Em meio às tragédias da Primeira Guerra Mundial, o amor é a única arma de um garoto para curar seu pai. Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados — enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa.
Resenha:
Fique onde está e então corraé uma obra comovente e deliciosa de se ler. Somos apresentados, logo no início da trama, ao personagem Alfie. Ele tem apenas nove anos de idade, porém, passa por muitas coisas desde cedo. Aos cinco anos, no dia do seu aniversário, seu mundo começa a mudar: seu pai parte rumo à guerra que acaba de começar.
Alfie Summerfield tenta se lembrar de como era sua vida antes de a Guerra Mundial começar. O pior dia de sua vida é marcado com a ausência de convidados em sua festa e com a despedida de seu pai. George, sem revelar totalmente a verdade, apenas explicou ao garoto que estava indo a uma missão secreta para o Governo. Ele vai à Guerra com a convicção de que ela acabará antes de o Natal começar.
Todos os dias, Margie recebe cartas de seu esposo; ela lê todas em voz alta para o pequeno Alfie ouvir. Porém, passado algum tempo, as correspondências começam a ficar mais detalhadas e a mãe do menino resolve ler apenas para ela. O que Margie não sabe é que garoto descobriu onde ficavam as cartas e, sempre que uma nova chegava, ele lia escondido. Até que um dia, elas pararam de chegar e eles não tiveram mais nenhuma notícia de George.
“Amor era uma coisa sobre qual os adultos conversavam e as meninas liam”.
Anos se passam e a necessidade começa a bater à porta da família Summerfield. Margie se vê obrigada a se dedicar mais ao trabalho; ela se desdobra para fazer turnos mais longos. Alfie nota que a mãe precisa de apoio e passa a ajudá-la engraxando sapatos escondidos dela.
Através da visão de Alfie, somos apresentados aos efeitos que uma guerra proporciona na vida tanto das pessoas que estão lutando, quanto daquelas que estão em casa, com a expectativa de ter aquele ente querido de volta.
A construção dos personagens foi tão bem feita que se torna impossível não ser cativado por cada um. Joe, um dos vizinhos da família Summerfield e objetor de consciência, é levado à prisão por não querer ir à guerra, já que o alistamento passa a ser obrigatório. Ele é tratado como covarde por não querer aceitar ir à luta. Outro vizinho da família, um Sr. húngaro chamadoJanácek e sua filha são deportados para um campo, acusados de espionagem, já que são estrangeiros.
“– Objetor de consciência – disse Joe. – Quer dizer, alguém que não quer ir para a guerra por razões humanitárias, religiosas ou políticas”.
A obra é emocionante em vários aspectos. Podemos contemplar Alfie com seu jeito de criança, porém, ele passa a ver o mundo de outra maneira, age como adulto e sente as dores de uma pessoa madura. Boyne soube transmitir esses sentimentos de um jeito incrível. É impossível não se apaixonar pelo jeito de Alfie e pela sede que ele tem de descobrir o que está errado com o desaparecimento de seu pai.
O garoto é muito esperto e, em muitos momentos, nos dá uma grande lição de vida. Muitos são acomodados com o que tem e com o que fazem. Alfie não, ele nunca está satisfeito com aquilo que lhe informam; ele busca, investiga e quer saber o motivo das coisas.
Boyne tornou essa obra uma das melhores que já li. Ele soube pegar um assunto forte, denso e triste e conseguiu transmitir a emoção de maneira absolutamente tocante, sem deixar de lado a leveza.
“– Acho que não gosto de aniversários, para ser sincero.– Como assim? Todo mundo gosta de aniversários!– Eu não – respondeu Alfie. – Eles me fazem pensar em como era ter cinco anos. E depois seis, sete, oito e nove”.
A capa do livro é muito marcante e o nome é chamativo e intrigante. Desde quando o vi, fiquei me perguntando o motivo desse nome. Ele é super criativo! A obra é recomendada para todas as idades.
É um livro curto, dá para se ler rapidamente, porém, sua história nos marcará para sempre. Não perca mais tempo e adquira já o seu. Fique onde está até terminar essa resenha e, então, corra para comprar o seu exemplar.
Título: Fique onde está e então corra
Autor: John Boyne
ISBN: 9788565765404
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 224