Biografia:
Jim Carbonera nasceu no Brasil, em 27 de fevereiro de 1982. Natural de Porto Alegre, reside ainda hoje na cidade que serve de inspiração para suas escritas.
Iniciou escrevendo contos sobre o cotidiano, expandindo-se com o tempo para outras áreas literárias. A partir de autores como Alberto Fuguet, Charles Bukowski, Chuck Palahniuk, Ernest Hemingway, Herman Brusselmans, Pedro Juan Gutiérrez e Rubem Fonseca, injetou alma e realismo sujo à sua narrativa.
Formou-se em turismo, exercendo a profissão por quatro anos e abandonando-a para dedicar-se integralmente à literatura. Suas obras têm como cenários ambientes ríspidos, libertinos e atrozes. Segue o estilo literário do Realismo Urbano e Transgressivo.
Tem como projeto pessoal escrever — em forma de ficção — obras que relatem o ciclo urbano de Porto Alegre. Onde narrará as particularidades da cidade, dos seus moradores e dos visitantes que dão vida e personalidade para essa metrópole tão peculiar.
É autor dos livros Divina Sujeira (Multifoco, 2011) e Verme! (Boêmia Urbana, 2014). Obras que fazem parte do projeto acima citado.
No momento o autor trabalha em seu terceiro livro, intitulado de Royal 47.
Livros:
Verme! (resenha)
Entre o fictício e o real, Rino Caldarola narra em primeira pessoa suas desventuras e desatinos em Porto Alegre, sua cidade natal. Inconformado pela escassez de inspiração e à procura de um lugar ao sol no cenário literário brasileiro, o protagonista é o reflexo das desilusões e dos anseios que atormentam uma sociedade cada vez mais conturbada e contraditória.
Com uma narrativa insolente e exasperada, Rino constrói e defende seu espaço pessoal utilizando-se de ironia, arrogância e de um erotismo cru. Busca desvencilhar-se de sua mãe coruja e do seu bairro que outrora fora de classe média, mas agora se elitiza em nome do progresso. E, principalmente, luta para desembaraçar sua paradoxal maneira de pensar e ver o mundo.
Divina Sujeira
Em uma realidade crua e sarcástica, o autor explora sem escrúpulos o interior de uma sociedade abstrata e distorcida, assim é Divina Sujeira, um relato vibrante de um mundo onde as vitórias e as derrotas caminham de mãos dadas.
O protagonista Rino Caldarola descreve acontecimentos infames, alguns de sucessos e tantos outros para deixar cair no esquecimento.
Dividido em 27 contos, a narrativa apresenta mulheres sinuosas e independentes, homens excêntricos e viris em histórias de amores simples, atitudes sórdidas e finais inusitados. Com uma escrita vigorosa e direta, o autor conduz os leitores aos mais variados sentimentos, revelando uma faceta absolutamente sincera de um mundo sujo e repleto de pecados.
Entrevista:
Desbravadores de Livros:Olá, Jim. Obrigado por conceder a entrevista ao blog.
De início, gostaria de saber algo que todo leitor sempre tem curiosidade: desde quando você escreve? E como surgiu o interesse de se dedicar à escrita?
Jim: Eu que agradeço a oportunidade de divulgar um pouco mais do meu trabalho. Comecei a escrever depois que li o livro Factótum do escritor Charles Bukowski. Pensei: “Porra, existe esse tipo de literatura? Tão direta, tão boêmia, tão visceral.” E comecei a transformar em contos diversas histórias minhas e de outras pessoas. Isso era meados de 2008.
Desbravadores de Livros: Percebi algumas semelhanças físicas entre você e o Rino, protagonista do seu livro Verme. Como surgiu a ideia desse personagem? Você inspirou em si mesmo? O enredo tem traços verídicos ou é totalmente ficcional?
Jim: Minha semelhança com o Rino é basicamente física, familiar e residencial. O enredo é um misto de ficção com realidade. Roubo muitas histórias de outras pessoas e trago pros meus personagens. E sobre o Rino, eu queria escrever de um jeito que deixasse o leitor com dúvida se o autor tinha ou não passado pelo que estava descrito ali. E para este objetivo ser alcançado, tive que pôr alguns elementos da minha vida no personagem.
