Após a primeira postagem sobre a Netflix (aqui) e um sucesso enorme que eu não esperava, voltei com mais um post sobre o que ando desbravando por lá. Porém, dessa vez, esqueçam as séries; falarei sobre filmes.
Um detalhe: esqueçam também os filmes muito famosos, esses vocês já conhecem e não faria sentido eu reforçar algo já batido por aqui. Falarei apenas de filmes nacionais, conhecidos ou não (o cinema nacional precisa demais do nosso apoio), e filmes estrangeiros que não são tão divulgados.
Vamos conferir então o que ando desbravando?
El Cuerpo– Fugindo um pouco do cinema americano, quis conferir algo diferenciado. Acabei parando em uma produção catalã. Não poderia ter feito aposta melhor: dos filmes produzidos nos últimos dez anos, El Cuerpoé um dos melhores que já vi no gênero suspense. A premissa é basicamente a seguinte: uma grande empresária morre; o principal suspeito é o marido, visto que ele era pobre até conhecê-la. Todos suspeitam de um golpe do baú. Porém, a verdade muitas vezes nos surpreende.
Com uma trama que parece ser clichê, o filme te pega desprevenido. Quando você se dá conta, foi enganado completamente. Além do ótimo enredo, o filme ainda conta com boas atuações, o que deixa tudo mais real.
Apenas um detalhe para os fãs de filmes dublados: a Netflix disponibiliza apenas a versão em espanhol. Se você não sabe esse idioma, o jeito é assistir legendado.
Expresso do Amanhã– Acabei chegando a esse filme por ser a adaptação de um HQ que eu adoro: O Perfuraneve. Ademais, o filme também despertou meu interesse por causa do seu diretor que é sul-coreano; afinal, se ele vem de uma cultura diferente da ocidental, certamente os caminhos do filme seriam também diferenciados.
Apesar de ter muitas diferenças da obra original, Expresso do Amanhã convence e é uma ótima aposta. As mudanças se caracterizaram em tornar o filme mais agradável para a plataforma cinematográfica e também na inserção de certos elementos que fazem o filme se tornar mais comercial. Isso pode afastar alguns cinéfilos, porém, entendo a escolha do diretor. Afinal, a adaptação fiel ao HQ não teria um resultado tão surpreendente quanto o da obra escrita, devido às estruturas que são bem diferentes. Sem falar que não seria nada comercial para o grande público.
De uma forma simplificada, a trama é a seguinte: depois de uma sucessão de decisões erradas, o mundo está praticamente destruído e congelado. O que restou da humanidade está dentro de um trem que percorre, sem parar, trilhos ao redor do planeta. Por se tratar de uma distopia, temos problematizações políticas, sociais e até culturais. O filme, claramente, é uma crítica à sociedade altamente hierarquizada como a que encontramos no capitalismo.
Com atuações de medianas para boas, mas com excelente enredo, o filme consegue alcançar seu objetivo com facilidade.
Operações Especiais– Tentando romper com a sombra de Tropa de Elite, como qualquer filme brasileiro do gênero policial, Operações Especiais tem uma trama empolgante e atuações em bom nível. A trama é bem realística: um grupo da polícia civil é designado para uma determinada cidade. Ao começarem a trabalhar de verdade, começam a incomodar os poderosos, sejam eles traficantes ou políticos. Obviamente, haverá um grande confronto físico, intelectual e de poder.
Os dois principais pontos positivos do filme são: trazer a realidade brasileira para a tela do cinema e colocar uma mulher como foco da produção. Em relação ao primeiro, podemos conferir compra de favores, corrupção, utilização ilegal da máquina pública e até mesmo os pequenos crimes que o “cidadão de bem” comete. Em relação ao segundo ponto, colocar uma mulher como policial, com um papel de protagonista, quebra o padrão dos filmes do gênero. Só isso já seria motivo de comemoração; porém, os diretores vão além: a protagonista possui um crescimento sensacional durante o enredo, o que causa o envolvimento de quem está assistindo ao filme. Ademais, Cléo Pires é um espetáculo à parte. Mostrando ser uma excelente atriz, ela dá um show de atuação. É melhor o Capitão Nascimento ficar esperto...
