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Resenha: O Livro dos Negros

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Título: O Livro dos Negros
Autor:Lawrence Hill
ISBN: 9788561977696
Editora: Primavera Editorial
Ano: 2015
Páginas: 408
Compre: Aqui

Sinopse:

O Livro dos Negros conta a história de Aminata Diallo, uma das personagens femininas mais fortes e marcantes da ficção contemporânea. Aminata foi sequestrada, ainda criança, na África, e vendida como escrava na Carolina do Sul.
Após a Revolução Americana, ela foge para o Canadá e escapa da vida de escrava para tentar uma nova história em liberdade. O livro traz uma história que nenhum ouvinte e nenhum leitor esquecerão.
O nome “O Livro dos Negros” se deu devido ao documento histórico, mantido por oficiais navais britânicos, ao fim da Revolução Americana. O documento oficializou os negros que serviram ao rei na Guerra e fugiram para Manhattan, no Canadá, em 1783. Apenas os negros que estivessem no Livro dos Negros poderiam escapar e conseguir sua liberdade. Aminata Diallo percorre toda uma longa trajetória com a finalidade de conseguir entrar no livro dos negros e conquistar sua liberdade.
A obra, marcante e inesquecível, tornou-se uma miniserie de sucesso nos Estados Unidos. Dirigida e escrita por Clemente Virgo (The Wire) e protagonizada pela atriz Aunjanne Ellis e Cuba Gooding Jr., vencedor do Oscar em 1996.

Resenha:

A escravidão negra, apesar de parecer distante, ainda possui reflexos no nosso cotidiano. Afinal, basta ler os jornais para verificar a quantidade de crimes raciais ainda cometidos; basta olhar ao redor e enxergar a quantidade de pessoas negras vivendo em miséria extrema. Sem dúvida a escravidão foi um longo processo histórico que deixa marcas ainda hoje. Contudo, esse processo tão enraizado na sociedade não começou aleatoriamente. A presente obra, apesar de uma ficção, nos faz entender como tudo começou.

Para enxergarmos a escravidão de perto, Lawrence Hill nos leva a acompanhar a história de Aminata Diallo. Ela é uma muçulmana livre residente na África. Contudo, a liberdade de sua infância estava com os dias contados. Um dia houve um ataque à aldeia em que ela vivia. Muitos foram mortos; os demais se tornaram cativos. A liberdade dava adeus e Aminata começaria a conhecer o nível que a maldade humana pode alcançar.


Após caminhar diversos dias assistindo a diversos abusos e agressões, a jovem Aminata acaba embarcando em um navio negreiro em direção à América do Norte. Entretanto, pior do que ser cativa era a chance de sobreviver ao navio. Doenças, pestes e morte passeavam pelos corredores. Vendo aquilo tudo, Aminata só pensava em sobreviver, alcançar a liberdade e voltar para casa.
“Nunca conheci alguém que, fazendo coisas terríveis, pudesse cruzar seu olhar com o meu em paz. Encarar o rosto de outra pessoa é fazer duas coisas: reconhecer a humanidade do outro e assumir a sua. Quando iniciei minha longa marcha para longe de casa, descobri que havia pessoas no mundo que não me conheciam, não me amavam e não se importavam se eu estava viva ou morta” (p. 35).
O Livro dos Negrosé uma obra enriquecedora e chocante. Enriquecedora porque permite conhecer melhor o processo de como os escravos eram presos, vendidos e como eles eram tratados no Novo Mundo. Chocante porque observamos o nível da crueldade humana, os maus tratos, a perversão. Além disso, como a narração é em primeira pessoa, a leitura fica ainda mais brutal. Torna-se impossível não se comover com o sofrimento e a dor que os escravos sofreram.

Esse choque também é proporcionado pela riqueza de detalhes da obra. Como houve claramente uma extensa pesquisa antes da escrita do livro, todo o enredo é muito realista. Não obstante, os personagens são de uma profundidade tamanha que nos convencem que são pessoas reais. Principalmente Aminata com seu jeito inteligente e forte, o que faz o leitor envolver-se logo no início do texto.


Se tudo isso não fosse o suficiente, o livro ainda conta com uma escrita leve e bem fluída. Mesmo inserindo diversos aspectos reais, a leitura não se torna nem um pouco arrastada. Isso, aliado a uma diagramação confortável, deixa a obra muito rápida. Ou seja, mesmo o livro sendo grande, é possível desbravar todo o seu conteúdo e beleza com certa velocidade.
“Odiei o grande barco à nossa frente, que ficava maior a cada remada. Em tamanho, humilhava a canoa de doze homens, e seu cheiro era pior que o do curral onde ficamos, na ilha. O barco me amedrontava, mas meu medo maior era afundar na água salgada, impossibilitando a volta do meu espírito para junto dos meus ancestrais” (p. 55).
Com tantos aspectos positivos, só me resta indicar o livro. Se você quer conhecer um pouco mais sobre a escravidão e sobre a história do nosso mundo, essa obra é perfeita para você. Certamente você não irá se decepcionar.




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