Sinopse:
Parecia uma manhã como outra qualquer na pequena Palmyra, uma cidade histórica no litoral do Rio de Janeiro. A caminho do trabalho, o delegado Joaquim Dornelas se espanta com um movimento incomum nas ruas. Diante da Igreja de Santa Teresa e da Antiga Cadeia, no Centro Histórico, uma multidão observa o corpo de um homem atolado na lama seca do canal. Ninguém sabe como o corpo foi parar lá. Não há sinais de arrasto, marcas de barco, violência, ferimentos, nada. Apenas um band-aid na dobra interna do braço esquerdo. Abandonado pela mulher e longe dos filhos, o delegado Dornelas, um tipo humano, amante de cachaça e de mingau de farinha láctea, se envolve de corpo e alma no caso em busca de salvação. Sem aviso, a irmã do morto e um vereador poderoso aparecem para dar informações importantes sobre o que se tornaria um caso de dimensões bem maiores do que Dornelas poderia imaginar. Aos poucos se revela uma complexa teia de interesses envolvendo a política, o tráfico de drogas, a prostituição e a comunidade local de pescadores. A intuição aguçada, a cultura e o conhecimento das forças que movem a natureza humana permitem ao delegado Joaquim Dornelas se mover habilmente pelo emaranhado de fatos e versões que a trama apresenta. O que a princípio seria mais uma investigação na sua carreira, se torna para o delegado uma jornada de transformação pessoal.
Resenha:
No livro Réquiem Para Um Assassino conhecemos o delegado Dornelas. Ele, após ser abandonado pela esposa por causa de sua profissão, vive sozinho e enfrenta uma fase difícil em sua vida. Distante dos filhos, sua rotina se torna ainda mais dura e angustiante.
Em um dia qualquer, ao sair de casa pela manhã para ir ao trabalho, Dornelas se depara com um homem morto abandonado na lama seca de um canal. Porém, o que poderia ser apenas um assassinato se torna muito mais complexo, pois não há qualquer marca de agressão física no corpo, a não ser um pequeno curativo na parte interna do braço.
Dornelas solicita que a perícia chegue para investigar a cena do crime, porém, com a demora, ele é obrigado a retirar o corpo do canal sozinho. Não obstante a forma estranha da morte, pessoas se apresentam ao delegado passando informações um tanto quanto suspeitas. O delegado começa a investigar a fundo e descobre que o crime pode ter relação com o tráfico de drogas, com a política e com uma empresa privada.
“Diferente do Rio de Janeiro, que dispõe de tropas de elite para incursão nas favelas, equipadas com veículos blindados e armas mais poderosas do que as das polícias Civil e Militar, os recursos que Dornelas dispõe são ridículos se comparados com os usados pelos traficantes” (p. 28).
Munido de coragem e determinação para solucionar o caso, Dornelas, com a ajuda de seus auxiliares e de Dulce, uma mulher que trabalha no IML, investiga cada centímetro da cidade de Palmyra atrás do assassino. Porém, tudo pode ser muito mais complexo do que eles imaginam.
Paulo Levy soube criar um livro incrível, onde cada personagem tem um ar de inocência e de suspeito. Ele forma uma intrincada teia, onde diversos segmentos da sociedade e do crime organizado se encontram, deixando o leitor cada vez mais afoito com o passar das páginas. Aliás, por ser um livro pequeno, temos a vontade de devorar toda a obra de apenas uma vez, tamanho é o suspense criado pelo autor.
“‘Todo bandido é igual’, pensou Dornelas. “Sempre existe uma mãe disposta a perdoá-lo, senão negar até o fim do mundo a culpa do filho, mesmo que este houvesse cometido crimes de guerra”. Em respeito a ela, Dornelas não queria ir direto ao assunto. Mas também não podia se esquivar da pergunta” (p. 71).
Quanto aos personagens, Dornelas, o principal, não deixa a deseja. Levy aprofundou bastante na construção dele, principalmente na parte psicológica. Encontramos um personagem que se reconstrói de seus traumas no decorrer da investigação, enfrentando seus medos e angústias. Dornelas torna a investigação de um assassinato em sua história de superação pessoal.
Quanto aos personagens secundários, Nildo Borges, um vereador com ar de corrupto, e Dulce, uma mulher forte e determinada, se sobressaem. O primeiro é um exemplo de político brasileiro: suspeito de caixa dois e de desvio de verbas, além de uma possível associação com o tráfico. Dulce, por sua vez, se mostra uma mulher inteligente e interessante, além de extremamente determinada, o que dá ainda mais tempero ao enredo.
“Para não afastar os turistas – as galinhas dos ovos de ouro – a Prefeitura tinha a obrigação de enviar um sinal à opinião pública, brasileira e internacional, de que o tráfico de drogas no município estava sob controle e de que aquele crime era um caso isolado, uma fatalidade. Um corpo no mangue não passava de um dano colateral” (p. 124).
A capa é simples, porém tem total relação com a obra. A diagramação, por sua vez, é completamente confortável: folhas amarelas, letra grande e espaçamento ótimo, contribuindo ainda mais para uma boa leitura. A correção é muito boa também, encontrei pouquíssimos erros, algo que é bem escasso no mercado literário brasileiro.
Em todos os sentidos, Réquiem Para Um Assassinoé um livro mais do que recomendado e, sem dúvidas, supera muitos livros policiais estrangeiros que já li. Para quem gosta do gênero, esse livro é um prato cheio. Basta desfrutar.
Livro: Réquiem Para Um Assassino
Autor: Paulo Levy
Editora: Bússola
ISBN: 9788562969058
Ano: 2011
Páginas: 224
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