Título:A Pedido do Embaixador
Autor:Fernando Perdigão
ISBN: 9788501104793
Editora: Record
Ano: 2015
Páginas: 240
Editora: Record
Ano: 2015
Páginas: 240
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Sinopse:
Um caso ordinário do incorrigível detetive Andrade.
O irascível – e enorme – detetive Andrade tem um novo caso pela frente. A pedido de um influente embaixador, ele tem de investigar a morte de Rubens, um belo homem com uma vida amorosa movimentada, pela qual passam homens e mulheres. Com suas controversas técnicas investigativas, Andrade envolve-se nas mais constrangedoras confusões ao lado de sua fiel parceira, a inspetora Lurdes. Nem um pouco politicamente correta, essa dupla de mal-humorados é dona das tiradas mais cômicas da literatura policial. Vítima, suspeitos, colegas de trabalho, ninguém escapa dos comentários ácidos do detetive mais preconceituoso de todos os tempos.
Resenha:
Um crime acontece em um beco, ao lado de uma boate. Um homem, empresário, morre a facadas. Ninguém viu nada, obviamente. Um caso complicado, principalmente porque o homem assassinado é bissexual, o que poderia agravar tudo: facilmente seria um crime de homofobia. Pior, por causa de sua vida sexual bem agitada, o morto possuía uma lista enorme de desafetos.
Um crime que já não era fácil torna-se ainda mais complicado, pois um embaixador, conhecido da vítima, consegue com um secretário governamental, usando toda a sua influência, que o detetive Andrade fique com o caso. O problema é: apesar de ser muito eficiente, Andrade não possui um jeito convencional de solucionar os crimes. Isso, certamente, dará muita dor de cabeça para todos.
Partindo dessa premissa, Fernando Perdigão cria um enredo interessante, apesar de bem simples. Temos o típico detetive incorrigível e sua assistente – apesar de Andrade superar todos os outros detetives no quesito “ser fora das regras” – e um crime que poderia ser passional ou por homofobia. Porém, apesar da premissa ser simples, funciona bem, já que o autor seleciona um número pequeno de suspeitos, mas todos com muitos motivos para cometer o crime, o que causa no leitor a vontade de tentar solucionar o crime.
“– E as ruas, detetive? – insistiu o delegado, impaciente.– Sujas como sempre, delegado.– Estou me referindo à população, Andrade.– Eu também, Otávio.O delegado conteve a ânsia de arrancar aquele cérebro preguiçoso para examinar o que tinha de errado, e buscou uma estratégia de não confrontação” (p. 75).
Além disso, o autor também ganha pontos pela escrita simples e direta. A combinação da escrita boa e ágil e um enredo com suspense e, algumas vezes, engraçado, deixa toda a leitura bem tranquila, sendo possível ler a obra em algumas horas. Ademais, o autor ainda caprichou na ambientação, fazendo que o leitor tenha uma ideia muito boa de como é a Zona Sul do Rio de Janeiro.
A obra também conta com uma crítica social bem interessante, mas que pode ser confundida por alguns como preconceito do autor. Andrade e a sua assistente, a Lurdes são, claramente, a encarnação de tudo qualquer cidadão não deveria ser. Eles abusam dos preconceitos, de todos os gêneros. Quebram a lei em diversos momentos e agridem as pessoas verbalmente sem qualquer motivo. Essa montanha de preconceito que a dupla forma pode e deve ser tomada pelo leitor para avaliar seus próprios preconceitos e atitudes.
Porém, se por um lado, os protagonistas são ótimos para criticar os preconceituosos, eles são péssimos em ganhar o leitor. Afinal, tenho minhas dúvidas se alguém sentirá simpatia por uma dupla que possui preconceito com homossexuais, com negros, com nordestinos, com pobres, com pessoas que possuem uma vida noturna agitada, com mulheres... Por mais que o leitor tente se apegar um pouco, é praticamente impossível que eles gerem simpatia.
“Vingança e ganância, palavras-chave do manual do crime. Despertado pela oportunidade e audácia, os homens sucumbiam à bestialidade, dessas que se viam nos canais de tevê” (p. 151).
Quanto à parte física, a Record fez bem o trabalho que lhe coube. A capa é simples, mas consegue passar bem a ideia da trama. A diagramação segue a linha da capa: simples e eficaz. Temos letras em um bom tamanho e espaçamento confortável, o que gera uma boa leitura. Também não há o que reclamar sobre a revisão.
Desta forma, diante dos aspectos apresentados, concluo que A Pedido do Embaixador consegue alcançar o seu objetivo. Apesar de alguns traços clichês e um protagonista insuportável, devido aos seus mais diversos preconceitos, a parte policial foi bem desenvolvida. Apesar de não ser acima da média, consegue deixar o leitor preso durante toda a trama. Sem dúvidas, indicado para quem gosta de livros policiais mais leves.