Sinopse:
Alex, Alice e Rebeca são grandes amigos e decidem se reencontrar depois de alguns anos sem se verem. O lugar escolhido é o hotel dos pais de Alex, mas o que parecia uma viagem especial, repleta de conversas agradáveis e descontraídas com os outros hóspedes durante o jantar se transforma, em seguida, num pesadelo. Quando os três se preparam para dormir, ouvem batidas desesperadas à porta e seguem ao salão, onde logo descobrem que o cozinheiro fora assassinado. Com a comoção, somada à dificuldade de fuga devido à tempestade e névoa lá fora, a confusão logo se instala no hotel, além de um desagradável clima de suspeita entre os hóspedes.
Resenha:
Se arrependimento matasseé uma obra envolvente e cheia de mistérios do início ao fim. Alex decide realizar uma viagem ao hotel de seus pais juntamente com seus amigos Alice e Rebeca. Alice, na verdade, é um homem e seu nome é motivo de piada desde a época do colégio, por ser supostamente feminino.
Após meses de planejamento, a viagem de três dias dos três amigos realmente sai e eles partem rumo ao passeio. Como o hotel fica localizado bem distante da cidade, eles precisam viajar durante muitas horas para cumprir com o objetivo de curtir a piscina e colocar a conversa em dia.
Alice está em seu último ano de Engenharia Civil, Rebeca desenha Histórias em Quadrinhos e teve um de seus rascunhos aceito em uma revista. Alex, por sua vez, é o típico filho de papai que não se preocupa em estudar e sente que o seu futuro está garantido através dos próprios pais.
“– As pessoas não são como você, Alice. Mesmo que alguém tenha isso em mente no início, desistirá ao chegar lá. É a maior máfia que existe. Não vale a pena lutar contra ela se você pode apenas ignorar e ganhar dinheiro. Queira ou não, o que acontece não é muito diferente disso” (p.20).
Os garotos chegam ao hotel e são recepcionados por Charles e Vera, que logo cumprimentam os amigos de seu filho. Os dois rapazes ficam hospedados em um quarto, enquanto Rebeca fica sozinha em outro.
O casal, dono do imóvel, está lá para uma reunião. Todos se reúnem à mesa para o jantar, inclusive algumas pessoas que chegaram para se hospedar, assim como John, o professor Dante e uma moça chamada Frederica. Todavia, a pessoa principal não comparece e Charles fica totalmente apreensivo.
Quando todos já estão em seus quartos, de repente, todas as luzes do hotel são apagadas e Rebeca, apavorada, vai até o quarto dos garotos em busca de proteção. Para alívio de todos, as luzes voltam; contudo, uma vida se vai. O corpo do cozinheiro é encontrado caído na cozinha com marcas de facada em seu pescoço.
“– Ele ouviu apenas o que eu quis que ele ouvisse, que foi ‘sempre que ele está blefando, abaixa levemente suas cartas sem perceber’. Tendo ouvido isso, ele pensou que estava com o jogo ganho, pois agora que sabia de sua falha, era só compensar levantando um pouco suas cartas quando blefasse” (p.39).
A adrenalina começa após o primeiro assassinato no livro. Prepare-se, pois outros virão e farão com que o leitor fique vidrado até desvendar o verdadeiro culpado! É impossível prever o que acontecerá nessa história, o autor soube criar cada parte e nos deixar boquiabertos em todos os detalhes.
Quem está lendo a obra não consegue desviar os olhos do livro por nada. A cada página, um novo suspense surge e um novo suspeito nos é mostrado. Tudo foi criado de forma bem minuciosa e o autor consegue deixar o leitor totalmente afoito para chegar ao fim. Ao mesmo tempo, não queremos que a obra acabe, pois a leitura é gostosa e a história é bem desenvolvida. Parece contraditório, mas a sensação que temos é exatamente essa.
Um dos personagens que mais gostei foi Alex, seu jeito astuto, austero e grosseiro, em alguns momentos, fez com que ganhasse lugar no pódio de melhor personagem. Outro que me ganhou foi Frederica. Como quem não quer nada, ela soube ganhar o seu lugar sem precisar de muito esforço. Devo ressaltar que estava odiando-a, logo no início, parecia arrogante e prepotente demais. Porém, no decorrer da obra vemos que ela não é assim. Para ser sincera, gostei de todos os personagens. Eles foram muito reais e únicos. Era notória a personalidade diferenciada deles.
“Estava no chão, coberto de sangue. Em seu pescoço, um enorme corte de impiedosa profundidade, claramente a fonte da deslumbrante tinta que pintara a imensidão branca da cozinha com tão intenso vermelho” (p.43).
Quando pensamos que tudo chegará ao fim, eis que a segunda morte surge e leva a adrenalina do leitor ao ápice. E se você ainda acha pouco duas mortes em 246 páginas, o autor ainda nos brinda com mais uma e, para mim, foi a mais dolorida.
A capa é sombria e o nome do livro nos dá um pacto logo de cara. As letras do título em vermelho e a faca, logo na contracapa, suja de sangue, já nos preparam para uma obra sangrenta e com mortes frias e calculadas,
A diagramação é simples. A margem, a fonte e o espaçamento são de tamanhos excelentes, isso faz com que a leitura se torne agradável e não fique cansativa. Notei alguns erros, mas não é nada que desmereça a qualidade da obra.
“– [...] somos como pequenos ratos dentro de uma grande caixa de areia de um gato; não temos muito a fazer a não ser correr em círculos” (p.53).
Se você está preparado para fortes emoções, sugiro que leia este livro com urgência. Se você não está preparado, recomendo que leia para se deliciar nesse incrível suspense de te tirar da zona de conforto.
Título: Se arrependimento matasse
Autor: Alma Cervantes
ISBN: 9788576799955
Editora: Novo Século
Ano: 2013
Páginas: 246