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Resenha: Sagas – Estranho Oeste

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Sinopse:

Feiticeiros, mortos-vivos, espíritos ancestrais! Aventure-se através de desertos misteriosos e cidades fantasmagóricas no segundo volume da série Sagas. Estranho Oeste apresenta cinco histórias arrepiantes, escritas por alguns dos melhores autores da Literatura Fantástica brasileira. As trilhas selvagens do Velho Oeste nunca mais serão as mesmas!


Resenha:

Sagas – Estranho Oeste traz ao leitor um velho oeste diferente de tudo que você já viu. Unido aos tiros e desavenças entre brancos e índios, temos muitas mortes, terror, mortos-vivos e fantasmas. O livro é dividido em cinco contos, cada um mais criativo que o outro.

O primeiro conto do livro, Bisão do Sol Poente, de Duda Falcão, narra a saga de Kane Blackmoon, um caçador de recompensas que estava atrás do grupo de Hernandes Calderón, um bandido muito procurado. Porém, com o decorrer das páginas, descobrimos que Calderón está tendo uma mística ajuda e que Kane precisará de muito mais que alguns tiros para vencer seu inimigo.

Duda Falcão abre muito bem o livro com este conto. Aliás, na minha opinião, o melhor conto da obra. Além de ação e suspense, temos mortes, um pouco da mitologia indígena americana e muito de H. P. Lovecraft. Se não bastante, o personagem principal é bem trabalhado e a narração é muito boa, fazendo com que desejássemos que o conto não acabasse.

“A temperatura do deserto enlouquecia qualquer um que fosse fraco de espírito. Talvez, por isso, no velho e Estranho Oeste, tantos homens e mulheres se tornavam loucos. Cães desgarrados, prontos para salivar raiva sobre suas presas. Não por acaso, tiroteios eram comuns naquelas terras sem lei” (p. 19).

O segundo conto, Aproveite o Dia, de Christian David, relata a história de Jeremiah Duncan, um pistoleiro mais conhecido como “O Profeta”. Ao chegar a uma estranha cidade, Duncan ignora sua intuição que lhe conferiu o apelido e acaba por entrar em saloon. Porém, mal sabe ele que essa atitude irá lhe render belas e terríveis aventuras.


Desta vez, a presença do sobrenatural no conto não se faz através da mitologia indígena, mas do vodu. Além do terror, também temos doses de comédia, devido ao personagem principal ser um tanto medroso, o que não se espera de um pistoleiro. É mais um excelente conto e que cumpre o seu objetivo.

“Pisquei várias vezes depois que olhei para a mulher que me dava as costas no alto da escada e caminhava provocantemente para dentro de seu escritório. Subi as escadas com calma, uma nova sensação de visão dupla se apoderou de mim, fazendo-me ficar tonto” (p. 51).

O terceiro conto, , de Alícia Azevedo, narra a história de irmã Beatrix, uma freira que tomava conta de uma missão. Porém, certo dia, o local onde a missão era realizada foi invadido e todos foram mortos, menos ela. A beira da morte e em uma profunda tristeza, ela recebe uma visita que mudará sua vida para sempre.


Eu não conhecia a escrita da autora e me encantei. Alícia soube criar uma personagem forte e destemida, além de muito obstinada. O desenrolar do conto me surpreendeu muito positivamente e o final foi inesperado, pelo menos para mim. Acredito que este conto daria um excelente livro, sem dúvidas.

“A escuridão se abateu sobre ela. As dúvidas afligiam seu coração. A vingança arranhava a sua alma. Fé? Sabia o que era fé. Sabia que era um ato livre de propósito e cheio de significado” (p. 73).

O quarto conto, Justiça... Vivo ou Morto!, de M. D. Amado, descreve a saga de Cole Monco e Josh Mackenzie. Este era um órfão de 17 anos e que queria vingar sua família; aquele, um pistoleiro que estava em um bom dia e resolveu ajudar ao garoto. Porém, mais mistérios envolvem a morte da família de Josh que Cole conseguiria imaginar.


Esse conto é um dos mais criativos do livro e também um dos mais surpreendentes. A mitologia indígena novamente volta a dar o ar da graça e gera um misto de terror e mistério no conto. Os personagens são bem delineados e a narração é muito boa, fazendo com as páginas virem-se uma atrás da outra.

“O vento, batendo nos cabelos empoeirados do garoto e balançando a velha placa de madeira do armazém de Billy Bronco, era testemunha do silêncio que se fez por quase dois minutos. As lágrimas de ódio rolavam pelo rosto de Josh Mackenzie (...)” (p. 94).

O último conto, The Gun, The Evil And The Death, de Wilson Vieira, fecha o livro em grande estilo. O autor narra a história de Tom William, um assassino orgulhoso e que enfrentará uma situação assustadora e desconcertante. Porém, o que o William não espera é que seu passado possa ser usado contra você.


Neste conto há uma mistura de terror e horror clássico, além de um suspense muito bem trabalho. Este é um conto que dará medo nos menos corajosos, principalmente o fim da narração. Wilson soube trabalhar muito bem os personagens e o cenário, tornando tudo propício para uma boa história de terror.

“O passado, o futuro e a evolução não contavam nada para aquele ser indiferente, agora pensativo. Seu momento era viver o presente com avidez, sem lamentações, desejos ou esperanças e ponto final” (p. 119).

Cada vez tenho me surpreendido mais com a editora Argonautas e com a qualidade de seu trabalho; os livros que li até agora são inegavelmente ótimos; possuem lindas diagramações e excelentes revisões. Sem dúvida alguma, eu indico o livro para todos que gostam de terror e para aqueles que têm saudades dos filmes de velho oeste.

Aliás, não recomendo somente a obra, mas toda a série e os livros da editora. Sem dúvida, você irá se surpreender.

Livro: Sagas vol. 2 – Estranho Oeste
Autores: Alícia Azevedo, Christian David, Duda Falcão, M. D. Amado, Wilson Vieira
Editora: Argonautas
ISBN: 9788564076013
Ano: 2011
Páginas: 144

Série:
Sagas vol. 2 – Estranho Oeste


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