Sinopse:
Aos 13 anos, Isadora Faber, uma estudante de escola pública de Florianópolis (SC), indignada com os problemas de ensino e infraestrutura de seu colégio resolveu criar uma página no Facebook, o Diário de Classe, para denunciá-los. Chamou a atenção da imprensa nacional e internacional, mobilizou milhares de seguidores e conseguiu as mudanças que reivindicou. Sua jornada, no entanto, foi árdua: sofreu críticas, ameaças, represálias, agressões e processos. Porém, não desistiu, e hoje tem mais de 625 mil seguidores, inspirou a criação de mais de cem Diários de Classe, já participou de inúmeras palestras e eventos, ganhou prêmios e fundou a ONG Isadora Faber, com a qual continua seu trabalho por uma educação pública de qualidade no Brasil. Mais que um relato de coragem e do poder do webativismo, este livro é um retrato perturbador da situação da educação e dos serviços públicos brasileiros, que grita por cidadania e por transformações urgentes.
Resenha:
Diário de Classe é mais do que um livro, é uma lição de vida e de cidadania. Quantas vezes você já reclamou dos problemas públicos, como escolas, hospitais, segurança? Quantas vezes você já disse que a culpa é do político, da diretora, do professor, do policial, do médico? E agora, o mais importante: quantas vezes você fez algo para mudar isso?
Aos 13 anos, Isadora Faber começa a perceber que algo não estava certo em sua escola. Depois de analisar a situação, ela encontrou professores faltosos, uma direção pouco interessada, funcionários que não cumpriam suas obrigações e falhas de infraestrutura. Indignada, resolveu que aquilo também dependia dela e resolveu lutar por uma escola melhor.
“Mas a coisa mais importante que eu vi depois de tudo o que passei é que o problema da educação no Brasil é algo muito sério. E as pessoas já estão cansadas de ver as autoridades brincando com os assuntos sérios” (p. 24).
Diante de uma diretora opressora, uma página no Facebook se tornou a sua arma de luta. Lá, Isadora Faber começou a postar os problemas da escola, como sanitários sem tampa, portas sem fechadura, lâmpadas quebradas, ventiladores que não funcionavam. Sua página começou com poucas pessoas, mas se tornou gigante, incomodando poderosos.
Diante das denúncias, muitos foram contra suas atitudes. Ela recebeu ameaças, processos, críticas e, até mesmo, tentativas de pedradas, mas ela não se intimidou. Através de muito esforço, conseguiu uma escola melhor. Apesar do pouco tamanho e idade, Isadora mostrou ser uma pessoa forte e determinada.
“Mas eu sabia que as aulas de inglês eram muito fracas na minha escola. O professor era muito ruim, às vezes até chegava na sala de aula cheirando a bebida, e uma vez ele chegou a tirar os sapatos e começou a cortar as unhas dos pés em cima da mesa da sala de aula” (p. 35).
O livro, sem dúvidas, é uma leitura agradável e encorajadora. Porém, ao mesmo tempo, é um dedo na cara da sociedade. Você pensa: ela tinha treze anos e fez tudo isso; e eu? O que eu faço além de reclamar enquanto assisto a minha novela? Isadora mostra como pequenas atitudes são capazes de grandes mudanças.
Esse livro é muito mais do que um diário de classe, é um diário de luta. Não é sem motivo que a pequena Isadora foi considerada uma dos 25 brasileiros mais promissores. A diferença entre ela e qualquer outro jovem da mesma idade é a não omissão. Ela viu o que estava errado e gritou, enquanto muitos se calam. Ela foi ameaçada e revidou, enquanto muitos recuam.
“Como a gente já desconfiava que ia acontecer mais cedo ou mais tarde, no dia 10 de agosto, eu, a Melina e nossos pais fomos chamados para ir até a diretoria da escola. Eu tinha filmado a aula de matemática e postado no Diário de Classe. Na aula estava acontecendo uma bagunça (como sempre), todo mundo gritando, em pé, o professor parecia nem ligar” (p. 58).
Eu, como professor, enxerguei nela o aluno que tento garimpar todos os dias. Não adianta um aluno com muito conteúdo, mas sem visão crítica da realidade; não adianta alguém que saiba história, sociologia, mas que não consiga aplicar isso ao seu cotidiano. São exemplos como o da Faber que faz um profissional da educação não desistir.
Se não bastasse um enredo maravilhoso, a diagramação da editora Gutemberg deu um show a parte. Com um livro bonito, lembrando redes sociais, torna a leitura acessível a todos, sem distinção.
“Eu nunca poderia imaginar que minha história ia parar tão longe, mas esta é a força das redes sociais: chegar a qualquer lugar, independente do idioma, país ou nível social. E, da mesma maneira que eu, no Brasil, sou da história de Martha Payne, agora várias pessoas também sabiam do que tinha acontecido com meu esforço para melhorar a qualidade do ensino no Brasil” (p. 105).
Sem dúvida, essa é uma leitura obrigatória para todos aqueles que desejam sair do seu ponto de conforto e querem se sentir desafiados. Afinal, do que adianta viver uma vida oprimida? Liberte-se.
Livro:Diário de Classe: A Verdade
Autora:Isadora Faber
Editora: Gutenberg
ISBN: 9788582351055
Ano: 2014
Páginas: 272
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