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Resenha: A Lâmina Assassina

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Título: A Lâmina Assassina
Autora: Sarah J. Mass
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501103147
Ano: 2015
Páginas: 406
Compre: Aqui

Sinopse:

Conheça o caminho da assassina. Pavimentado com sangue, lágrimas e suor
Implacável, sedutora, letal. Poucos conhecem seu rosto, menos ainda sobrevivem à sua fúria. Não à toa Celaena Sardothian é sinônimo de morte. Suas lâminas são certeiras, assim como seu estranho código de honra e seu aguçado senso de justiça. Mas como uma menina, encontrada agonizando pelo rei dos Assassinos de Adarlan, se tornaria a campeã do rei? Disputada pelo capitão da guarda real e o próprio príncipe herdeiro? No centro de intrigas políticas?
Acompanhe Celaena vencer um lorde pirata e toda sua tripulação; o encontro como uma curandeira; seu treinamento com o Mestre Mudo, senhor dos assassinos silenciosos, nas dunas do deserto Vermelho; a prisão nas Minas de Sal de Endovier; ou, ainda, sua luta contra o mais escorregadio e traiçoeiro dos adversários — o próprio coração.

Resenha:

Eu realmente arrependo-me de não ter lido este livro antes, porque era exatamente o que eu precisava para conseguir continuar a ler a série Trono de Vidro, já que parei no terceiro livro devido às fortes emoções do segundo livro; entretanto, já aprendi a lição e não cometerei mais esse erro, porque este livro é tudo que você precisa ler para saber melhor o passado de Celaena. Se você ainda não a conhece, precisa conhecê-la imediatamente! Quer saber o porquê? Confira abaixo.

Por ter lido o primeiro volume de Trono de Vidro conhecia um pouco o passado de Celaena Sardothien, mas quase nada de sua relação com o Sam, um personagem que a todo momento é citado no livro, e acredito que para quem assim como eu teve um pouco de curiosidade, este livro irá suprir essa necessidade de saber mais sobre esses personagens e o porquê de alguns acontecimentos.

O livro contém cinco contos que se passam mais ou menos um ano antes de Trono de Vidro. Se você também pensou que fosse alguns anos a mais, também não foi o único; não é tanto tempo assim, mas as histórias contadas são de arrepiar e de deixar os leitores eufóricos e loucos para saber mais sobre esse universo tão bem elaborado.
“A beleza era uma arma – que Celaena mantinha afiada –, mas também podia ser uma vulnerabilidade”.

Celaena Sardothien demonstra que desde muito antes do torneio era letal, sarcástica e extremamente arrogante, não foi à toa que se tornou a Assassina de Adarlan com pouca idade. Sua relação com Sam não era a das mais amigáveis e afetuosas, os dois eram como cão e gato, ainda mais pelo fato da assassina ser a herdeira e protegida de Arobynn, rei da Fortaleza dos Assassinos. Assim, a disputa entre os dois era certa. Porém, ao decorrer do tempo que passam juntos, vai ficando nítido que um sentimento tão bem escondido começa a surgir.

Em A Assassina e o Lorde Pirata, Celaena e Sam são mandados em uma missão até então desconhecida para os dois, a assassina tinha apenas alguma ideia do que poderia ser. Ao chegarem às Ilhas Mortas, as surpresas começam a aparecer. O objetivo da missão é revelado pelo capitão Rolfe, um homem estúpido, convencido e perigoso, que odiou a assassina nos primeiros segundos que conversaram. O sentimento, aliás, era bastante recíproco. Confesso que foi até divertido esse primeiro encontro, porque Celaena tem uma língua ferina.

O senso de justiça da jovem é incomum para alguém como ela, que já causou tantas mortes e gosta do que faz, porém, ao decorrer das páginas, percebe-se que a assassina causou tanta dor e sofrimento por um propósito. O mundo é repleto de crueldades e de pessoas que gostam de causar o mal por puro prazer; a assassina já causou e presenciou esses momentos, a diferença é que Celaena tem lá seus princípios quanto às mortes e aos assassinatos que comete.

