Biografia:
A. Z. Cordenonsi nasceu em 1975, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde mora com a mulher e seus dois filhos. Formado em Computação, é professor universitário de profissão, mas escritor como vocação. Escreve sobre o que lhe passa na cabeça e não o deixa dormir à noite, quando as ideias se derramam no teclado como um trem descarrilado. Apaixonado por tecnologia antiga, divide seu tempo entre ser pai, marido, professor e escritor.
Sobre o livro:
Le Chevalier e a Exposição Universal (resenha) – O ano é o de 1867 e Paris prepara-se para celebrar a Exposição Universal, consolidando-se como a capital do mundo moderno!
Impulsionada pela tecnologia a vapor do professeur Verne, Paris se tornou o epicentro de uma renovada Europa. Ferro, fumaça e óleo lubrificam o caminho do Império Francês enquanto drozdes mecânicos saltitam entre a multidão.
Mas uma ameaça paira sobre a cabeça de Napoleão! Em uma guerra de apenas sete semanas, a Prússia derrota a Áustria e lança seus olhos cobiçosos sobre a rica e aristocrática França. Dos campos de batalha para os becos sujos da capital, dos jantares nababescos a catacumbas infestadas de ratos, assassinos e chantagistas se espalham no submundo da espionagem internacional.
Mergulhado nas trevas, o Bureau convoca o seu melhor homem: Um espião sem passado. Sem nome. A serviço da sua Majestade, ele é conhecido apenas como: Le Chevalier!
Entrevista:
1. Olá, Cordenonsi. Primeiramente, obrigado por conceder a entrevista ao blog. Comece se apresentando aos nossos leitores, por favor. Quem é A. Z. Cordenonsi?
Então, meus caros Desbravadores, meu nome é Andre Zanki Cordenonsi, sou professor universitário e escritor. Tenho fixação por tecnologia antiga e sempre permeio minhas obras com referências a artefatos que eram considerados verdadeiros milagres nos séculos anteriores. Acredito que a história real e a ficção entremeiam-se de formas ainda não totalmente exploradas. Já escrevi quase duas dezenas de contos, que foram publicados por diversas editoras no Brasil. Tenho escrito terror, fantasia e ficção há um bom tempo e fui finalista no Prêmio Argos 2014 com o conto “Lenda Urbana”. Le Chevalier e a Exposição Universal é o meu segundo romance e foi publicado em 2015 pela Editora AVEC (Porto Alegre).
2. Por que Steampunk? Sabe-se que esse, nem de perto, é o gênero mais lido no Brasil. Você teve algum motivo especial para resolver se engajar em tal gênero?
Dizem que as histórias se escrevem sozinhas na mente dos autores, o que é uma meia verdade. Acredito muito no conceito de projetode um livro, pois uma obra de fôlego exige uma boa dose de preparação e pesquisa para ser desenvolvida. O conceito do Le Chevalier foi sendo desenvolvido aos poucos, enquanto lia obras de referência da época, bem como pesquisava sobre a França da segunda metade do século XIX. O steampunk foi se amalgamando aos poucos, colando as rachaduras e brechas enquanto eu criava a história. Quando percebi, não havia como construir aquele mundo alternativo sem torná-lo, realmente, uma reconstrução do passado. E, para isso, o steampunkencaixava-se perfeitamente. Era um gênero que eu lia muito, que eu já tinha desenvolvido em outros trabalhos – contos –, e que me deixava à vontade. Era possível construir o mundo de Le Chevalier somente trabalhando com o gênero de história alternativa? Sim. Mas o steampunktornou tudo ainda mais divertido!
3. Quais foram as suas principais inspirações para escrever Le Chevalier?
Começou com O Fantasma da Ópera, na verdade. Eu assisti a peça na Broadway e, apesar de já conhecer a obra, fui arrebatado pelo personagem principal, Eric. Achei que havia muito mais ali para ser contado. Fiquei imaginando ele como uma espécie de espião que utilizava as catacumbas da Ópera como esconderijo. A história se alterou muito desde que eu comecei a trabalhar nela, mas homenageei a minha primeira inspiração com o personagem Persa, que aparece tanto no livro como na peça.
