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Resenha: A Décima Sinfonia

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Título: A Décima Sinfonia
Autor: Joseph Gelinek
Editora: Primavera Editorial
ISBN: 9788561977047
Ano: 2008
Páginas: 422
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Sinopse:

O livro, que combina com maestria ficção e fatos históricos sobre a vida de um dos grandes gênios da música, tem como ponto de partida o envolvimento do musicólogo Daniel Paniagua em um concerto privado, no qual o maestro Roland Thomas interpretará a reconstrução da décima sinfonia de Beethoven. Após o concerto, o protagonista passa a desconfiar que Thomas tenha encontrado de fato a partitura original, embora a existência de tal peça não seja  comprovada.

Resenha:

Se eu fosse definir A Décima Sinfonia em apenas uma palavra, usaria surpreendente. O motivo? Apesar de esperar um bom livro, a obra ainda me pegou desprevenido, principalmente porque o enredo é bem fora do comum, se compararmos com a maior parte dos livros policiais. O quão diferente? Confira abaixo para saber.

Roland Thomas é maestro e musicólogo bastante conhecido, mesmo não sendo um compositor muito célebre. Contudo, ganha os holofotes para si ao anunciar que conseguiu, a partir de rascunhos de Beethoven, reconstruir a primeira parte da Décima Sinfonia. Isso acaba causando um alvoroço entre os músicos e todos querem conferir a reconstrução.


Daniel Paniagua também é musicólogo, além de professor. Quando recebe a notícia da suposta reconstrução da Décima, entra em alvoroço, principalmente porque ele é um pesquisador sobre Beethoven e está terminando de escrever uma obra sobre esse músico. Contudo, ele tem um compromisso na mesma hora do concerto de Tomas, o que o deixa dividido entre priorizar a vida pessoal ou profissional.
“– Acabaram de matar uma pessoa. Você entende a gravidade do assunto? Não foi um acidente, nem um suicídio, é um crime monstruoso cometido com premeditação e crueldade, um assassinato apavorante do qual todo mundo está falando” (p. 75).
Após o concerto, que foi maravilhoso e um verdadeiro sucesso, algo de muito estranho acontece. Thomas, ao invés de se juntar aos demais na festa em sua homenagem, prefere se isolar em seu camarim. Posteriormente, abandona o lugar e diz que voltaria logo, mas some inesperadamente. O que era para ser uma noite de festa torna-se um caso de polícia.

A partir dessa premissa, Joseph Gelinek cria uma trama intrincada, diferente do usual e bem interessante. Intrincada porque os fatos se encaixam perfeitamente, sem deixar qualquer ponta solta, o que deixa a obra muito mais envolvente. Diferente porque os crimes acontecem não por causa de um psicopata, mas por causa da música. Cada fato narrado possui uma relação, maior ou menor, com o universo musical, o tornando tudo mais fascinante. Interessante porque é possível aprender uma série de fatos históricos e informações sobre compositores, já que a trama é baseada na história documentada, apesar do enredo em si ser ficcional.


Além da trama que desperta o interesse, o autor também merece os méritos por criar personagens incríveis. O que mais se destaca é, sem dúvidas, o Daniel, além de ser o mais profundo também. Joseph consegue trabalhar na medida certa o lado psicológico, pessoal e profissional, fazendo com que Daniel se torne totalmente real para o leitor.  Além disso, Beethoven merece uma menção honrosa. Apesar de, inicialmente, não ser um personagem, ele está tão presente em cada página que é possível tê-lo como um personagem consolidado e delineado. Conhecemos seu trabalho, vida amorosa e os problemas enfrentados, principalmente com a surdez.
“– Não se pode ser policial e boa pessoa, já te disse várias vezes” (p. 238).
Contudo, apesar de uma excelente obra, A Décima Sinfonia acaba tropeçando, em alguns momentos, em uma das suas qualidades. Em certas partes do livro, o excesso de informações sobre música, que são essenciais para o desenvolvimento da trama, torna a leitura mais lenta. Isso não tira méritos da obra, mas pode desanimar o leitor que é ávido por ação o tempo todo. Claro, há picos de ação durante o livro, mas também há alguns momentos bem mais cadenciados.

Quanto à parte física, só tenho elogios. A capa está simplesmente maravilhosa e também um tanto enigmática, com o respingar de sangue próximo à partitura. A diagramação é bem simples, mas eficaz e confortável, o que ajuda na leitura. A revisão e tradução também estão excelentes, o que já é padrão da Primavera Editorial.


Assim sendo, resta-me indicar a obra. Se você é fã de livros policiais que fujam do padrão e que possuem tramas intrincadas, certamente você adorará a obra. Se você não costuma desbravar livros desse estilo, abra uma exceção; provavelmente você irá gostar.






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