Título: Doze por doze
Organizadora: Thati Machado
Editora: Blog NEM TE CONTO
ISBN: B019JLJAMY
Ano: 2016
Páginas: 328
Ano: 2016
Páginas: 328
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Sinopse:
A chegada do ano novo traz consigo o desejo de renovação. Renovamos nossas esperanças, nossos desejos, nossas metas... E, ao início, não sabemos o que esperar do novo ciclo, mas e se... Pudéssemos medir a intensidade de um ano através de suas histórias? Essa é a proposta do “Doze por Doze”. Trazer variados contos, dos mais variados gêneros, para nos fazer enxergar quantas coisas incríveis podem acontecer no período de 12 meses; de 365 dias.
Resenha:
O tempo pode ser medido de diversas formas: milésimos, centésimos, segundos, minutos, horas, dias, meses, anos... Porém, também pode ser medido por experiências, por histórias. Pensando nisso, Thati Machado organizou o livro Doze por doze, onde doze autores se juntam para contar doze histórias, uma para cada mês do ano. O resultado? Confira abaixo.
Por motivo de espaço e para manter a surpresa da obra, não poderei falar de todos os contos do livro, afinal, são doze. Por isso, selecionarei dois para comentar e farei um parecer geral da obra. Os meus escolhidos foram Eu Nunca, da autora Bruna Fontes, e Temos Nosso Próprio Tempo, da Yohana Sanfer. O motivo das escolhas é simples: gostei de ambos os contos.
Em Eu Nunca, Bruna nos apresenta a cidade de Cosmo. Por lá, uma irmandade se destacava por sua influência e poderio financeiro. Eles eram “os escolhidos” e por isso faziam o que queriam, quando queriam, sem medo das punições. Contudo, em um junho qualquer, uma forasteira apareceu. O resultado? Só lendo o conto para saber.
“Claro, isso aqui fosse mesmo um filme de terror, a solitária garota japonesa não estaria utilizando a quantidade adequada de roupas para um dia como esse. Ou arrastando um carrinho de feita azul com flores cor-de-rosa. Em filmes, a garota japonesa só pode ter duas personalidades: a nerd com pais rígidos ou a garota que transborda sensualidade. No momento, não me sinto como nenhuma dessas opções”.
Bruna Fontes ganhou o meu respeito e admiração por fazer diferente e sair do ponto comum. Como Doze por dozeé um livro para o público infanto-juvenil, muitos autores apostaram no romance. Ela, ao contrário, preferiu uma pegada mais sombria, o que me agradou demais. O conto não é de terror, mas ele vai além do que se esperava para um infanto-juvenil, visto que temos uma protagonista forte, determinada, que se fortaleceu na dor e que batalha por aquilo que acha correto. Conto mais do que recomendado, tanto pela mensagem quanto pelo desenvolvimento.
Yohana, por sua vez, começou apostando em um quase clichê. Nossa protagonista é a Melina, uma garota que sabe observar o mundo de uma maneira muito peculiar. Em Maio, em uma festa de boas-vindas para a Primavera, ela conhece um rapaz que mudará muita coisa em sua vida, inclusive os seus sentimentos.
O conto da Yohana me chamou a atenção pela mudança ocorrida durante a escrita. Se ele começa por um clichê, o fim ganhou um diferencial que me entusiasmou. A paixão é trabalhada de maneira racional e inteligente, o que deveria ser feito por todos; não de uma forma quase irreal que acontece em livros do gênero. Além disso, a autora também ganha pontos pela escrita incrível e bem trabalhada, o que me agradou demais.
“As garotas normalmente não fazem isso porque costumam ser julgadas quando tomam iniciativa. Eu não tenho problema com isso. Adoro desafiar o machismo”.
Como deu para perceber nesses dois contos, a obra, apesar de possuir um apenas um público, segue por diversas vertentes para alcançá-lo, o que é excelente. Além disso, outro ponto positivo é a multiplicidade de autores, que nos permite conhecer novas escritas e ter surpresas maravilhosas. A Bruna Fontes, por exemplo, eu desconhecia por completo; agora, certamente, lerei mais trabalhos dela.
Contudo, esse mesmo ponto positivo também se torna negativo por causa do outro lado da moeda. A mesma diversidade que te permite descobertas boas também pode ocasionar descobertas não tão agradáveis. É claro que é possível amar todos os contos, mas não foi o que aconteceu comigo. Os que ficaram apenas presos no clichê me irritaram um pouco; afinal, pareciam histórias contadas diversas vezes, apenas com nomes diferentes. Há quem goste desse aspecto, prova é a altíssima nota que o livro mantém no Skoob; porém, a mim não convence. Gosto dos autores que ousam fazer diferente. Felizmente, os que apostaram no mais do mesmo foram a minoria.
Quanto à parte física, não é possível falar, visto que li a obra no formato digital. Porém, devo elogiar o trabalho da Thati Machado, organizadora da obra, que providenciou uma diagramação para a versão e-book muito acima da média do que costumamos encontrar para as plataformas digitais.
“O purgatório não era aquilo, não eram segredos jogados ao vento em uma noite fria de junho para espantar o tédio, para espantar o fato de que ter tudo desde cedo os havia esvaziado por dentro. Que no fim das contas eles não possuíam nada que não fosse miséria”.
Diante de todos os aspectos, claro que indico a obra. Há alguns que não gostarão de todos os contos, assim como aconteceu comigo. Para esses, garanto que há uma maioria que vale muito a pena e que merece ser conferida. Certamente você descobrirá autores maravilhosos. Aos que não se importam com alguns clichês, a obra é mais indicada ainda; provavelmente você amará tudo que vai encontrar no livro.