A partir deste momento crucial, as inspirações que me guiaram refletiam a minha história biográfica. Cresci lendo a ficção científica do século XIX e início do século XX (que originariam, mais tarde, o steampunk), assim como biografias dos grandes exploradores e cientistas da época. Howard Carter, Júlio Verne, Livingstone e H.G. Wells tiveram influências parecidas na minha formação. Ao estabelecer a narrativa nesta época, o mundo alternativo que criei misturou elementos tanto da ficção quanto da história real. Assim, temos Napoleão Bonaparte III, Trajano de Carvalho e Júlio Verne, mas também temos Persa e Nancy Drew.
4. Imagino que, para escrever uma obra tão bem fundamentada, como a sua, é necessário um amplo processo de pesquisa. Estou correto? Se sim, como foi esse processo?
Tudo começa por um ponto de origem e, partir daí, você expande para todas as direções até encontrar o que precisa. Iniciei o processo com o Fantasma da Ópera. Quando ocorria? Em que momento? Então, parti para a história da França. E descobri que a metade final do século XIX foi um período extremamente turbulento, tanto na França quanto na Europa, principalmente no continente. Enquanto a Grã-Bretanha navegava soberana, comandando a Revolução Industrial, a França, a Prússia e a Proto-Itália, digladiavam-se por territórios. Foi a época da formação do estado Italiano e Alemão. Guerras se seguiam a outras guerras, não tão duradoras quanto a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, mas muito importantes. E um período tão turbulento era tudo que um escritor podia buscar no desenvolvimento de uma história de espionagem e conflitos internacionais. Foi aí que encontrei a Exposição Universal de 1867 e tudo se encaixou. Pois não há algo pior para uma agência que cuida da segurança interna e externa do que organizar um evento onde centenas de pessoas de todos os países – incluindo países inimigos – estão se deslocando para a sua própria capital. Depois que estabeleci que a história teria como fulcro a Exposição Universal, o trabalho de pesquisa se restringiu um pouco mais, principalmente nos anos anteriores e posteriores àquele período. Mas, claro, como se trata de uma narrativa de ficção e história alternativa, esta pesquisa foi o meu ponto de partida. Modificações importantes foram inseridas na “história real”, estabelecendo o universo de Le Chevalier (onde a França é o principal império do mundo, capitaneados pelos inventos de Júlio Verne, que é um engenheiro e não um escritor).
5. Eu já li a sua obra e adorei. Então, para mim, a pergunta que martela na mente é: vai ter continuação? Se sim, há alguma previsão?
Sim. O segundo livro deve sair no ano que vem, dando prosseguimento às aventuras do espião francês. Le Chevalier e Persa vão, é claro, investigar o misterioso assassinato que surge ao final do primeiro livro.
O projeto Le Chevalier é bastante ambicioso e visa o desenvolvimento de uma narrativa transmidiática. Há outros projetos em andamento. O primeiro deles é uma história em quadrinhos, que deve sair até o final do ano. Não é uma adaptação, mas uma história inteiramente nova, que está sendo desenhada pelo talentoso Fred Rubim. A narrativa, que ocorre alguns anos antes dos eventos mostrados no primeiro livro, se chama Le Chevalier e a Besta de Notre-Dame.
Também estamos lançando uma espécie de websérie no Youtube, que conta outra história de Le Chevalier, no formato daqueles livros antigos, narrados em terceira pessoa. A história se chama Le Chevalier e o Circo dos Horrores Mecânicos de Monsieur Vandelmar e está disponível, inteiramente grátis, no meu canal: https://www.youtube.com/playlist?list=PLaiI73AGruc1g-2pX6ncKHJMy_5WhwH0i
Além disso, estamos planejando um RPG, jogos eletrônicos e um gamebook. E, por fim, a obra está sendo traduzida para o espanhol e inglês e deve ser lançada nos próximos meses nestas duas línguas.