Por possuir esse discernimento, acaba tornando-se um problema quando conhece um outro tipo de trabalho do capitão Rolfe e planeja executar um plano audacioso e muito arriscado que poderá trazer sérias consequências tanto para si quanto para Sam. Enfrentar o Lorde dos Piratas é perigoso e derrotá-lo pode ser mortal.



Depois do que aconteceu na Baía da Caveira, Celaena deverá ir ao deserto para encontrar os Assassinos Silenciosos. No meio do caminho, ela conhece Yrene Towers, uma curandeira que trabalha em um lugar deplorável; a relação das duas começa de uma forma incomum e inesperada, as duas mulheres que perderam seus lares ou os viram ser destruídos pelo terrível comando do Rei de Adarlan. Diria que a única diferença entre elas é que a assassina teve um destino um pouco melhor que a curandeira.

Neste conto, Celaena presencia um pouco das injustiças e desrespeitos diários que uma mulher pode sofrer em um lugar tão detestável e insuportável, também viu como alguém pode ser tão ambicioso e ganancioso ao ponto de poder destruir o futuro de uma pessoa ou obrigá-la a viver com dívidas até quando bem entender. A empatia que a assassina tem por Yrene vai muito além da pena, sente admiração ao perceber em como a mulher é forte e tem um grande potencial. A cumplicidade que criam é maravilhosa e espero que essas duas possam se reencontrar.

Ao chegar no deserto e encontrar os Assassinos Silenciosos, a assassina não imaginava que sua vida mudaria tanto, desde a sua forma de agir até de pensar. Celaena teve que se despir um pouco de sua arrogância e orgulho para poder provar-se digna do treinamento do Mestre Mudo, visto que o lugar que agora vive é quase sagrado. No decorrer dessa tentativa de conseguir o tão almejado treinamento, conhece alguns dos assassinos e cria laços profundos de amizade com Ansel.
“– Se você aprende a suportar sua dor, pode sobreviver a qualquer coisa. Algumas pessoas aprendem a acolhê-la, a amá-la. Algumas suportam a dor ao afogá-la em mágoa, ou ao se fazerem esquecer. Outras transformam em raiva”.
Ansel e Celaena proporcionaram uma das melhores cenas e, dentre todos os contos, esse é o meu favorito. Ansel é uma personagem parecida com a assassina e também diferente em muitos aspectos, desde a aparência até seu jeito de ser. Ela é mais divertida e brincalhona, provocando muitas vezes a assassina; com sua experiência irá ajudá-la a conseguir completar sua missão, porém elas não esperavam que essa amizade seria tão importante devido ao fato de nunca terem amigos de verdade, alguém para poder contar segredos, angústias e despejar tantos sentimentos que nos sufocam.

Em a Assassina e o Submundo, o conto é um pouco mais sombrio e até revoltante, ademais, é também um dos momentos que percebo que até a Celaena sendo uma das melhores consegue ser enganada e pode cometer erros que trazem consequências desastrosas e irreparáveis. Afinal, não tem como acertar sempre e aprender sem errar.
“O mentor afiara o ódio dela até que se tornasse uma lâmina mortal. E ela permitira”.

Outro ponto que fui percebendo ao longo das histórias é a devoção e respeito que a personagem sente por Arobynn, chegando a ser admirável e ao mesmo tempo assustador, pois torna-se uma estima um pouco cega que não a deixa perceber bem quem é de verdade seu mentor. Por mais que queira se tornar livre, a dívida que tem para com ele é grande; por mais que queira seguir seus instintos, a razão não deixa, principalmente por causa do poder que seu mestre tem sobre ela. Sua relação com ele é dominada por um sentimento dúbio, odeia-o pelo o que fez com si e está decidida a realizar seu mais profundo desejo, e, ao mesmo tempo, percebe o esforço e dedicação que o homem teve para educá-la e protegê-la quando não havia esperanças quanto ao seu futuro.



