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Resenha: O Guardião

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Sinopse:

Hoje, quando você sair à procura de Yancey, o Rimador, e tiver de abrir caminho em meio às prostitutas, aos valentões e aos viciados loucos por mais um dia de cheirada ou um trago, você irá se deparar com o corpo de uma criança. O cadáver exala um odor que não é dele, um cheiro que recende a magia e a um lugar, se Sakra quiser, para o qual você jamais irá querer voltar. Não fique tempo demais de bobeira perto do corpo; os gélidos vão querer saber o que você fez e o que há na sua bolsa. E quando eles te pegarem, é para a Casa Negra que você irá, onde o Comandante fará uma oferta que você não terá como recusar. Bem-vindo a um mundo como nenhum outro, com uma linguagem estranha e rica e uma violência tão sombria quanto o mais negro dos noites.


Resenha:

"– Você é um homem frio.
– Este é um mundo frio. Eu apenas me ajustei à temperatura".


O Guardião é uma obra envolvida de mistérios e surpresas do início ao fim. Logo no começo da obra, somos apresentados a um crime bárbaro: uma garotinha chamada Tara é encontrada morta. Ela foi estuprada e assassinada. O Guardião, personagem principal da trama, passa a investigar o crime.

O que me chamou a atenção na escrita de Polansky foi sua ideia criativa em elaborar vários crimes e adentrar em um gênero inovador: a fantasia noir. Ele soube desenvolver e descrever o enredo de maneira única e fantástica. A narrativa é fluída, envolvente e instigante.
“[...] O mundo se torna um lugar melhor quando visto apenas de soslaio” (p.09).


O autor mescla fantasia com a magia e uma história policial de tirar o fôlego. A corrupção e a destruição de uma sociedade são retratadas de maneira fiel e incrível. O protagonista é totalmente cativante e fora do comum. Não é nenhum super-homem, tampouco um príncipe. Seu jeito é astuto, sua língua é afiada, uma pessoa cética, cínica e solitária. Muitos o consideram como um cara sem sentimentos. Até poderia ser considerado assim, no entanto, quando ele passa a investigar os desaparecimentos de algumas crianças na Cidade das Sombras, podemos notar que esse coração não é tão frio como alguns acreditam.

O Guardião é um personagem viciado em drogas e as usa para suportar o seu cotidiano mórbido em uma cidade onde a vida é desvalorizada e os crimes não são desvendados como deveriam. Ele é um ex-combatente de uma Grande Guerra e sobreviveu a uma peste que matou muitas pessoas em Rigus. O que mais chama a atenção em seu jeito, tornando-o cativante aos leitores, sem dúvida, é o fato de ele matar. Suas mortes são sangrentas e horripilantes. Polansky arrebentou nas descrições de cada morte do Guardião.
“Coce uma ferida por muito tempo e logo ela irá começar a abrir novamente” (p.102).
O livro nos apresenta também outros personagens. Um dos que gostei bastante, tirando o protagonista, claro, foi Garrincha: uma criança completamente fora do comum. Seu jeito parece uma miniatura do personagem principal. Suas respostas são aguçadas, ele não tem medo de nada e sua sede por um trabalho chega a ser comovente.


Polansky retratou um mundo completamente infame e patife, mas ele não é uma ilusão ou uma distopia. Esse mundo existe e o vivenciamos de algumas maneiras. Embora seja narrado de modo fantasioso, com elementos mágicos, com figuras dos Gélidos e os magos, podemos contemplar que as histórias descritas na obra estão presentes em nosso mundo e, sequer, damos conta disso.
“[...] O fato de seu cavalo chegar no fim da corrida não significa que você fez uma aposta inteligente” (p.158).
Não existe um personagem perfeito, um herói montado em um cavalo branco e que salvará a criança de todas as barbaridades. O Guardião é cheio de defeitos, fala de maneira rude; até mesmo Garrincha é vítima da aspereza dele, contudo, notamos que ele tem um lado sensível e que busca a justiça acima de tudo.

O projeto de capa ficou excelente e a diagramação está incrível. As páginas amareladas, o espaçamento ótimo e a letra grande fazem com que a leitura fique mais agradável e veloz. O mistério e o lado sombrio no design fizeram toda a diferença. Sem dúvida, é uma capa que chama a atenção. Notei alguns erros tanto de tradução quanto de revisão, mas nada que prejudique meu favoritismo pela obra.


“– As pessoas são tolas. Não é preciso um profeta para lhe dizer o futuro. Olhe para ontem, olhe para hoje. Amanhã provavelmente será igual, e depois de amanhã também” (p.337).
Recomendo a leitura para aqueles que gostam de uma boa fantasia e para aqueles que gostam de personagens com personalidades fortes e descrições de mortes pesadas.

Título: O Guardião
Autor: Daniel Polansky
ISBN: 9788581300603
Editora: Geração Editorial
Ano: 2014
Páginas: 444

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