Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: Zen Socialismo

$
0
0
Título:Zen Socialismo
Autora: Cynara Menezes
Editora: Geração Editorial
ISBN: 9788581303369
Ano: 2015
Páginas: 240
Compre: Aqui

Sinopse:

Zen Socialismo, de Cynara Menezes, reúne o que de melhor esta jornalista que prega a necessidade de uma nova esquerda no país escreveu em sua peregrinação ao mesmo tempo lúcida, denunciadora e bem-humorada pelos problemas, paranoias, fobias, absurdos ideológicos, retrocessos e baixezas da direita brasileira (e de seus adeptos mal informados) pelas redes sociais brasileiras. Reunidos em blocos temáticos como Socialismo, Brasil, Camaradas, Mundo, Maconha, Jornalismo, Vida, Sexualidade e Entrevistas, os posts são uma leitura em que o prazer do texto se confunde com o prazer de ser bem informado e de se deparar com uma inteligência lúcida que nos diz um pouco do que precisamos saber sobre o socialismo do século XXI sem as cortinas de fumaça da mídia tradicional. É isso, ainda é possível fazer o bom e velho jornalismo.

Resenha:

Zen Socialismooriginou-se do blog Socialista Morenae objetiva trazer uma nova visão sobre o socialismo, deixando de lado algumas das ideias clássicas, desconstruindo alguns mitos e inverdades construídos ao longo do tempo, e mostrando como é possível, na sociedade moderna, assumir uma posição de esquerda coerente. É bem provável que alguns já devem estar fazendo uma cara feia. Porém, alerto-os: leia a resenha até o fim; certamente você irá se surpreender. O livro não é difícil e vai bem além do que parece.

Para alcançar o objetivo já mencionado, Cynara Menezes dividiu seu livro em hashtags, sendo elas: #socialismo, #Brasil, #literatura, #camaradas, #mundo, #maconha, #jornalismo, #vida, #sexualidade, #entrevistas. Por questão do bom desenvolvimento do presente texto, não poderei abordar todas, então preferi mencionar as três primeiras, visto que elas permitirão ter uma imagem panorâmica da obra.
Em #socialismo, Cynara demonstra algumas nuances dessa corrente social, política e filosófica. De maneira simples e didática, mostra, na prática, em que consiste ser socialista. Com textos longos, curtos e até com perguntas e respostas, deixa mais clara essa corrente de pensamento. Além disso, desconstrói linhas de raciocínio errôneas, como “em um país socialista, irão tomar meu Iphone” ou “se houver um governo realmente socialista, terei de ser homossexual”. Falando assim, parece até bizarro que certos pensamentos como esses tenham que ser desconstruídos. Porém, basta acessar o Facebook e é possível perceber que muita gente ainda tem esse raciocínio.
“Fica claro para mim que Drummond manifestava desagrado com o que a esquerda se tornara ao longo do tempo. Não se pode acusar a direita de haver queimado o filme da esquerda: a própria esquerda no poder se encarregou de fazer seu marketing negativo” (p. 20).
Em #Brasil, Menezes fala um pouco sobre as estruturas sociais, sobre o complexo do vira-lata e também sobre o politicamente correto. No primeiro caso, há temas como a cota e sua importância e a quebra de alguns “argumentos” usados pelos que são contra essa justiça histórica e social. No segundo caso, a autora aborda, de maneira irônica e divertida, a mudança ideológica de alguns roqueiros; de opositores, curvaram-se ao capitalismo, tornaram-se críticos do Brasil, do seu povo e da sua cultura. Tudo que é estrangeiro é “melhor, mais legal e mais bonito”. No último, mostra que o politicamente correto é mais do que simplesmente ser “agradável”; ser politicamente correto é ser alguém que respeita as diferenças, se mostra aberto ao mundo e à vida.

Em #literatura, vemos toda a beleza da arte, acompanhamos alguns escritores e também vemos a desconstrução de alguns personagens. Aliás, foi a melhor parte, na minha concepção; apesar de essa afirmação ser suspeita ao vir de mim. Dessa divisão, destaco dois elementos: a autora mostrando como a literatura a tornou uma pessoa de esquerda e a desconstrução do personagem Bentinho (amém, alguém mais vê isso). No primeiro caso, Cynara apresenta a poesia de Bertolt Brecht chamada “Perguntas de um operário que lê”, texto altamente crítico que abriu a mente da escritora. No segundo, a autora apresenta outra face de Bentinho, uma que muitos ignoram. Vale a leitura.
O grande ponto positivo da obra é apresentar todos esses temas e muitos outros de uma maneira simples. Zen Socialismo consegue ser fácil e acessível sem ser raso, o que é excelente. Os argumentos são bem construídos, a dinâmica apresentada é interessante e os textos são envolventes, o que é essencial para conseguir tocar mesmo aqueles que não estão acostumados a tratar de temas mais políticos.
“Porque enquanto houver miséria e desigualdade no mundo sempre haverá um socialista para criticar o sistema e sonhar com outro mundo possível, onde todos tenham o que comer, o que vestir e oportunidades verdadeiramente iguais” (p. 44).
Outro aspecto que ajuda demais na leitura é a diagramação. Muito diferente das de livros acadêmicos e políticos, o formato do texto em Zen Socialismoé acolhedor. Não só pelas letras grandes e espaçamento confortável, mas por todo ar leve que a diagramação passa. Não há aquele toque rígido costumeiro dos livros políticos; aqui, os textos poderiam muito bem estar sendo lidos em ambientes mais abertos e acolhedores, como as redes sociais. Novamente, friso que isso é ótimo, visto que permite alcançar um público que não se apega a livros mais tradicionais.

Com tantos assuntos bons e por ter uma abordagem tão acessível, é claro que indico Zen Socialismo. Sem dúvidas, é uma obra excelente para crescer em conhecimento de mundo.
Adendo:como sempre reafirmo em resenhas de livros de cunho histórico-político-social, você não deve ler essa obra como um mero leitor passivo. Seja crítico; concorde, discorde, reflita. Não existem verdades absolutas. Pensar com a sua própria cabeça é sempre mais importante.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532