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Entrevista: Jaime Pinsky

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Em 2017, a Editora Contexto completa 30 anos. Por isso, a editora está preparando muitas comemorações para os seus leitores. Obviamente, não poderíamos ficar de fora da festa. No embalo das festividades, entrevistamos Jaime Pinsky, historiador, autor e fundador da editora Contexto.
Confira, na íntegra, nossa conversa com o autor.

1. Olá, professor Jaime. Primeiramente agradecemos-lhe a disposição em conversar com o blog. Imagino que seja motivo de grande felicidade ver a editora que criou completando 30 anos. Conte-nos como é essa sensação.

Jaime Pinsky– Mais do que alegria de completar 30 anos vem a satisfação de não ter, nesse tempo todo, transigido a respeito dos princípios a partir dos quais a Editora foi criada, ou seja, promover a circulação do saber, não se tornar um partido político, ter critérios rígidos de seleção de originais, manter elevado padrão ético, seja na relação com autores, seja com fornecedores, livrarias funcionários, etc.


2. No livro O Brasil no Contexto 1987-2017, mais especificamente no artigo “Trinta anos depois”, você fala sobre a importância da participação dos seus filhos na estruturação da editora e na criação de novos modelos de negócio. Pensando sobre esse último aspecto, o que a editora colocará de novo no mercado no ano de seu aniversário?

Jaime Pinsky– A Editora tomou uma dimensão maior do que esperava e tornou-se necessário profissionalizar e modernizar áreas como administração e comercialização. Daniel, meu filho, tinha qualificações profissionais mais adequadas do que eu para isso. Luciana coordena a área editorial. O ambiente entre nós é de respeito pessoal e profissional, motivo pelo qual as coisas funcionam.


3. A Contexto tem uma linha de publicação predominantemente acadêmica; aliás, foi na universidade que eu tive meu primeiro contato com a casa editorial. Porém, eu vejo a busca da editora para alcançar o público leitor como um todo, principalmente através da publicação de livros de interesse geral. Você considera um desafio chegar a um público mais amplo? Como a editora tem agido nesse aspecto?

Jaime Pinsky– Somos uma editora sui generis mesmo, com livros acadêmicos de diferentes características (obras de referência, livros texto, fronteira do conhecimento, obras para professores), assim como títulos que buscam um mercado menos especializados como a coleção Povos & Civilizações). Contudo, se elas são produtos diferentes de mercado, merecem o mesmo cuidadoso tratamento editorial. E a editora ter livros badalados pela mídia não faz mal aos nossos livros acadêmicos...


4. Pensando nessa questão do público, como você enxerga, hoje, o mercado editorial brasileiro? Ele é favorável para autores e editoras?

Jaime Pinsky– Prejudicado.  Essa questão é muito ampla, eu teria que escrever um artigo sobre isso.


5. A Contexto trabalha com grandes autores, de grandes áreas de conhecimento. Temos a Koch, que é uma autora genial e que explica os mecanismos da língua como ninguém; José de Souza Martins é outro autor que possui uma profundidade maravilhosa em seus trabalhos; Hélio Schwartsman também se mostrou um ótimo escritor no seu livro “Pensando Bem”. Entre tantos bons autores, os leitores que não conhecem a editora podem estar se perguntando por qual livro devem começar para conhecer a Contexto.  Se você tivesse que escolher cinco obras para que o leitor pudesse conhecer bem a Contexto, quais escolheria? Por quê?

Jaime Pinsky– Os interesses são múltiplos, um livro fundamental como “Ler e escrever”, escrito por Ingedore V. Koch e Vanda Elias pode não ser interessante para algumas pessoas, embora me pareça que qualquer professor da área devesse lê-lo. Eu, mesmo sendo historiador, aprendi muito com Magda Soares, Ataliba Castilho, José Luiz Fiorin e outros. Enriqueci meu olhar, minha percepção do outro...  Já há quem prefira começar com os livros que tratam de povos como os ingleses, os franceses, os argentinos, ou os japoneses, livros fantásticos, de leitura deliciosa. Nossas histórias são ótimas: da cidadania, das mulheres, das crianças, etc. E que dizer de pequenas obras primas como “Tolerância”, livro que está para sair e vai ajudar muita gente a se perceber melhor, aprendendo a ver o outro como igual? Sabe aquela história de você perguntar de qual filho gosto mais? Não é justo...



6. Pinsky, acredito que além de um grande empreendedor e editor, você também seja um leitor voraz. Você possui alguma obra que marcou a sua vida? Conte-nos um pouco mais sobre ela.

Jaime Pinsky– Toda hora isto está acontecendo. O primeiro Monteiro Lobato. O primeiro Érico Veríssimo. Lolita. Philip Roth. Amós Oz. Eric Hobsbawm. Thomas Mann. Os romancistas russos. Karl Marx. Lucien Goldmar. Puxa, tanta coisa. Agora mesmo estou lendo um livro extraordinário, “Sapiens”, de Yuval Harari. Brigo com o autor a cada página, o que só acontece quando pego um adversário valoroso.


7. Professor Jaime, agradecemos novamente a disponibilidade. O espaço agora é todo seu. Deixe uma mensagem para os leitores, fale mais sobre a Contexto.

Jaime Pinsky– Este é um dos melhores anos da Contexto em lançamentos importantes. E é quando abrimos a editora para uma primeira linha de livros de ficção. Dois grandes livros, muito bem traduzidos, pegando dois períodos importantes da História, o da derrota dos persas diante dos gregos e o da inquisição. Vamos fazer tiragens grandes e esperamos ter um bom retorno. Não podemos entrar na história de que temos que ter cautela. Não. É agora que o brasileiro precisa ler mais. Livro é barato, pelo prazer que proporciona. Comprem livros, presenteiem com livros e, principalmente, leiam livros.





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