Título: Operação Brasil
Autor: Durval Lourenço Pereira
ISBN: 9788572448840
Editora: Contexto
Ano: 2015
Páginas: 336
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Sinopse:
Operação Brasil - Agosto de 1942: o Brasil declara guerra ao Eixo. O estopim: o ataque a vários navios mercantes e de passageiros brasileiros no litoral do Nordeste por uma ofensiva naval nazista, provocando a morte de centenas de inocentes. Por que os nazistas afundaram navios desarmados de um país até então não envolvido na guerra? Qual era o objetivo do governo comandado por Hitler?
"Operação Brasil" revela a origem dos eventos que culminaram com esse ataque e levaram nosso país a entrar na Segunda Guerra Mundial. A obra traz aspectos até agora inexplorados da ação militar que não só mudou os destinos do país, mas também alterou os rumos do conflito a favor dos Aliados.
Além de uma narrativa fascinante, que mantém o leitor preso até o final, o livro apresenta documentos importantes, relatos de sobreviventes e testemunhos de civis, militares, funcionários do setor diplomático e do alto escalão do Estado (brasileiros, alemães e norte-americanos).
Resenha:
Por muito tempo, eu supus saber tudo sobre a participação brasileira na Segunda Grande Guerra, porém, não poderia estar mais enganado. Ao ler Operação Brasil, percebi que o que eu tinha aprendido na escola era incrivelmente raso e alguns detalhes nem eram totalmente corretos. Não estou exagerando ao dizer que esse livro mudou a minha forma de enxergar o evento e, também, o Estado Novo.
Para entendermos bem o que levou os países do Eixo a atacarem os navios brasileiros, até mesmo civis, é necessário dissecar um pouco mais da política externa brasileira da época. Como sabemos, Vargas estava no poder e, em muitos momentos, era um ditador intransigente, que queria manter de qualquer maneira a soberania nacional. E, por sua intransigência e diversos outros motivos – que estão muito bem explicados no livro, mas vocês terão que ler para saber –, ele acabou se afastando da Alemanha e se aproximando dos EUA.
Ora, obviamente os alemães não gostaram nada de perder um território estratégico na América do Sul. E pior: vê-lo ajudar na movimentação das tropas inimigas – sim, o Brasil esteve intrinsecamente ligado com o transporte de tropas dos EUA para a África; confira no livro também –. E, exatamente por não terem gostado nada do que estava acontecendo, colocaram em prática a Operação Brasil: uma operação de guerra para destruir os principais portos e navios brasileiros.
“Para os dirigentes alemães, as baixas causadas pela Marinha Real britânica foram uma contingência de guerra aceitável. Entretanto, ter seus submarinos atacados por um país inexpressivo como o Brasil beirava a humilhação. Uma resposta à altura precisava ser dada pelo Reich” (p. 113).
Parece complexo entender as nuances e desdobramentos da política externa brasileira? Talvez até seja. Porém, o ponto alto desse livro é exatamente a forma que Durval Lourenço Pereira conduz o andamento dos relatos; ele o faz de uma maneira tão simplificada e direta que torna o conteúdo acessível para qualquer leigo em história. Em alguns momentos, a narrativa parece até um pouco romanceada, facilitando ainda mais a leitura.
Outro ponto que deve ser abordado é a profundidade da pesquisa do autor. Através de uma bibliografia imensa, inclusive consultas aos arquivos da marinha americana e alemã, ele elucida pontos até pouco tempo encobertos e questiona esquemas ensinados nas escolas e faculdades como verdades absolutas. Porém, o autor não se coloca como o dono da verdade, mas apenas como tendo uma visão lúcida embasada em documentos oficiais.
Corroborando com todos esses pontos positivos da escrita do autor e dos estudos, a editora Contexto preparou uma diagramação bonita e didática. Imagens, mapas e fotos são acrescentados para tornarem mais fácil o entendimento do que é falado. Não obstante, há detalhes que embelezam cada início de capítulo.
“O teor da mensagem era devastador: ‘Tobruk rendeu-se. Vinte e cinco mil homens foram feitos prisioneiros’” (p. 249).