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Resenha: A Mão Esquerda da Escuridão

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Sinopse:

Genly é um estranho vivendo em outro mundo. Sua missão é convencer as pessoas desse lugar a se unirem a uma grande comunidade universal, mas há muitas diferenças. São outros costumes, outras lendas e percepções. Genly está numa terra única, na qual homens e mulheres existem juntos, dentro de cada indivíduo. Onde qualquer um pode ter filhos, pode ser pai e pode ser mãe. No gelado mundo chamado Inverno, ele terá de esquecer tudo o que sabia até agora e começar uma jornada de conhecimento, tolerância e descoberta. E desvendar os significados da mão esquerda da escuridão.


Resenha:

Quando a simples introdução de um livro – uma espécie de prefácio escrito pela própria autora – é melhor do que muitas obras que você já leu, é indício de que você irá amar este livro. Porém, quando ao decorrer da obra a autora consegue te surpreender ainda mais, certamente você terá uma obra memorável em mãos.

Ursula K. Le Gui começa o livro narrando sobre um desfile em Karhide, país de um planeta chamado Inverno. Lá, Sr. Genly Ai, um alienígena para aquele mundo, está em uma missão de Estado: tentar convencer os líderes de Karhide a se unirem ao Ekumen – uma espécie de associação intergaláctica de planetas.

Porém, Inverno é um planeta totalmente diferente de todos os outros que fazem parte do Ekumen. Em primeiro lugar, o planeta é gelado; as temperaturas chegam a - 30º no período mais frio do ano. Em segundo lugar, diferentemente de toda a humanidade, os moradores daquele estranho planeta são Andróginos.

“O fato mais concreto pode fraquejar ou triunfar no estilo da narrativa: como a joia orgânica singular de nossos mares, cujo brilho aumenta quando determinada mulher a usa e, usada por outra, torna-se opaca e perde o valor. Fatos não são mais sólidos, coerentes, perfeitos e reais do que pérolas. Mas ambos são sensíveis” (p. 11).

Em Inverno, os habitantes não são homens e nem mulheres. Durante o período de ação sexual, eles desenvolvem o sexo feminino ou masculino – não necessariamente mantendo o mesmo sexo no próximo período. Todos podem ser pais ou mães. Todos têm todas as características psicológicas atribuídas a ambos os sexos.


Nesse planeta distante, Sr. Ai terá um aliado a sua causa: Estraven. Porém, em um planeta onde poucos acreditam que pode haver vida em outro planeta, Sr. Ai se verá em meio a um jogo político, com diversos problemas, muitas dores e poucas soluções. Estraven tentará ajudar, mas até onde dois humanos tão diferentes poderão colaborar um com o outro?
“Estava a sós com um estranho, no interior de um palácio escuro, numa cidade estranha cheia de neve, em plena Era Glacial de mundo alienígena” (p. 25).
Ursula, sem dúvida, cria um clássico da ficção científica, formando um universo novo, incrível e cheio de nuances. Através dos aspectos de Inverno, vemos um convite para analisar nosso próprio mundo, nossas próprias ideologias e preconceitos. Com várias humanidades, começamos a enxergar o outro como humano e não como homem, mulher e todas as suas opções sexuais. Vemos formado, na nossa frente, o ser humano puro e simples.


Sr. Ai, com seu jeito ingênuo e simples, nos cativa, faz ser amado e torcemos, página a página, para que ele alcance seus objetivos e se descubra, se entenda. Afinal, aliar Inverno a Ekumen deixe de ser a grande prioridade em certo momento da obra; o autodescobrimento passa a ser a meta.
“Os terráqueos tendem a achar que devem seguir em frente, progredir. O povo de Inverno, que vive sempre no Ano Um, acha o progresso menos importante que o presente. Meu gosto era terráqueo (...)” (p. 56).
Como o livro é narrado em primeira pessoa, conhecemos de perto os pensamentos e conflitos de Sr. Ai. Porém, a grande sacada da autora foi colocar capítulos narrados também por Estraven, nos fazendo deixar enxergar, também, o seu lado da história. Afinal, ele, como um ser humano complexo, também tem muitas dúvidas e anseios.


Além do enredo incrível e da qualidade literária da autora, encontramos um livro com uma diagramação agradável e moderna. A capa, também, é muito bonita, com detalhes em relevo, formando um desenho na parte branca. Infelizmente, não dá pra ver direito tais detalhes na foto. Tudo colabora para uma leitura agradável.
“Prisioneiros que estavam ali há vários anos tinham se adaptado psicologicamente e, até certo ponto, fisicamente, creio, a esta castração química. Eram tão assexuados quanto bois castrados. Não sentiam vergonha ou desejo; eram como anjos. Mas não é humano não ter vergonha ou desejo” (p. 171).
Sem dúvida alguma, A Mão Esquerda da Escuridão é um livro que merece ser lido, relido e presenteado. Aos amantes da ficção científica, não deixem de ler a obra. Para todos aqueles que nunca leram nada do gênero, leia este livro. Ele extrapola e muito o seu gênero, tornando-se uma obra memorável.

 Livro: A Mão Esquerda da Escuridão
Autora: Ursula K. Le. Guin
Editora: Aleph
ISBN: 9788576570578
Ano: 2008
Páginas:296

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