Sinopse:
O trabalho reúne 77 textos variados. Fala de atualidades e de antiguidades, ora foca no espírito, ora nas dores, ora toca nas emoções, ora mexe com os instintos, mas em todos os momentos impõe introspecção e obriga a reflexão. As páginas desta obra tranquilizam e nutrem, aquietam e impulsionam, tocam nas feridas de forma medicamentosa. É um livro leve, revigorante e sobretudo transformador.
Resenha:
O livro Perspicácia contém setenta e sete crônicas de todos os estilos. A obra faz o leitor dar boas risadas, porém, também, faz-nos refletir sobre as coisas mais simples e corriqueiras da vida. Marco tem um misto de realidade, graça e magia em suas palavras. Sua obra é algo fora do comum. Algumas crônicas são longas, entretanto, não deixa o leitor cansado; outras são tão pequenas que, mesmo com sua pequenez, torna-nos fartos e pesados. Não por ser ruim, mas pela densidade da verdade, pela realidade que ela carrega.
Marco nos compara com uma peça de tabuleiro ou, até mesmo, com um número ou um naipe do baralho. Ao pensarmos no jogo Xadrez, com qual peça você se enquadraria? O livro não é autoajuda, tampouco nos ensina como sermos ricos de um dia para o outro ou adquirirmos a felicidade com o pensar positivo. Não é um livro com mágicas para encontrar a pessoa amada ou para prendê-la, seja de paixão, quer seja numa prisão. O livro nada mais é do que uma forma de distração e de conscientizar a sociedade das coisas que acontecem e que estão prestes a acontecer.
“A atmosfera equilibrada e o ar puro incomodam o guarda de trânsito que se habituou a buzinas, estresse e monóxido de carbono.”
Um detalhe bem interessante, numa das crônicas, é sobre nosso modernismo. Vivemos num mundo em que a tecnologia está cada vez mais avançada. As brincadeiras de barro, casinha, boneca, futebol na areia, são coisas escassas. O que se vê são crianças de 5 anos brincando em tablets, celulares, computadores e, quando faltam a energia, sua distração simplesmente se vai. Não tem um calor humano com as outras crianças, correr na grama, brincar de pega-pega, esconde-esconde. O autor eleva isso de uma maneira incrível. Para ele, a simplicidade ainda será algo desejado e a tecnologia será repelida.
“Quando tornar-se insuportável, maçante e insossa essa pseudovida, os valores que se tornaram obsoletos serão resgatados pelos raros idosos que vivenciaram autênticas experiências vivificantes. A garotada deixará de lado o vídeo game, encherão sacos plásticos com bolinhas de gude e sairão para as ruas à procura de outros garotos dispostos a aumentar sua quantidade de bolinhas.”
O autor coloca a tecnologia como um fator predominante, contudo, o contato está sendo estigmatizado. A geração tem preferido o contato virtual, ao contato direto. Ele menciona que não há a coisa pura, desnuda, o contato sem a maquiagem, os pés descalços na grama, sem a preocupação de pegar uma bactéria com o contato da pele no chão.
“Onde está o olho no olho, o beijo de lábios com lábios, sem a interferência da fina camada de batom? Estamos asfixiando nossa pele, nos isolando por películas finas que não nos deixam transferir nem receber energias, vibrações e sentimentos que só o contato desnudo pode propiciar.”
Marco consegue nos tocar de várias formas. Uma das crônicas ele fala sobre os cães. Para ele, o animal é visto como um ente querido e, na verdade, são confundidos com animais de estimação. Eles têm sentimentos, são carinhosos e gostam de receber atenção. O autor coloca que quem maltrata um animal é comandado pela ignorância e brutalidade, que está longe de saber o que é civilidade. Quem maltrata um animal, conforme o autor, nada mais é do que um amontoado de carne dominado por instintos que o torna desumano.
“No dia que a humanidade amar seu próximo com a mesma intensidade, com a mesma autenticidade que os cães amam seus donos, estaremos caminhando em direção aos desígnios de nosso Criador: um mundo povoado por seres inteligentes, dotados de livre arbítrio, entretanto, impregnados de um amor irracionalmente espontâneo e profundo.”
Marco trata de todo assunto de forma direta, não há rodeios. Ele te toca e te faz enxergar que a humanidade está se tornando mais robótica, que o humano está se perdendo em tecnologias. Há controvérsias, sim; há quem vá contra sua opinião. Porém, seus argumentos não deixam de ser verdade, em maior parte das vezes. Quantos de nós nos deparamos com uma criança que prefere brincar na lama, fazer castelo de areia, brincar de pega-pega e deixar o computador desligado, o tablete na loja e o celular no bolso do papai?
O livro é um choque, nos desperta para coisas que estão nítidas. Nem sempre estamos atentos para olhar ao nosso redor e nos deparar com a realidade nua e crua que essas crônicas nos apresentam.
“É provável que algum alienígena esteja usando um uniforme similar ao seu, utilizando a boca e os membros de algum conhecido, de um vizinho, para lhe orientar, conduzindo-lhe à queda ou à vitória. Observe suas decisões e perceba se há algum ET o influenciando aquela escolha, aquela direção, aquele comportamento.”
Autor:Marco Antonio Rodrigues
Título:Perspicácia - O aprendiz e a vida
ISBN:9788578693565
Editora:LP – Books
Ano:2012
Páginas:176