“– Deviam proibir as bicicletas na rua – ele disse balançando a cabeça. – São uma ameaça.– Talvez eles devessem proibir os carros de andar na rua – eu respondi. – E obrigar todo mundo a andar de bicicleta. Tem muita poluição por aí, na minha opinião”.
“Então fechei os olhos e pensei no garotinho, e torci para ele ficar bem, mas algo me dizia que ele não iria ficar e que nada em casa voltaria a ser como antes”.
“– Prove um pouco disso e me diga se está bom de sal. Mas lembre-se: sempre dá pra colocar mais, mas uma vez que colocamos, não dá pra tirar. É o contrário de cortar cabelo. Cabelo sempre dá pra tirar mais, mas depois não dá pra devolver”.
“Enquanto eu espionava a família dela naquela tarde, ela passou quase o dia inteiro espionando a minha. E só naquele momento, com o dia já quase no fim, a gente finalmente começou a conversar. Era como se fôssemos agentes secretos, mas tivéssemos cansado de tudo e decidido simplesmente abandonar o disfarce”.