Título: Um dia de cada vez
Autor: Courtney C. Stevens
ISBN: 9788581052366
Editora: Suma das Letras
Ano: 2014
Páginas: 232
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Sinopse:
Alexi Littrell era uma adolescente normal até que, em uma noite de verão, sua vida é devastada. Envergonhada, a menina começa a se arranhar e a contar compulsivamente uma tentativa de fazer a dor física se sobrepor ao sofrimento que passou a esconder de todos. Ela só consegue sobreviver ao terceiro ano do ensino médio graças às letras de música que um desconhecido escreve em sua carteira. As canções parecem adivinhar o que o coração de Alexi está sentindo.
Bodee Lennox nunca foi um adolescente normal, mas agora é o menino que teve a mãe assassinada pelo pai. Em seguida, ele vai morar com os Littrell, e Alexi acaba descobrindo que o Garoto Ki-Suco, o quieto e desajeitado menino de cabelos coloridos, pode ser um ótimo amigo.
Em Um dia de cada vez, Alexi e Bodee, ao mesmo tempo em que fingem para o resto do mundo que está tudo bem, passam a apoiar um ao outro, tentando viver um dia de cada vez.
Resenha:
Escolhi esse livro pela sinopse. Quando li que a protagonista se arranhava compulsivamente para que a dor física abrandasse a emocional, tinha certeza de que precisava entender os motivos e o que, de fato, aconteceu com Alexi Littrell. Somos apresentados a uma menina que era aparentemente normal, nos padrões que as pessoas julgam que deve ser. Ela vivia de maneira alegre e rodeada de amigos. Porém, algo acontece e sua vida muda de roteiro.
Decepcionada e envergonhada, ela passa a arranhar o seu pescoço em uma busca desenfreada de diminuir a dor que sentiu naquela noite de verão. Suas blusas e os lençóis são sempre cheios de sangue na altura do colo, mas ela oculta esses sinais de todos; quando não lava as peças de imediato, esconde-as no guarda-roupa para que os pais não vejam.
Um turbilhão de sentimentos é alojado no coração da garota e ela se sente perdida, sem ninguém para confiar e contar esse segredo que tira o seu sono. Alexi tem de viver com uma dor que ela não consegue carregar. Até que surge Bodee Lennox e a faz perceber que o seu mundo não é tão drástico quanto parece, já que ele tem uma história muito mais triste a contar.
“O poder de Bodee está no jeito como ele me decifra, vê através de mim e, depois, entende a verdade por trás da fachada. Ele é o cara que pode passar direto pela Casa de Espelhos na primeira tentativa”.
Bodee é um garoto que poderia ser declarado, também, dentro dos padrões que a sociedade insiste em julgar; tirando o fato dele ser chamado de Ki-Suco, por pintar o cabelo com diversas cores. Porém, tudo muda na vida do garoto. A mãe dele é assassinada pelo próprio pai, sem que este saiba que o garoto assistia a cena. A mãe de Alexi era muito amiga dela e, comovida por Bodee ficar sem abrigo, convida-o a morar com a família Littrell.
Alexi e Bodee não tinham uma relação de amizade antes, tudo começa a surgir após a trágica cena que o garoto assiste. A amizade deles mais parecia como algo piedoso, contudo, não é assim que acontece. Um tem necessidade de ajudar e defender o outro. Independente do que as pessoas falem de Bodee, a garota só quer vê-lo bem e longe de todos que possam machucá-lo.
Além dele, a protagonista tem uma admiração platônica por um desconhecido que escreve várias letras de música na carteira dela. Na verdade, ele escreve uma parte e ela escreve a continuação. A princípio, pode até parecer algo bobo. Porém, as canções transmitem exatamente o que Alexi sente e ela tem ciência que o Capitão Letra de Música está bem próximo dela, mas só falta descobrir quem é.
“– [...] tomo mundo erra. O modo como as pessoas compensam os erros é que conta”.
Você se prende na obra tanto pelo que Alexi passa quanto pelo acontecimento que Bodee foi obrigado a assistir. A autora tem uma narrativa fluida e as páginas são devoradas rapidamente. Desde o início é possível desconfiar de muitas coisas, pelo menos eu consegui. Descobri qual a maldade fizeram com Alexi, quem fez, até mesmo quem era o enigmático Capitão Letra de Música. Contudo, diferente do que acontece com Mentirosos – em que a leitura não me agradou e o final não foi nada impactante –, em Um dia de cada vez, mesmo eu descobrindo boa parte das coisas, o final foi emocionante para mim. Cada detalhe foi absorvido e engolido com um nó na garganta.
Uma curiosidade aos leitores, segundo a autora afirma, Vinte e três era o título original do livro, pois esse número representa um lugar que Alexi não conseguia alcançar sem ajuda de Bodee, já que foi ele quem auxiliou a garota a contar os buracos na ventilação do teto. Ela sempre tentava e não conseguia chegar aos 23, porque, quando ela piscava, acabava perdendo a conta. Além dessa, a autora nos conta que esse livro não é um relato da vida dela, entretanto, faz questão de salientar que já passou por um processo parecido. É ou não é para se emocionar com esse livro? Agora só me resta aguardar o segundo volume.
“– Por que eu sou tão burra... as coisas sempre dão errado... não importa o que eu faça... o quanto eu me esforce... o que eu vou fazer... ah, Bodee... algum dia você vai me perdoar por isso... por favor... Bodee... por favor... Bodee... por favor... você precisa me perdoar.
– Eu perdoo você, Lex – diz uma voz debaixo da cama”.