Autor: David Baldacci
ISBN: 9788582352342
Editora: Gutenberg
Ano: 2015
Páginas: 368
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Sinopse:
O Limiar - Vega Jane nunca saiu do vilarejo de Artemísia. Nem ela e nem ninguém. Isso jamais aconteceu porque ir além dos limites daquele lugar não é algo permitido. Até que um dia Quentin Herms, seu mestre e amigo, ultrapassa o limiar da cidade e desaparece rumo ao desconhecido e escuro Pântano, onde, segundo dizem, só há perigos, abismos e criaturas assustadoras com sede de sangue.
A fuga não é simples. Ele é violentamente caçado, mas deixa para trás uma trilha de pistas para a jovem: um mapa e um anel, que podem levá-la a descobrir o que há além do limiar de Artemísia, mas que ela deverá ocultar, sob pena de ser acusada de cumplicidade. Cada passo seu torna-se arriscado, e aos poucos ela percebe que aquele lugar e a vida que ela conheceu até então foram construídos sobre mentiras, capazes de fazer poderosos matarem para manter seus segredos. Mas Vega Jane se vê disposta a lutar pela liberdade, mesmo que a descoberta da verdade custe sua própria vida. Tradução: Rogério Bettoni.
Resenha:
A coragem pode mudar tudo e isso não nos remete apenas em nossa vida no geral. Baldacci usou de ousadia para mudar seu estilo de escrita e, sem dúvidas, não abusou nisso. O autor não pecou pelo excesso e conseguiu criar um cenário de pura fantasia e que pode levar seus fãs ao delírio, mesmo não sendo o seu gênero de escrita habitual.
Vega Jane é uma artesã muito talentosa e nunca saiu de Artemísia, na verdade, ninguém nunca saiu desse vilarejo. Ultrapassar os limites não é algo permitido e poderia acarretar sérios riscos aos wugs (cidadãos). A cidade é repleta de perigos, abismos e monstros; esse conjunto assustador provocaria a morte do primeiro que se atrevesse a tentar sair do lugar.
“O lugar mais horrível de todos é aquele que os wugmorts nem sequer sabem ser tão errado quanto o mais errado pode ser” (p.23).
Entretanto, como em toda regra existe uma exceção, Quentin Herms, mestre e amigo de Vega, resolve quebrar esse protocolo e se arrisca em uma aventura: ultrapassar o limiar da cidade. Ninguém sabe os reais motivos que o levam a fazer isso, porém, ele decide sair e desbravar novos horizontes. Obstáculos surgem e Quentin passará por muitos apuros, mas conseguirá deixar pistas para uma jovem descobrir o que existe além de Artemísia.
Após o “desaparecimento” de Quentin, o Conselho de Artemísia declara que ele sofreu um acontecimento misterioso. Entretanto, o corpo governante acaba voltando atrás e menciona que ele se uniu com outras criaturas, aquelas que têm o poder de controlar as mentes dos wugs. Com essa informação passada, ele solicita para que todos construam uma muralha para protegerem suas mentes de possíveis maldades que possam surgir.
“Quando observei com mais atenção, percebi que a cabeça dos pregos não era exatamente o que parecia ser. Quentin havia pintado a madeira para dar a impressão de que estava pregada, mas então o que estava segurando o degrau? Tateei a beirada de cima da madeira e senti uma placa de metal sobre ela. Tateei por baixo e senti a mesma placa. Ela havia sido camuflada para que ficasse com o mesmo tom da madeira” (p.48).
Mesmo achando que a informação passada pelo Conselho é pura mentira, Vega não se contenta em apenas observar e decide traçar um meio de buscar a verdade. Porém, ela não sabe que descobrirá coisas que podem mudá-la completamente. Ela passa a enxergar uma vida regada de mentiras, vivendo em um lugar onde muitos são capazes de matar para não revelarem seus segredos. Uma cadeia se forma e tudo pode mudar. A coragem é capaz de mover montanhas e, isso, Vega tem de sobra.
Cada passo dado parece ter a sensação de ter voltado dois. A obra é recheada de aventuras e mistérios. Monstros estão à solta em busca de alvos; Vega, liberdade; Quentin, respostas. O livro é um amontoado de sentimentos e sensações. O leitor se vê preso em um universo incomum e curioso.
“Observei-a se distanciar até perdê-la de vista. Então olhei para o céu, não sabia exatamente por quê. Talvez para encontrar as respostas que jamais descobriria ali em baixo” (p.141).
A capa do livro é chamativa e bonita. Todavia, a diagramação, para mim, ganha de longe. Os detalhes escolhidos pela editora para enumerar as páginas, para iniciar cada capítulo e até mesmo enumerar os capítulos são de deixar o leitor boquiaberto. A revisão muito bem feita, com apenas alguns deslizes, mas nada que desmerecesse a qualidade da obra. Um ponto negativo que observei são os diálogos com aspas, acredito que muitos sabem que não gosto disso por tornar a narrativa um pouco lenta. Contudo, a leitura é tão empolgante que, em determinados momentos, sequer notava isso.
Baldacci poderia estrear um gênero de diversas formas e ele escolheu apenas uma: iniciar com maestria! Genialidade é o que define a criação desse livro e a mudança repentina em sua escrita. É impossível explicar, basta ler para entender. Agora só me resta aguardar o próximo livro da série.