhões de leitores, então, há espaço para todos. Não vivemos numa competição de melhor ou pior.
Não julgo se esse ou aquele livro é bom ou ruim, como leitor, prefiro entender quais são as minhas preferências e gostos, assim busco aquilo que me agrada dentre os tidos já consagrados e entre as novidades no mercado. E os meus leitores também fizeram isso. E assim conheceram a saga dos meus imortais.
Livros não são bens perecíveis e, de certa forma, estão aí para “todo o sempre”. E a cada novo leitor que descobre o nosso trabalho, abrimos portas, criamos vínculos reais. Nunca agradaremos a todos, nem esse deve ser o nosso propósito. A nossa missão é criar um conteúdo com identidade, qualidade e verdade, pois só com essa tríade é possível conquistar os leitores e superar as barreiras.

3. Entrevista boa é quando a polêmica reina; o que você acha sobre os vampiros gourmet, desses que amam ternamente, são bondosos e parecem com uma fada?
Bem, não fazem o meu estilo, nem funcionam para mim. Sou mais old school, sabe? Gosto do vampiro tido como um demônio, como um ser ora maldoso, ora arrogante. Gosto daqueles que se comportam como deuses, ou são apenas humanos, demasiadamente humanos. Quando criei meus imortais pensei sempre na personalidade de cada um. E basta olhar ao redor: há poucas flores no nosso próprio mundo.

4. Em seus livros, o contexto histórico é sempre amplamente explorado e o cotidiano se faz presente de maneira marcante. Qual a importância desses aspectos para você? Como é o seu processo de pesquisa?
Não criei o mundo, trabalho com o nosso. E é com essa premissa que escrevo, portanto, preciso sempre estudar muito para inserir a minha fantasia de forma factível e “possível” dentro da história da humanidade. Gosto de conhecer e tentar entender os costumes, as crenças, os aspectos comerciais, religiosos, bélicos etc.
Meu processo de pesquisa acontece de duas formas:
A primeira é a pesquisa geral. Antes de escrever o livro começo a me ambientar sobre o período em que a história vai acontecer, os principais lugares, os costumes, os fatos históricos e personagens relevantes daquele local.
A segunda é a pesquisa pontual. Já existia tal tecnologia nessa época? Essa planta nascia nesse lugar? Essa distância pode ser percorrida numa noite? Enfim, são detalhes mais específicos e importantíssimos para proporcionar experiências ricas aos leitores.

5. Agora vamos falar dos personagens. Harold, Tita, Alessio, Stella, Liádan... Você construiu uma gama de personagens diferentes entre si, mas aprofundados e psicologicamente explorados. Como é o processo de construção dos seus personagens? Eles são inspirados em pessoas reais?
Como leitor eu odeio – sim essa é a palavra – personagens sem personalidades distintas, que falam sempre da mesma maneira, pensam da mesma forma e têm atitudes iguais. Isso soa falso. Não são vivos, são apenas marionetes.
Cada ser num livro tem a sua identidade: uns são arrogantes. Outros são nervosos. Há aqueles que temem demais e há os porras loucas! E, ao criarmos as nossas cenas, temos que trazer essas personalidades à tona, senão o leitor se enfada e criamos uma narrativa rasa, superficial. E a leitura fica chata demais.
Então, para construir cada um deles, traço perfis físicos, psicológicos e de vivências que moldaram suas personalidades e esse padrão vai se manter por toda a obra, seja essa um conto curto ou uma série com cinco livros. Claro, que cada um deles evolui – assim como nós – no decorrer dos anos (ou dos séculos), mas nada que destoe do perfil. E, se houver uma mudança radical, deve haver os porquês.
Todos eles são um misto de pessoas reais, comportamentos reais e da imaginação, claro. Nenhum é alguém específico, sabe? Ou será que é...? hahahahaha

6. Seus personagens, em geral, mantêm relações com a religião, seja ela cristã ou dita pagã. A Igreja Católica, aliás, ganha destaque na obra, visto o período históricos que são abordados. Essa relação foi algo premeditado ou simplesmente aconteceu? Você já recebeu alguma rejeição do público por causa desse aspecto?
A Igreja Católica era o maior poder do mundo medieval e, assim sendo, faz parte das minhas histórias. Não haveria como deixar de lado essa instituição ou seus membros, não sem perder muito da alma da narrativa, então essa foi uma escolha definida já nos primeiros estudos. Sobre a rejeição: é obvio que algumas pessoas devem ter repudiado a inserção desse tema, mas como disse acima, não há unanimidade. E se o livro causou sentimentos ou sensações, mesmo que negativas, cumpriu seu papel de não ser apenas uma história engessada e sem personalidade.

7. Infelizmente, no Brasil, ainda resta certo preconceito com a literatura nacional contemporânea. Sabendo disso, como você se sente ao terminar, com sucesso, uma série? Quais dicas você daria para os leitores que também pretendem se tornar escritores?
Alguns brasileiros têm preconceito com os próprios conterrâneos, não só nas artes. Falei um pouco disso nesse artigo aqui. Contudo, não podemos deixar que isso paralise ou seja um impeditivo para nosso trabalho. As coisas vêm mudando nos últimos tempos. Temos tido uma safrade ótimos escritores em todos os gêneros e, nos eventos que participo tenho recebido muito mais carinho do que rejeição. As pessoas estão interessadas em conhecer os escritos.
E cabe a nós lhe darmos algo de valor. Essa é a minha dica: trabalhe com excelência todos os dias da sua vida. Lapide suas palavras com esmero, pois quando a oportunidade chegar, você precisa estar com suas armas prontas para a batalha.

8. Eduardo, agradecemos novamente a disponibilidade. O espaço agora é todo seu. Deixe uma mensagem para os leitores, fala mais sobre a sua obra, formas de contato, locais de venda, etc.
Muito obrigado pela conversa. E a você, leitor(a), meu eterno respeito. Sem você NADA disso seria possível. Uma carreira só é viva quando temos a possibilidade de interagir, de aprender, ensinar e encantar com o nosso trabalho. Sempre fico muito feliz com cada opinião, com cada visão, cada mensagem, mesmo as curtinhas. Pois, se alguém investiu seu tempo – o bem mais preciso de hoje – para entrar em contato, é porque já se criou a sinergia. E isso não tem preço!
Para quem quiser conhecer mais sobre mim, sobre a minha carreira e os meus trabalhos, pode acessar meus sites: http://eduardokasse.com.br/e http://temposdesangue.com.br/, além de participar das minhas redes sociais. É fácil de me achar, rs.
Todos meus escritos estão nas principais livrarias, tanto impressos, quanto e-books. E para quem quiser comprar sua obra autografada, basta entrar em contato, seja pelos meus sites ou pelas redes sociais.

Até breve e vamos que vamos!


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