Essa confusão de sentimentos fica bastante visível ao longo das histórias. Eu tinha me esquecido o quanto Arobynn podia ser ganancioso, manipulador e traiçoeiro, mas uma verdade que não posso negar é que não consigo odiá-lo completamente e gosto de ver as cenas em que aparece. Ele é um belo exemplo de personagem que a gente ama odiar.

O último conto é mais focado na relação de Celaena e Sam que foi ficando cada vez mais intensa ao desenrolar dos acontecimentos, principalmente depois do que aconteceu em Baía da Caveira, que acabou desencadeando uma barreira até então intransponível. Por fim, os dois acabam tendo uma relação amorosa.

Sam é um personagem fofo, gentil e bondoso e, assim como Celaena, teve uma infância triste e conturbada. No livro Trono de Vidro, o romance entre eles não parece verdadeiro, parece mais uma relação em que a Celaena estava ficando com ele para fazê-lo feliz, quase como um favor. Aqui, porém, ela realmente o amou como nunca poderia amar alguém, mas não foi feita para ser parceira dele, pois esse sentimento ela vai desenvolver por outra pessoa.
“E por mais que Celaena amasse se exibir, se chamar de Assassina de Adarlan, com Sam esse tipo de arrogância agora parecia crueldade algumas vezes”.

A paixão da assassina pela música é sublime, Sarah Maas conseguiu com facilidade mostrar o quanto a música é importante na vida de Celaena e como ela consegue explorar o seu ser, expondo seus sentimentos ou deixando-os em grande frenesi. Os espetáculos que a personagem frequentava eram indispensáveis, gostava tanto que esperava cada um deles com grande devoção, seu coração deixava-se embalar pelas orquestras e suas emoções transbordavam de uma forma que não conseguia evitar.

Todos os contos possuem uma forte intensidade, seja pelos perigos ou pelas emoções; sendo assim, na medida em que lia as histórias, a tensão, medo, horror e tristeza ficavam cada vez maiores, mesmo quando já sabia o destino de Celaena. Um dos contos mais dolorosos foi o que teve a Ansel, porque o amor que desenvolvi por essa personagem é imensurável e espero poder reencontrá-la em breve nos outros livros da série.

O último conto é muito esclarecedor, pois preenche algumas lacunas sobre o passado da assassina e de Sam, em como era o relacionamento deles. O conto respondeu alguns “porquês” não respondidos no primeiro livro, mostrou como é a vida na Guilda dos Assassinos e como Celaena se tornou mais sombria e letal.
“Ela era fogo, era escuridão, era pó e sangue e sombra”.

As reviravoltas, lições, duras consequências, decepções e derramamento de sangue foram de arrepiar e de deixar a leitura tão frenética que estava devorando as páginas com bastante prazer. O grande ponto alto foi quando aconteceram as traições, pois percebia que nem sempre a assassina conseguirá ser racional e cuidadosa e que muitas das vezes ser levada pelas emoções é um grande e terrível erro, algo que ela perceberá da pior forma. Sem contar que sentia cada sentimento, principalmente os negativos e revoltantes com tanta intensidade que cheguei até a tremer de tanto nervosismo ou ódio.

Lâmina da Assassinaé um livro que agradará todos aqueles que amam uma boa fantasia e gostam de saber um pouco mais sobre os personagens ou conhecer novos também. Tentei ao máximo descrever como foi ler essas histórias que tanto adorei e não sabia bem como expressar essa experiência.

A Galera fez um excelente trabalho com este livro, a capa é linda demais, gosto bastante desse efeito metálico nos títulos. A tradução da Mariana Kohnert como sempre está impecável, a revisão está boa – encontrei poucos erros – e a diagramação está excelente.

Se você ainda não conhece a história de Celaena Sardothien, precisa urgentemente conhecê-la, e se ainda sabe pouco do passado da assassina não pode deixar de descobrir o que aconteceu antes de Endovier.



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