6. Qual o seu personagem favorito na obra? Há algum deles que parece com você? Por quê?
Todos os personagens de um autor são, de alguma forma, autobiográficos. Mesmo que eles sejam completamente diferentes do autor, eles representam o que o escritor pensa sobre o comportamento de um espião, de um assassino, de uma menina de rua e assim por diante. Então, de uma forma ou de outra, estamos dentro dos personagens. Eu sempre tento me afastar um pouco dos personagens, exatamente para evitar que eles fiquem muito semelhantes entre as obras que escrevo.
Em relação aos personagens, é claro que eu tenho um carinho especial pelo Le Chevalier, afinal ele é o motor que conduz toda a obra, mas gosto muito de Juliette, também. Ela surgiu enquanto escrevia o romance, o que é bastante raro. Normalmente, planejo isso com muito cuidado. Mas Juliette apareceu em um momento que eu precisava dela e a garota tomou corpo muito rapidamente, tornando-se parte essencial da trama.
7. Com o formato físico sendo lançado, a tendência é alcançar um número maior de leitores. Quais são suas expectativas em relação a isso?
No Brasil, os ebooks ainda estão engatinhando. Nos EUA, por exemplo, a venda de livros digitais já ultrapassou a de livros físicos. Então, é claro que o lançamento do Le Chevalier em formato físico ainda é essencial para qualquer projeto literário em terra brasilis. A nossa expectativa é alcançar leitores de todo o Brasil, já que o livro começou a ser distribuído nos mais diversos estados. Além disso, podemos alcançar públicos mais segmentados, como as escolas, que podem utilizar a obra tanto pelos seus aspectos históricos como pela amálgama de personagens reais e fictícios.
8. Todo escritor um dia dá seus primeiros passos na literatura. Quais dicas você dá para quem está começando?
Como diria Neil Gaiman, você deveria estar escrevendo. Ou, em uma corruptela da famosa frase de Thomas Alva Edison, um escritor é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Então, se você quer escrever, escreva. Escreva muito. Revise e reescreva. Leia até não aguentar mais. Faça cursos (há muitos cursos bons por aí). Escreva histórias curtas. Narrativas longas e contos são diferentes, mas acho essencial exercitar a coesão, coerência e poder de síntese, e é impossível fazer isso em livros de 300 páginas. Faça um conto de 20 páginas. Veja se consegue transmitir o que você precisa transmitir. E planeje o que vai fazer. Se você não tem a mínima ideia do que vai acontecer no final ou como o plot principal vai se resolver, e espera que a inspiração surja no caminho, a chance de quebrar a cara é muito grande, principalmente se for o seu primeiro romance (há muitos escritores que ignoram esta questão e escrevem verdadeiras obras-primas – como toda dica, ignore-a a seu bel prazer).
9. Cordenonsi, novamente, muito obrigado por conceder a entrevista ao blog e parabéns pela boa obra criada. Agora o espaço é todo seu: deixe uma mensagem para os leitores, venda seu livro, convide-os para conhecer novos projetos... Fique à vontade!
Então, meus caros Desbravadores, espero que tenham gostado da entrevista. Se chegaram até aqui, meus mais sinceros agradecimentos pelo tempo desprendido. Eu me diverti muito escrevendo o Le Chevalier e tenho certeza que vocês vão se divertir muito lendo o livro. Se você gosta de histórias de ação e aventura, misturando espionagem e ficção histórica, então o Le Chevalier e a Exposição Universal é o livro certo para você.
Convido a todos a conhecer a minha página www.azcordenonsi.com.br e seguir as novidades na fanpage do facebook (facebook.com/LeChevalierBook).
Abraços a todos e até a próxima!