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Resenha: As Vidas e as Mortes de Frankenstein

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Título:As Vidas e as Mortes de Frankenstein
Autora:Jeanette Rozsas
ISBN: 9788581303277
Editora: Geração
Ano: 2015
Páginas: 160
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Sinopse:

Escapar da morte, viver para sempre… O que antes parecia apenas fantasia ou ficção científica, hoje está sendo procurado nos principais centros de pesquisa do mundo. Neste romance, Jeanette Rozsas reúne personagens reais e ficcionais para tratar de uma questão polêmica: a fim de vencer a morte, a ciência pode passar por cima de tudo, até mesmo da moral e da ética? Esse é o estranho vínculo que aproxima intimamente, mas em épocas diferentes, uma jovem pesquisadora brasileira trabalhando na Alemanha, três importantes escritores ingleses do século XIX e um famoso alquimista do século XVII e seu ingênuo discípulo.

Resenha:

Provavelmente você deve estar imaginando que esse é apenas mais um livro de terror baseado no clássico Frankenstein. Se isso passou por sua mente, apague esse pensamento. Sabe aquele livro totalmente diferente do que você já leu? Então, essa será a obra.

As Vidas e as Mortes de Frankensteinpossui uma proposta totalmente diferente dos livros que se baseiam nos clássicos. O principal motivo é: aqui há um misto de personagens reais e ficção. Saí o terror e entra a ciência: a realidade, o múltiplo de possibilidades que a ciência da época proporcionava e o que ela proporciona ainda.
O livro se passa em três épocas diferentes, e que possuem uma ligação fortíssima. A primeira é em 1964. Lá nós conhecemos Dippel, que é um senhor de terras e de sobrenome tradicional: Frankenstein, e seu auxiliar, o jovem Max. Juntos, eles desbravam a ciência e alquimia. Buscam remédios, transformam metais em ouro, tentam prolongar a vida humana... Porém, o grande objetivo é: alcançar a imortalidade, tornarem-se o novo Prometeu.
“– Foi assim que as coisas acontecem, posso lhes assegurar – disse o taberneiro, limpando as mãos no avental que cobria o estômago avantajado, enquanto atendia seus jovens clientes. – Conheço a história com todas as minúcias porque minha família serviu aquele castelo por mais de três gerações, até que o maldito Dippel pôs tudo a perder. Pagou com a vida a ousadia de querer fazer ressuscitar mortos” (p. 15).
No segundo plano, em 1814, nós acompanhamos nada mais do que: Mary Shelley – autora de Frankenstein –, Lord Byron – poeta renomado que eu adoro, e que você deveria procurar conhecer – Percy Shelley – poeta conhecido, esposo da Mary –, Willian Godwin – filósofo muito conhecido – e outros. Ou seja, temos personagens reais, com histórias reais e personalidades cativantes. Esse plano mostra como eles se conheceram e como começou a serem forjadas as ideias sobre Dippel que chegaram até nós.

Por fim, no presente, conhecemos a Elizabeth Medeiros, cientista brasileira que trabalha em uma universidade alemã. Ela pesquisa a possibilidade de ampliar a vida humana através da ciência; se possível, alcançar a imortalidade, assim como Dippel queria. Contudo, nem todos os seus planos acontecem como ela imaginava...
Unindo os três planos de maneira incrível, Jeanette Rozsas cria um livro acima da média, dando uma aula de como podemos misturar ficção com realidade e alcançar um resultado surpreendente. Além disso, também mostra como é possível fazer com que personagens possam ser completamente envolventes e bem construídos, mesmo estando afastados do leitor por séculos e costumes.
“Em torno do castelo, várias histórias corriam sussurradas, dando conta de malfeitos e crueldades, de fantasmas e aparições. Mas do lado de dentro daquela verdadeira fortaleza, ninguém, nenhum empregado, era autorizado a alimentar a boataria. Mesmo quando indagados por suas famílias, mantinham-se num obstinado silêncio, temerosos de perder seus empregos ou amedrontados pelas coisas inexplicáveis que lá ocorriam” (p. 29).
Se não fosse isso o bastante, a autora ainda brinda o leitor, pelas entrelinhas, com uma discussão maravilhosa que parte da seguinte premissa: até aonde a ciência pode ir? Vale mesmo a pena romper barreiras éticas para desenvolver a ciência? Seria certo manipular a vida humana como se ela nada fosse? Ou seja, além de uma boa narrativa e um enredo fenomenal, ainda ganhamos a possibilidade de pensar sobre a nossa realidade de maneira crítica.

Porém, apesar de quase tudo me encantar, dois fatores me incomodaram: a falta de páginas e o fim. Em relação ao primeiro, porque havia muito que poderia ser explanado, trabalhado. Era possível conhecer muito mais sobre a brasileira e sobre os personagens históricos. Eles não ficaram rasos, mas ainda havia a possibilidade de ampliação. Em relação ao segundo, temos uma finalização aberta. Não que isso me incomode, até prefiro que seja assim. Contudo, a autora poderia ter ido além, dar um norte melhor trabalhado para o leitor seguir com a sua imaginação.
Se a construção do livro é muito boa, mesmo com os pequenos problemas, a diagramação consegue ser ainda mais perfeita. A capa é maravilhosa e reflete diversos elementos inseridos e debatidos na obra; a sobreposição de imagens ficou harmônica e bela. A diagramação interna dá outro show: com diversas páginas pretas, letras grandes, espaçamento confortável, foto dos personagens reais e dos lugares onde a obra se transcorre, a leitura fica muito mais completa. Além disso, a revisão está excelente.
“– Cala a boca, Max! Queres ser preso e condenado à fogueira? Buscar a vida eterna com restos de bichos mortos! Quem esse Dippel pensa que é? Deus? Isso é coisa de herege. Não voltarás a trabalhar com ele” (p. 112).
Com base nas características apresentadas, só resta-me indicar a presente obra. Se você procura outra visão sobre esse enredo que atravessa gerações, esse livro foi feito para você. Tenho certeza que irá se surpreender.

Outras Fotos:




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