O livro Insana, escrito pela autora Susannah Cahalan, publicado no Brasil pela Belas-Letras vai ser adaptado para o cinema e tem previsão de estreia para 2016. Em entrevista à editora, ela conta que nunca imaginou que sua história renderia um filme. Vamos conferir?
Belas-Letras: Como foi escrever sobre uma doença desconhecida inclusive para os médicos?
Susannah Cahalan:Certamente foi um desafio! Não tenho conhecimento científico ou experiência na área – a última aula de ciência que tive foi Biologia no Ensino Médio, então comecei com um conhecimento muito limitado de neurociência e como o cérebro funciona. Mas à medida em que comecei a mergulhar fundo na ciência, comecei a me apaixonar. É realmente fascinante. Foi difícil, mas ter conseguido desvendar a parte científica corretamente é uma das conquistas de que mais me orgulho com o livro.
Belas-Letras:Você precisou conversar com médicos, seus pais, amigos sobre seu mês de loucura. Como foi esse processo para você? Como você se sentiu?
Susannah:Foi um processo complicado! A doença enfraqueceu (na época) partes do meu cérebro responsáveis pela formação da memória, então tive que confiar em amigos, família, registros médicos e nos próprios médicos para preencher as lacunas (Susannah não lembra de boa parte do período em que esteve doente). Aquele período foi como se eu estivesse pesquisando sobre uma pessoa totalmente diferente. Algumas vezes, quando eu entrevistava meu pai, por exemplo, foi difícil manter a distância jornalística – na verdade, impossível, porque estava escrevendo sobre eu mesma! Houve vezes em que entrevistar as pessoas que amo foi um processo emocionalmente difícil.
Belas-Letras:Como você usou suas habilidades de jornalista para escrever o livro?
Susannah:Eu não poderia ter escrito Brain on Fire sem a experiência de anos trabalhando como repórter de jornal. Ter trabalhado como jornalista não apenas me ensinou como escrever e entrevistar, mas me mostrou como não ter medo, trouxe-me um sentimento de que apesar da complexidade do assunto, você é hábil para desvendar e comunicar algo aos leitores. Isso realmente me ajudou no início, quando coletar informação para o livro parecia algo impossível. Eu tinha escalado montanhas menores como repórter antes, então, pensei nisso como uma grande montanha a ser escalada, o que foi muito confortante.
Belas-Letras:Você está empolgada com o filme? Qual sua expectativa?
Susannah:Empolgada não descreve nem de longe como me sinto em relação ao filme. Estou eufórica. Posso dizer honestamente que nem em um milhão de anos, enquanto eu estava doente, e mais tarde, escrevendo sobre a doença, eu imaginaria que se tornaria um filme. Ainda não posso acreditar!
Belas-Letras:Você influenciou na escolha de Dakota Fanning para viver a atriz principal? E quanto ao resto do elenco?
Susannah:Eu tive sorte na escolha de Dakota Fanning. Ela leu meu livro durante um voo e demostrou interesse no papel. Não tive influência nisso, mas fiquei muito animada por ter acontecido assim.
Belas-Letras:Você tem medo de adoecer de novo? Como lida com isso?
Susannah:Tenho certo medo, mas ele não dita a maneira como vivo minha vida. Lido com isso sendo atenta com minha saúde, mas nunca sendo neurótica. Viajo sozinha, trabalho muito, me divirto – e não deixo o fato de ter tido essa doença mudar significativamente a maneira como aprecio e vivo minha vida.