Desbravadores de Livros: Realismo urbano e transgressivo não é um gênero muito comum entre os leitores brasileiros. Apresente aos leitores algumas características desse seu estilo de escrita.
Jim:Ótima abordagem. Eu me surpreendi com isso. Sabia que não era tão popular, mas fiquei abismado com o distanciamento das nossas editoras e dos leitores com este estilo de literatura. Realismo Urbano e Transgressivo aborda temas vinculados diariamente na nossa sociedade. Sexo, violência, bebedeiras, amor, paixão, traição, vitórias, derrotas, etc. E de preferência descritos de maneira crua e direta. Sem muita enrolação. Eu, particularmente, gosto de acrescentar um pouco de humor ácido e crítica social.
Desbravadores de Livros: Todo escritor, antes de tudo, é um bom leitor. Sabendo disso, conte-nos: quais seus autores favoritos? Você se inspira neles no momento de iniciar a escrita?
Jim: Meu grande herói na literatura é o cubano Pedro Juan Gutiérrez. Ele, mesmo sem saber, foi meu grande mentor. O problema de ser muito fã de alguém, é que viramos meramente uma cópia. Depois que me toquei disso, consegui desvincular minha literatura da dele e achei meu próprio estilo de escrever. Não é algo fácil, mas necessário. Posso citar outros escritores dos quais admiro: Chuck Palahniuk, Alberto Fuguet, Irvine Welsh, Reinaldo Moraes, Rubem Fonseca, Marielsa Braga.
Desbravadores de Livros: Ser escritor no Brasil não é uma tarefa fácil. Quais as dicas que você dá para quem quer seguir o seu caminho?
Jim: Primeiramente assuma isso como uma profissão. Mesmo que trabalhe em outros locais, não leve à literatura como um hobby. Escrever é algo sério, árduo e doloroso. O artista no Brasil é desdenhado e taxado de vagabundo, justamente por não brigar pela causa. Não assumir aquilo que faz. Um músico não precisa aparecer na televisão para poder dizer que é músico. Um escritor não precisa ser o Paulo Coelho para ter o direito de assumir aquilo que é. E outro conselho, é que mande à preguiça se foder. Sente na cadeira e escreva. Se está com falta de inspiração, ache ela. Coloque no papel algum acontecimento do seu dia. Alguma lembrança. Ou simplesmente descreva o seu quarto. Mas escreva, escreva e escreva. Se isso não for uma prioridade para você, uma paixão, nem comece, pois de aventureiros à literatura já está abarrotada.
Desbravadores de Livros: Você tem algum projeto em andamento no momento. Se sim, qual? Há alguma previsão de lançamento?
Jim: Tenho sim, já está praticamente pronto. O nome será Royal 47. É em homenagem a máquina de escrever Royal Quiet Deluxe 1947. Se passará na zona boêmia de Porto Alegre e descreverá o relacionamento, quase íntimo, do protagonista com sua máquina. Sobre o lançamento, minha previsão é lança-lo no fim deste ano. Meados de outubro, provavelmente.
Desbravadores de Livros: Jim, muito obrigado, novamente, por conceder esta entrevista. Agora o espaço é todo seu: deixe uma mensagem para seus leitores e futuros leitores, fale dos seus livros anteriores, enfim... O palco é todo seu.
Jim: Agradeço o espaço concedido. Para os leitores que quiserem conhecer um pouco mais do meu trabalho, podem acessar www.jimcarbonera.com, lá encontrarão contos, redes sociais, Whatsapp, onde adquirir as obras, etc. E que tentem sair do denominador comum e da zona de conforto. Se arrisquem em escritores diferentes: brasileiros, colombianos, chilenos, uruguaios. Tem muita gente boa na América do Sul, com uma intensidade maravilhosa. Tenho certeza que irão se surpreender positivamente.