Autor: Leonardo Posternak
ISBN: 9788561977627
Editora: Primavera
Ano: 2013
Páginas: 160
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Sinopse:
Prêmio Jabuti 2003 na categoria Educação e Psicologia, o livro O direito à verdade: Cartas para uma criança, como o próprio o nome indica, foi escrito sob a forma de cartas, as quais são “endereçadas” às crianças. No entanto, é um livro para ser lido por toda a família, especialmente pelos pais ou por quem cuida das crianças. Certamente, as reflexões apresentadas pelo pediatra e psicanalista Leonardo Posternak serão muito úteis para solucionar ou saber lidar com as diversas situações que o educar suscita. Como e quando contar a um filho que ele é adotado? Devemos contar às crianças que quando alguém morre, essa pessoa nunca mais voltará? Como faço meu filho se alimentar da maneira correta? Estamos nos separando – como contar isso aos nossos filhos? Questões como essas e muitas outras são respondidas neste livro, que é também cativante pela maneira com que o autor trata dos temas. Além ter sido escrito por um profissional com ampla experiência no assunto, é impressionante o grau de sensibilidade que Leonardo Posternak demonstra ter ao tratar de questões tão fundamentais na estruturação familiar.
Resenha:
O direito à verdadeé uma obra que, antes de tudo, faz-nos refletir apenas pelo título e pelo subtítulo: Cartas para uma criança. O livro recebeu o Prêmio Jabuti 2003 na categoria Educação e Psicologia. Por esses três fatores a obra chamou a minha atenção e entrou na lista de uma das melhores leituras do ano.
Logo no início, o autor dá um nocaute naquilo que chamamos de Estatuto da Criança e do Adolescente. Muitos juristas ousam afirmar que ele é considerado como de Primeiro Mundo, todavia, não é bem assim que as coisas acontecem. O autor escolhe dois artigos para provar a sua teoria de que esse Estatuto está cotidianamente esquecido.
Será realmente que as crianças e os adolescentes têm todas as oportunidades de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social? Será que sua liberdade e dignidade são tão garantidas quanto o Estatuto atribui? Sabemos que é dever da família, da comunidade e do Estado em assegurar uma melhor qualidade de vida abrangendo desde a sua criação até a sua educação, dignidade, respeito e liberdade.
“Se a distinção entre verdadeiro e falso for abandonada, estaremos enfrentando um perigo muito sutil, mas nem por isso ‘menos perigoso’, pois os mentirosos não terão nada a provar e os defensores da verdade não terão, ao menos, uma causa para questioná-los” (p.11).
Embora se pregue isso no papel; na prática, quantas crianças são vítimas de maus tratos, não tem uma qualidade na educação e, muitas vezes, o poder público se cala mediante tais acontecimentos? Quantas crianças e adolescentes estão na escola de corpo, enquanto a mente nada sabe e nada aprende daquilo que está sendo passado? Quando se estatui que é dever desse tripé em estabelecer a educação, não é apenas o direito de o indivíduo ir à escola, mas em ter um ensino de maestria.
A obra prima para que as crianças sejam tratadas como são, com respeito às diferenças individuais e o direito à verdade. Para o autor, os pais precisam impor limites, porém, com coerência, pois elas precisam passar por uma dose tolerada de frustração. Dessa maneira, é possível que elas aprendam que a filosofia barata do “levar vantagem em tudo” pode sair caro e ser prejudicial na vida dos pais e da criança.
Outro ponto importante colocado pelo autor e que merece destaque é no quesito mentiras. Muitos pais mentem para os seus filhos ou escondem a verdade, como preferir. Ele explica o motivo pelo qual se deve evitar fazer isso. Vale muito mais uma verdade dura a ter que dizer uma mentira que os console provisoriamente. E como diria o Posternak: “A melhor e mais bondosa das mentiras causa muito mais dano que a pior e mais terrível das verdades!”.
“São ao todo dez cartas. [...] Todas têm algo em comum: refletir sobre assunto que, em geral, os adultos não conseguem conversar com facilidade com vocês. São coisas das quais não se fala, e como não são faladas, não são pensadas. O que não é pensado não se conhece. O que não se conhece dá medo e insegurança” (p.21).
Leonardo Posternak cria a excelente ideia de escrever cartas para crianças. Ao todo, são dez publicadas no livro, um para cada tipo de situação. É impossível não se emocionar com a maneira doce que ele remete suas palavras às crianças. Como explicar a um filho a separação dos próprios pais? Como fazer uma criança entender que na verdade ele foi adotado? Como fazer uma criança aceitar que ela precisa ser internada para fazer uma cirurgia, pois está doente? O autor sabe como fazer tudo isso.
São situações extremamente sensíveis, tensas e lamentáveis. Porém, Posternark tem um jeito sutil de falar com as crianças. Além de suas palavras, ele cita poesias dentro de cada carta, alguns versos associando ao assunto e toca os pequeninos de forma imensurável.
O livro é uma grande lição para os adultos. Essas cartas deveriam ser lidas por todos e com certeza incentivaria os grandes a não mentir para os pequenos; a jamais esconder pontos que precisam ser colocados em observação. O autor ainda ousa dizer que o mundo deveria ser governado pelas crianças, pois elas são sensíveis, possuem coerência e bom senso. Há quem duvide dessa teoria, mas há aqueles que conseguem captar a pureza do coração de uma criança.
“As diferenças existem: ricos/pobres, bairro nobre/favela, negros/brancos, família/solidão, vida/morte, católico/budista etc. Que elas existam não é preocupante, o que é preocupante são as injustiças e a intolerância que produzem” (p.24).
A obra é emocionante e surpreendente. A leitura é totalmente rápida e gostosa. Contudo, o ensinamento que ela nos proporciona ficará marcado para sempre. E, quando uma criança lhe perguntar o motivo de algo, pense duas vezes antes de inventar uma desculpa. Ela pode até não saber a verdade na hora, mas tenha certeza que ela acabará descobrindo. Afinal, de acordo com o autor, as crianças descobrem tudo. Não ouse duvidar disso!
Recomendar essa obra depois dessa resenha, sem dúvida, é pleonasmo!
“Em geral, existem três tipos de pessoas: uma, que quando sente frio tira toda a roupa e a oferece aos outros; outra, que quando sente frio, veste toda a roupa, sem emprestar a ninguém; e a última, que quando está muito frio, veste UM agasalho e empresta o restante das roupas a quem precisa e acende uma fogueira para esquentar quem fique por perto” (p.28).
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